ZAIRA 12

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Olhei de novo para o Caio, deitado no banco de trás do carro, enquanto eu tentava arranjar uma saída deste lugar sem fim.

O homem que Caio, afirmava ter já despachado já não se encontrava lá, deve ter acabado por fugir com os outros dois.

O meu plano era simples.
Eu iria levá-lo para o hospital mais próximo que aparecer e depois iria ficar lá até saber como ele está. Depois, eu teria que partir.

Para o bem dele.

Vejo uma placa a afirmar que havia uma cidade a 5 km.

Sorri ao pensar que já não faltava muito para chegar.

Já estava a conduzir faz um tempo e para não deixar o sangue derramar mais, peguei na camisa dele e fiz um pequeno curativo para tentar, de certa forma, minimizar o ocorrido.

Antes de vir, tive que ir ao quarto buscar o meu vestido. Há uns poucos de dias que tem sido a minha única roupa.
Para não falar no facto de já precisar de um bom banho.

- Zaira...

Ouço a voz rouca de Caio. Ele havia acordado e a sua mão foi direta à sua barriga.

- Não te mexas Caio, por favor. Estamos quase a chegar.

Olhei para ele através do espelho. Via-se que estava fraco e cheio de dores.

- Zaira não me leves para o hospital...

Ele falava enquanto eu conduzia.

- Como assim? Tens que ir.

- Pára o carro, Zaira...

Ele tenta se levantar, para me tentar parar de alguma maneira, mas não consegue, caindo de novo no banco de trás.

- Desculpa Caio, mas eu tenho que te levar.

Ele precisa de cuidados médicos. Não posso, simplesmente, ignorar o facto de ele ter levado um tiro e estar cheio de dores, não posso.

- Zaira, o teu pai ... Ele não pode descobrir que estou contigo aqui.

A sua voz saía como suspiros. Via-se que estava com bastante dificuldade em articular as palavras.

- Não te preocupes, eu protejo-te.

Ao passar uma rotunda, vejo o que eu mais queria ver. Acabávamos mesmo de chegar ao Hospital.

Estaciono o carro na frente e com algum custo, retiro o Caio de lá. Logo, médicos e enfermeiros vieram ao nosso encontro, perguntando o que se havia passado.

E, em poucos segundos, Caio já não se encontrava mais em meus braços.

- O que aconteceu?

Um médico, de estatura alta, pergunta-me ao ver o seu estado.

- Por favor, cuidem dele.

Não consegui dizer nada do que se tinha passado, ainda estava em choque depois de tudo. Uma lágrima escorregou pela minha cara. Eu nunca tinha visto alguém levar um tiro à minha frente. O meu pai apenas me alertava e treinava, mas nunca chegou à prática. Nem eu queria chegar a isso.

Caio estava agora deitado numa maca e o seu olhar estava pousado em mim. Ia ser levado para a sala operatória o mais rápido possível.

Seguro a sua mão antes dele partir e acaricio a sua face.

- Eu estou aqui.

Digo quando os enfermeiros começaram a afastá-lo de mim.

Eu não ia deixar que o meu pai o matasse. Eu perdoo-o por me ter raptado daquela forma, sei que ele teve as suas razões e que por mais que eu queira negar... Eu sinto algo por ele.

Algo que nunca senti pelo Dimitri. Não tem comparação, o Caio é tão poderoso, mas ao mesmo tempo sabe defender as pessoas que ama. Enquanto que, o Dimitri é cada um por si e sempre assim.

É como se não pensasse em mais ninguém a não ser ele.

- Boa tarde, foi você que veio com aquele rapaz?

Uma senhora veio até mim, pondo a sua mão no meu ombro, como se me quisesse tranquilizar.

- Sim. Ele está bem?

- Ainda é muito cedo para o dizer menina. Ele ainda está no bloco operatório, mas eu precisava que você me dissesse quem ele é, ou o que você é dele.

Não sabia que dizer. Não poderia dar o seu nome verdadeiro, se o desse o meu pai encontrava-o em poucos minutos.

- Adams Brooklyn, e eu sou a namorada.

Ela assentiu. Acabei por me lembrar do nome que ele havia dito quando nos conhecemos.

- Faça favor de me acompanhar então.

Ela levou-me até uma sala, com um aspeto acolhedor. Só se encontravam lá 3 pessoas, ambas com caras preocupadas.

- Logo que o seu namorado saia da cirurgia, nós vamos ter consigo, entretanto, espere aqui nesta sala.

- Okay, obrigada.

Sento-me num dos bancos de cabedal preto, encostando a cabeça na parede.

Quem diria que pudesse sentir-me tão vulnerável, a ponto de querer entrar para dentro da zona restrita dos médicos e poder segurar a sua mão, sei que vão fazer perguntas sobre o que se passou.
Mas vou tentar que ninguém descubra a verdadeira razão de o Caio ter levado aquele tiro. Porque senão, isso pode vir a levar o meu pai a fazer uma loucura.

Continua

Olá meninas/os, espero que o romance esteja a agradar-vos.
Comentem aí em baixo a vossa opinião por favor.
Adoro-vos.
Bjinhos.

In(quebrável) - Máfia e Vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora