CAIO & ZAIRA 25

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Caio

Era bom sentir o vento a bater no meu rosto enquanto conduzia.
Podia, finalmente, acabar aquilo que comecei, mas agora com o propósito de acabar com o Roger e ficar com a sua filha.

Pois, eu gosto dela.

Como nunca pensei gostar.

Sei que a Harriete ficou a pensar no facto de eu arriscar a minha vida por algo do qual ela nem imagina, que lhe custou a engolir aquilo que eu disse de amar a Zaira e que eliminei a hipótese de algum dia voltarmos a estar juntos.

Eu e a Harriete, tivemos um pequeno romance e não posso negar, ela ensinou-me o que era amar alguém pela primeira vez.
Mas, todas essas coisas boas acabaram quando ela se foi embora. Quando ela desapareceu e simplesmente evaporou, como se não houvesse existido.

Passava noites a pensar se algum dia ela ia calhar na minha vida de novo, se iríamos ter uma nova chance.

E esse dia chegou, mas já foi tarde de mais.

Não depois de eu ter conhecido a Zaira. Sinto falta dela, necessito de ouvir a sua voz novamente. É como se o meu corpo pedisse por ela a cada segundo que passa e isso torna-me fraco.

Não há como negar, nem evitar. É como se ela se tivesse tornado um vício do qual eu não consigo escapar.

O meu melhor vício.

Agora só faltava uma coisa para tudo ser perfeito.

Ela tinha de ser minha.

Sem Theo, Roger, nem outros para atrapalhar. Era um caminho longo para percorrer até aí, vinganças que precisavam de ser feitas e memórias profundas juntas com elas. Mas eu não ia desistir.

Já fazia algum tempo desde que estou a conduzir e podia sentir umas picadelas vindas na zona da minha ferida, mas ignorei. Não podia parar agora.

Olhei ao meu redor e para a estrada. Não havia sinal de Theo ou de algum veículo estranho, parecia que algo não estava a bater certo e eu não estava a perceber o quê.

Zaira

Os dias nesta casa pareciam cada vez mais longos. Não via hora de acabar com toda esta farsa e poder fugir daqui para fora.

Nesta confusão toda, sei que Dimitri é o que está mais a sofrer.

Consigo ver isso através do seu rosto, do seu olhar.

Mas eu não podia fazer nada acerca disso. Ele sabia que o nosso casamento era apenas uma maneira para eu conseguir que Caio ficasse em segurança e para o meu pai desistir de o encontrar ou procurar por tudo que é sítio.

Tenho passado a maior parte do meu tempo no meu quarto, fico a encarar as paredes diante de mim e imagino ser levada para um cenário totalmente diferente, como um deserto onde posso ser totalmente livre, onde ninguém iria ver aquilo que faço nem mandar naquilo que quero ou não fazer.

Dimitri está sempre a vir ver como estou ou se preciso de algo.

Penso que se não fosse ele, eu estava mesmo "sozinha" nesta casa.

O meu pai já soube do nosso casamento e como toda a gente já sabia, adiantou para o mais rápido possível. Esta casa está estranha desde que Caio me levou.

É como se o meu pai estivesse a esconder algo que se havia passado na minha ausência. Algo que mudou por completo todo o seu comportamento.

- Zaira, posso entrar?

Ouço a voz de Dimitri e sorrio. Ele era sempre a primeira pessoa que via ao acordar, acho que ele fazia questão disso.

- Entra. Acho que hoje adormeci.

Digo, reparando nas horas.

Ele chega-se perto de mim, encarando os meus olhos. Dimitri estava receoso com alguma coisa, soube logo que vinha com notícias para me dar.

- O teu pai já marcou a data.

A data de casamento?

- Já?

Digo, desviando o olhar para os meus lençóis. Não acredito que já há um dia marcado para eu me casar. Foi tudo tão rápido.

- Sim, Zaira. Eu entendo que não tenhas ficado muito feliz com a notícia...

Dimitri diz e o meu coração gela. Não podia ser má ao ponto de o fazer sofrer desta maneira, mas a verdade é que ele também já me magoou tanto.

- Anda cá.

Puxo-o para mim, abraçando-o.

Apesar de tudo Dimitri, eras meu amigo e isso eu não me ia esquecer.

- Eu prometo que eu vou conseguir que o teu pai pague por tudo Zaira.

Sorri com o seu comentário. Ambos sabíamos que era impossível derrotar o meu pai.

Ele é inquebrável.

- Enquanto isso não acontece temos de continuar o plano, para ninguém se magoar ainda mais.

Respondo-lhe.

- Isto magoa-me de outra maneira Zaira.

Ele aproxima o seu rosto do meu, mas eu desvio. Sei ao que ele se estava a referir.

Dimitri pegou na minha mão e colou-a no seu peito.

- Sentes?- Ele diz, fixando os seus olhos escuros nos meus- Fico sempre assim quando estou à tua beira.

Não Zaira, tu não podes fazer isto.

Tu e o Dimitri já não são o que eram e não vão ser mais.

Eu amo o Caio.

- Dimitri... Eu já te expliquei... Nós- Ele corta-me a meio da frase começando a falar por cima de mim.

- Zaira eu sei. Mas eu não consigo deixar de sentir isto todas as vezes que te aproximas de mim, ou eu de ti.

O ambiente estava carregado naquele quarto. Tinha o Dimitri bastante próximo de mim e os meus afastamentos já não estavam a funcionar como eu queria que funcionassem, era como se o meu corpo estivesse congelado.

- Zaira, por favor, não te afastes mais...

Os seus olhos pretos estavam brilhantes mas não se comparavam aos de Caio. Eram tão diferentes um do outro que nem dava para comparar.

Mas, o homem que eu gostava está a parecer voltar e eu não sei até quando vou continuar fugindo assim destas palavras ou murmúrios dele.

Continua no próximo capítulo
Beijos.

In(quebrável) - Máfia e Vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora