ZAIRA 30

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ZAIRA

- Vamos embora, Caio. Não faças nada que te possas vir a arrepender no futuro.

Digo, pousando a minha mão no seu ombro. Ele desviou-se, surpreendendo-me.

- Vai-te embora, Zaira. Não quero que fiques para ver o que está prestes a acontecer aqui.

O moreno concentrou o seu olhar em mim, com os seus olhos esverdeados cobertos de lágrimas.

Abri a boca ainda surpresa, ao vê-lo tão incomodado. A tratar-me desta maneira tão fria.

- Como assim? Caio, pensa em mim, por favor.

- Eu preciso de fazer vingança, Zaira. Eu preciso de fazer isto.

Os seus olhos fecharam-se, deixando algumas gotas, de água salgada, escorregarem por todo o seu rosto, enquanto apontava a arma até ao meu pai.

Ele estava parado, como se estivesse à espera que Caio atacasse, para ele se defender.

- Não. Caio, não te posso deixar fazer isso a ti próprio.

Dei um passo em frente, agarrando no seu pulso. Os nossos olhares cruzaram-se e vi a sua fúria desaparecer por completo quando sorrio para ele.

- Fica comigo e esquece tudo. Vamos ser felizes, tal como tu me prometeste.

Peço-lhe com calma, tentando que ele visse as coisas por outro lado. Não é que o meu pai merecesse, mas sabia o quanto Caio iria sofrer caso o chegasse a fazer. Mesmo sabendo que a sua vingança estaria por fim completa se a sua opção fosse, por fim, disparar.

- Eu não consigo viver a saber que perdi a minha oportunidade de fazer justiça. Esperei demasiado tempo para deixar passar por alguém... para deixar passar por alguém como tu, Zaira.

O quê?

- Então estás a querer dizer que preferes que eu veja o meu próprio pai a morrer à minha frente e ainda por cima, morto por tua causa?- Espero uma resposta vinda do moreno à minha frente, mas ele simplesmente ficou calado, analisando tudo e todos presentes. A arma continuava pressionada para Roger, que tinha um sorriso de lado, graças a esta pequena discussão entre mim e Caio- Pensava que estavas preocupado em vir buscar-me, mas afinal era só para isso. Morte não se vinga com morte, Caio. Lembra-te disso.

Dou uns passos para trás, virando costas para todos.

Eu estava no meio de uma guerra, que não era mim.

Havia chegado a hora de eu saír daqui, mesmo se o Caio preferisse ficar e destruir a sua vida por completo.

Olhei uma última vez para todos, cobertos com rostos sangrentos, armas na mão e um olhar de ódio presente em cada um. Eu não podia ficar e assistir a tudo isso. Nem mesmo, Dimitri deveria ficar aqui.

Isto é entre Roger, meu pai, mais Caio. O amor que julguei ser verdadeiro.

- Zaira, não vás...

Ouvi ainda a voz de Caio, mas como haveria de permanecer aqui? Como haveria de conseguir sair agora daqui?

Tudo estava bastante confuso para mim.

- Agora sim, Jones. Finalmente, vou poder acabar com você.

O meu pai também acabou por falar, há medida que eu ia fugindo de tudo aquilo.

Sim, eu fugi.

Chorei. Eu chorei com medo de perder Caio naquela luta e até por o meu pai, que apesar de tudo é sangue do meu sangue.

Continuei a andar sem rumo pelos corredores. O Caio havia feito a sua escolha no momentos em que falou aquilo, tal como o meu pai também havia feito a sua.

E por coincidência, nenhum deles se lembrou de pensar em mim antes de decidir.

Estava magoada, desiludida comigo mesma por ter ido embora e receosa do que poderia acontecer. Ligar para a polícia não iria ajudar, visto que de certeza que ela está já metida com o meu pai, por isso o destino ficou traçado.

Mesmo que isso custe demasiado a aceitar.

Roger Bernardi e Caio Jones precisavam deste confronto. Mas, esqueceram-se de mim, da rapariga que acabou por ficar no meio de tudo isto, desde o primeiro dia.

Desde que Caio me levou para aquela casa que tudo mudou.

Tudo exceto, o seu pensamento de vingança. Capaz de falar mais alto do que o amor que sente por mim.

Continua.
Beijos lindas/os.

In(quebrável) - Máfia e Vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora