ZAIRA & CAIO 16

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Já estava quase a escurecer. Podia ver o céu rosado e com detalhes laranjas, bem por cima do meu nariz.

Ouço alguém bater à porta e abrir a mesma.

- Como prometido, trouxe-te o jantar.

Ele senta-se à minha beira, acompanhado de um tabuleiro com alguma comida.

- Obrigada Dimitri.

Fiquei o dia inteiro a olhar para o teto. Só me vinha à cabeça imagens do Caio no hospital. Eu não sabia se ele já tinha acordado ou se tinha tido alta, não sabia nada dele, o que me estava a matar por dentro.

Dimitri aproxima-se de mim e senta-se do meu lado com um sorriso no rosto.

- Zaira, eu encontrei uma coisa. Precisei de a trazer para te mostrar.

Vejo ele mexer no bolso e retirar uma chave dourada dele.

- Porque me estás a mostrar uma chave?

Ele sorriu.

- Isto é a chave do teu quarto, não é o que eu te ia mostrar, mas quero que fiques com ela.

- A chave? Mas como arranjaste a cópia da chave?

- Não te preocupes com isso, eu quero que tu saias daqui Zaira, eu descobri coisas muito graves.

Conseguia ver que o assunto de que ele se estava a referir era bastante sério.

- Conta-me o que descobriste, por favor.

Peguei na sua mão e apertei-a forte.

- Zaira... - ele fixa o seu olhar de mim, aquela sua feição de preocupação estava a deixar-me bastante receosa- Aquele túnel, o que nós estávamos há pouco, é usado para carregar a droga até a tua casa, sem ninguém descobrir nada. O teu pai fazia as entregas e era ali que no fim as ia receber.

- Em nossa casa?

Dimitri assentiu que sim com a cabeça. Agora fazia sentido o porquê de existir aquele caminho subterrâneo.

- Eu preciso que vás, há muitas mais coisas por detrás desta, muita gente anda atrás dele por ele ter matado quase todos os traficantes da zona.

- Eu não posso abandoná-lo, apesar de tudo ele é meu pai, Dimitri...

Ele desvia o seu olhar de mim.

- Zaira, eu não estaria a dizer isto se não tivesse a certeza. Tu vales mais que o teu pai, eles preferem te magoar a ti, pois sabem o quanto um pai sofre por perder uma filha.

Lágrimas começam a se formar nos meus olhos, escorregando de seguida por o meu rosto.

- Dimitri, eu vou, mas vem comigo. Não te quero deixar aqui, tu ajudaste-me muito.

Ele abanou a cabeça, negando.

- Não posso. Tenho que ficar aqui.

- Mas porquê?

Ele acaricia o meu rosto.

- Zaira, eu tenho que te provar que não sou um covarde e que não sou um homem mau. Estou farto de ser assim.

- Dimitri eu já perdoei tudo, nós somos amigos, não te posso deixar aqui.

Ele abraça-me forte, no fim dá-me um beijo na testa.

- Vai Zaira.

Ele sai deixando-me sozinha. Reparo que ele havia deixado a chave em cima da cama. Eu estava livre e podia ir atrás do Caio, provar ao meu pai que eu sou uma mulher independente e que não quero seguir os exemplos dele. Que não se pode magoar as pessoas e sair sempre bem e que apesar de me custar deixá-lo aqui, eu tenho que o fazer por todas as pessoas que sofreram injustamente.

Prendo o cabelo e pego na chave, abrindo a porta.

Vejo que o corredor se encontrava vazio e que a única maneira de sair por esta casa sem ser apanhada, era por o túnel.

Caio

Acordo e vejo que ainda estava tudo na mesma. Ainda estava deitado nesta cama e sem vontade para me levantar de lá.

- Já acordou?

Uma senhora vem até mim e passa uns panos de água quente na minha testa.

- Eu preciso de ir embora daqui...

Ela riu enquanto ajeitava os meus lençóis.

- Isso é impossível, ainda está muito frágil. Poderia arrebentar os pontos.

Bufei.

- Eu preciso de saber de uma pessoa. Não viu uma rapariga morena por aqui?

Ela parou para pensar por uns tempos.

- Acho que sim, a sua namorada. Ela esteve cá mas nunca mais a vi, ela estava tão preocupada consigo, não saíu da sua beira uma única vez enquanto esteve a dormir.

Sorri ao ver que ela tinha estado cá. Mas porque desapareceu de repente?

- Não sabe de mais nada?

- Não menino, desculpe.

Assenti, virando-me com cuidado para o lado.

- Mas agora que você fala nisso, eu acho que a vi com um homem.

Ao ouvir isto o meu coração dispara de preocupação.

- Um homem?

A senhora parou o que estava a fazer e veio à minha beira.

- Sim, agora já me lembro, ele levou-a e desde aí que não apareceu mais no hospital. Mas, eu não devia dizer estas coisas já que não tenho nada haver com isso.

Será que foi o pai dela que a levou? Ou até o rapaz que estava com ela quando eu a raptei?

Uma onda de calor invadiu todo o meu corpo. Eu precisava de saber dela, que raiva.
Estava preso a esta casa sem a poder ir buscar, ou salvar.

Continua

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