Já estava quase a escurecer. Podia ver o céu rosado e com detalhes laranjas, bem por cima do meu nariz.
Ouço alguém bater à porta e abrir a mesma.
- Como prometido, trouxe-te o jantar.
Ele senta-se à minha beira, acompanhado de um tabuleiro com alguma comida.
- Obrigada Dimitri.
Fiquei o dia inteiro a olhar para o teto. Só me vinha à cabeça imagens do Caio no hospital. Eu não sabia se ele já tinha acordado ou se tinha tido alta, não sabia nada dele, o que me estava a matar por dentro.
Dimitri aproxima-se de mim e senta-se do meu lado com um sorriso no rosto.
- Zaira, eu encontrei uma coisa. Precisei de a trazer para te mostrar.
Vejo ele mexer no bolso e retirar uma chave dourada dele.
- Porque me estás a mostrar uma chave?
Ele sorriu.
- Isto é a chave do teu quarto, não é o que eu te ia mostrar, mas quero que fiques com ela.
- A chave? Mas como arranjaste a cópia da chave?
- Não te preocupes com isso, eu quero que tu saias daqui Zaira, eu descobri coisas muito graves.
Conseguia ver que o assunto de que ele se estava a referir era bastante sério.
- Conta-me o que descobriste, por favor.
Peguei na sua mão e apertei-a forte.
- Zaira... - ele fixa o seu olhar de mim, aquela sua feição de preocupação estava a deixar-me bastante receosa- Aquele túnel, o que nós estávamos há pouco, é usado para carregar a droga até a tua casa, sem ninguém descobrir nada. O teu pai fazia as entregas e era ali que no fim as ia receber.
- Em nossa casa?
Dimitri assentiu que sim com a cabeça. Agora fazia sentido o porquê de existir aquele caminho subterrâneo.
- Eu preciso que vás, há muitas mais coisas por detrás desta, muita gente anda atrás dele por ele ter matado quase todos os traficantes da zona.
- Eu não posso abandoná-lo, apesar de tudo ele é meu pai, Dimitri...
Ele desvia o seu olhar de mim.
- Zaira, eu não estaria a dizer isto se não tivesse a certeza. Tu vales mais que o teu pai, eles preferem te magoar a ti, pois sabem o quanto um pai sofre por perder uma filha.
Lágrimas começam a se formar nos meus olhos, escorregando de seguida por o meu rosto.
- Dimitri, eu vou, mas vem comigo. Não te quero deixar aqui, tu ajudaste-me muito.
Ele abanou a cabeça, negando.
- Não posso. Tenho que ficar aqui.
- Mas porquê?
Ele acaricia o meu rosto.
- Zaira, eu tenho que te provar que não sou um covarde e que não sou um homem mau. Estou farto de ser assim.
- Dimitri eu já perdoei tudo, nós somos amigos, não te posso deixar aqui.
Ele abraça-me forte, no fim dá-me um beijo na testa.
- Vai Zaira.
Ele sai deixando-me sozinha. Reparo que ele havia deixado a chave em cima da cama. Eu estava livre e podia ir atrás do Caio, provar ao meu pai que eu sou uma mulher independente e que não quero seguir os exemplos dele. Que não se pode magoar as pessoas e sair sempre bem e que apesar de me custar deixá-lo aqui, eu tenho que o fazer por todas as pessoas que sofreram injustamente.
Prendo o cabelo e pego na chave, abrindo a porta.
Vejo que o corredor se encontrava vazio e que a única maneira de sair por esta casa sem ser apanhada, era por o túnel.
Caio
Acordo e vejo que ainda estava tudo na mesma. Ainda estava deitado nesta cama e sem vontade para me levantar de lá.
- Já acordou?
Uma senhora vem até mim e passa uns panos de água quente na minha testa.
- Eu preciso de ir embora daqui...
Ela riu enquanto ajeitava os meus lençóis.
- Isso é impossível, ainda está muito frágil. Poderia arrebentar os pontos.
Bufei.
- Eu preciso de saber de uma pessoa. Não viu uma rapariga morena por aqui?
Ela parou para pensar por uns tempos.
- Acho que sim, a sua namorada. Ela esteve cá mas nunca mais a vi, ela estava tão preocupada consigo, não saíu da sua beira uma única vez enquanto esteve a dormir.
Sorri ao ver que ela tinha estado cá. Mas porque desapareceu de repente?
- Não sabe de mais nada?
- Não menino, desculpe.
Assenti, virando-me com cuidado para o lado.
- Mas agora que você fala nisso, eu acho que a vi com um homem.
Ao ouvir isto o meu coração dispara de preocupação.
- Um homem?
A senhora parou o que estava a fazer e veio à minha beira.
- Sim, agora já me lembro, ele levou-a e desde aí que não apareceu mais no hospital. Mas, eu não devia dizer estas coisas já que não tenho nada haver com isso.
Será que foi o pai dela que a levou? Ou até o rapaz que estava com ela quando eu a raptei?
Uma onda de calor invadiu todo o meu corpo. Eu precisava de saber dela, que raiva.
Estava preso a esta casa sem a poder ir buscar, ou salvar.Continua
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In(quebrável) - Máfia e Vingança
Roman d'amourLivro único: © All rights reserved ® 2017/2018 Caio Jones decide raptar a filha do seu pior inimigo para finalmente vingar a morte do seu pai. Porém, os dois acabam por ter uma relação amorosa, estragando os seus planos de vingança por completo. ...