- Menina, chegamos ao Hospital.
Alguém bate no meu ombro, o que me fez acordar do que parecia ter sido uma boa sesta. Reparei que ainda estava dentro da carrinha, apoiada no banco, onde havia adormecido.
- Já chegamos?
Olho para o lado avistando a placa do hospital à frente dos meus olhos.
- Sim. Gostei muito de a conhecer e espero que encontre o que procure a partir daqui.
Tive bastante sorte por encontrar este homem. Ele ajudou-me imenso em me trazer aqui.
- Obrigada, para si também.
Sorri, deixando o carro de seguida. Não iria esquecer este homem e por isso decidi que quando tudo estivesse bem, iria procurá-lo e agradecer-lhe toda esta ajuda que para mim foi preciosa.
Ele sorriu-me de volta, um sorriso carinhoso e sem nenhum pingo de maldade há vista. Quem me dera que toda a gente fosse igual e ele.
Humildes. Hoje em dia isso é raro e cada vez são mais os casos em que vemos pessoas que só pensam neles próprios, o que eu odeio profundamente.
Virei costas e encarei o enorme edifício que estava diante dos meus olhos.
Da última vez que cá vim, Caio encontrava-se nos meus braços, à espera de ajuda e de alguém para o socorrer. Agora, sou eu que preciso dele. De o ter de novo comigo.
Entro, vendo logo várias pessoas sentadas à espera para serem atendidas.
Vou à receção e encontro uma senhora loira a preencher uns papéis quaisquer.
- Bom dia, ou boa tarde...
Digo ao olhar para o pequeno relógio que se encontrava em cima do balcão. Ri um pouco envergonhada por não ter dado conta do tempo.
- Boa tarde, posso ajudá-la em algo?
Assenti que sim com a cabeça.
- Gostaria de visitar o meu namorado. Ele está cá hospedado...
Namorado. Namorado.
Não me entra na cabeça que um dia possa ser mesmo verdade.
Afinal, eu não sei se ele iria querer alguém como eu, filha de quem sou.
- Okay, como é que ele se chama?
A senhora sorriu e entregou-me um papel para preencher o meu nome.
- Adams Brooklyn.
Ela olhou para o computador enquanto eu colocava o papel dado no bolso. Não pretendia fazer nada com ele, ninguém podia saber que eu tinha estado cá, principalmente tudo que envolvia "Roger Bernardi".
- É no 2° piso, último quarto à direita, não se esqueça de o horário de visitas depois, desta vez vou deixar passar.
A senhora pisca-me o olho, rindo.
Agradeço e vou a correr até ao elevador.
Não acreditava que após tanto tempo a pensar como ele estava, se estava bem ou mal. Se precisava de mim...
Será que precisava?
Ouço a típica música de elevador soar após entrar. Só conseguia sorrir em frente ao espelho a imaginar ver o seu rosto tão perto do meu, outra vez.
Parecia que tinha de novo uns 15 anos, que era ainda uma adolescente inocente e que tinha a vida toda pela frente para poder amar alguém.
Mas a vida passa rápido, talvez rápido demais.
E o tempo que antes parecia ser muito, começa a esgotar-se aos poucos.
Chego ao 2° piso e fui pelos corredores até chegar às duas últimas salas.
Ouço uma voz feminina e reparo que vem do quarto dele. Ao princípio não percebi o que se estava a passar, mas aí espreitei pela beira da porta e vi.
Vi uma mulher com a sua boca, literalmente colada na sua.
Afinal ele não precisava de mim.
Caio
Sinto a Harriete fazer-me leve festas no meu cabelo. Estava tão fraco que nem consegui contestar nada acerca disso.
- Caio, não me assustes mais assim, eu pensei mesmo que te tinha perdido.
Olho confuso para ela e reparo que o meu corpo estava agora ainda com mais fios colados.
- O que aconteceu comigo?- ela não me responde, o que fez eu ter que repetir a mesma pergunta- o que aconteceu, Harriete?
Ela aproxima-se de mim e sinto o seu cheiro cada vez mais perto de mim.
- Não importa. O que importa é que já estás bem. Eu pensei em tantas coisas... E uma delas era que não iria poder fazer mais isto.
Sinto os seus lábios tocarem nos meus, sem eu mesmo poder dizer nada.
Ouço um barulho vindo da porta que me fez olhar imediatamente para lá. Fico estático ao ver Zaira.
Como é que ela estava aqui?
Os seus olhos estavam diferentes. Avermelhados e... tristes?
Sabia que ela havia visto este beijo. Um erro.
- Zaira!
Grito por o seu nome ao vê-la virar costas para mim.
Harriete olha com cara confusa para mim.
- Eu preciso de me levantar Harriete. Deixa-me ir! Tenho que ir atrás dela!
Ela afirma que não, prendendo-me os braços, quando ia arrancar tudo o que estava ligado a mim.
- Nem penses Caio. Pelos vistos nós temos que falar, e para começar... Quem é esta mulher?
Esta pergunta fez com que todas as memórias viessem à tona de uma só vez.
Fogo.
Eram memórias fortes, digamos que nunca tive momentos em que lhe pude dizer que sentia de verdade, onde tudo estava em redor do seu pai e da minha vingança.
Acho que este afastamento fez com que eu visse bem o que estava " escondido" no meu coração.
E agora, talvez ela pense outras coisas. Que só a usei.
Talvez no princípio, era tudo novo. Era uma mulher linda, presa no quarto ao lado e com um corpo de um deusa, sim eu vou admitir...
Aquilo foi atração pura. Mas, depois houve mais e mais argumentos a favor de eu ficar tão louco por ela.
Não se comparava ao pai, ela ajudou-me quando eu mais precisei, e teve oportunidades para me deixar morrer, afastar-se e nunca mais aparecer.
E aí ela me levou para este hospital para eu ficar bom e não me abandonou. Ela tinha voltado, a Zaira tinha voltado por mim.
∞
Continua
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In(quebrável) - Máfia e Vingança
RomansaLivro único: © All rights reserved ® 2017/2018 Caio Jones decide raptar a filha do seu pior inimigo para finalmente vingar a morte do seu pai. Porém, os dois acabam por ter uma relação amorosa, estragando os seus planos de vingança por completo. ...