CAIO 04

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Estava sentado no sofá velho da sala de estar, quando comecei a ouvir uns barulhos vindos do andar de cima. Tinha certeza que era a Zaira a causadora de tudo isto e lembrei-me que como ela estava presa à cama não conseguia fugir mesmo que tentasse, mas ainda assim decidi ir lá ver para conseguir descansar a mente.

Fui até ela e reparei que esta estava já com os pulsos vermelhos de tanto se tentar soltar das algemas. Zaira, observava cada detalhe meu enquanto eu andava na sua direção. Pelo seu olhar dava para perceber o quanto estava zangada e desesperada por estar presa, tinha certeza que se eu a soltasse ela me mataria em segundos.

- Eu devia saber que algo em ti não batia certo.

Ela falou, com ódio no seu olhar.

- Podes não entender, mas precisava fazer isto para poder ter justiça. Essas pessoas precisam dela, eu preciso dela.

Aproximo-me dela, ajoelhando-me à sua frente.

- O que queres de mim? Ambos sabemos que isto não é só um "assunto de negócios".

Perguntou-me de voz alterada. Segurei o seu queixo, fazendo-a olhar direta para os meus olhos esverdeados.

- Não, não é. Envolve muito mais que isso, o seu pai é responsável por estar aqui agora.

Soltei o seu queixo, sem a magoar, sentando-me numa cadeira perto da cama onde a morena estava presa.

- Eu já lhe disse, os assuntos do meu pai não têm nada haver comigo.

Uma lágrima escorregou pelo seu rosto, sem ela mesma poder secar de seguida.

- Olha morena, eu não quero saber disso, eu só quero fazer justiça. O teu pai, Roger Bernardi matou o meu pai, Oliver Jones... Já ouviste falar nesse nome?

De repente, a sua cara ficou sem expressão. Perguntava-me se ela sabia de algo, alguma coisa acerca dele.

- Tu és o filho do Oliver Jones?

Ela perguntou, tentando-se soltar, novamente. Eu podia dizer que era escusado, que ela só ia complicar o vermelhão graças ao aperto que a corda estava a fazer nos seus pulsos, mas sabia que ela não ia parar de tentar se soltar e fugir daqui para fora.

- Conhecias o meu pai? - Aproximei-me de novo dela e a mesma se desviou um pouco, batendo com as costas na parte de madeira- Não precisas de ter medo de mim. Só quero saber o que sabes sobre ele, por favor, diz-me.

Zaira não apresentava mais nenhuma cara de assustada ou de raiva e eu não estava a perceber o motivo disso.

- Ele... Oliver era um grande amigo de família, o meu pai tratava-o como se ele fosse o seu braço direito... Até que ele morreu.

Ela falava inocentemente. Percebi pelo seu tom que ela não fazia ideia do que se havia passado com o meu pai.

- Sim tens razão era- Digo tirando o meu casaco, atirando-o fortemente para o chão- Eu lembro-me perfeitamente desse dia... O meu pai antes de saír de casa disse-me que ia a uma reunião, igual a muitas outras que ele tinha, mas que nunca dizia sobre o que era até que eu decidi ir atrás dele, queria descobrir o que ele andava a fazer de tão misterioso e sabes o que é que eu vi?

Fixei o meu olhar nos seus olhos azulados e continuei a falar tudo aquilo que esteve durante tanto tempo preso na minha garganta.

- Vi o meu pai a ser morto, a ser levado para outro sítio qualquer, já sem vida... A ser levado por o teu pai.

Eu naquele momento podia ter feito muitas coisas... Mas optei por talvez a mais fácil e aquela que mais me arrependo até hoje, fugir.
Eu fugi de lá sem olhar para trás. Eu acabava de ver algo que nunca havia visto.
Não entendia o porquê daquilo ter acontecido, nem como sabiam para onde ele ia, até eu descobrir.
O meu pai, tal como o pai de Zaira era traficante. Eram os maiores de todo mundo, mas Roger queria liderar, ser o único a ter lucro e para isso... Ele teve que eliminar o seu " braço direito", tal como ela referiu há pouco.

- Eu entendo a tua dor, mas por favor deixa-me ir... Eu faço o meu pai confessar tudo.

Zaira tentava ao todo que eu a deixasse em paz e a libertasse. Mas eu sabia que se eu fizesse isso era como se todo este trabalho não valesse para nada.

- Desculpa, mas ainda não.

Digo apanhando o meu casaco do chão, que estava agora coberto de pó.

- Deixa-me ir, por favor...

- Eu liberto-te assim que toda a gente souber a verdade.

Saio do quarto e deixo-a falar sozinha.

Logo após a morte do meu pai e de eu saber toda a sua história, tornei-me igual a ele.
Começei a receber vária gente interessada no meu produto e montes de dinheiro caíam-me nas mãos... O sentimento era bom, não posso mentir.

Talvez tenha sido isso que me tornou tão frio com as pessoas.

Mas nunca tão frio como Roger.

Continua no próximo capítulo

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Continua no próximo capítulo. Fiquem por aí para não perderem nada do que irá acontecer. Beijos.


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