ZAIRA 15

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Sinto a mão de Dimitri puxar-me mais para junto dele. Não sabia onde ele me queria levar e o porquê de querer infringir as ordens do meu pai, mas quanto mais tarde eu fosse para dentro daquele quarto, mais tarde ia estar trancada à chave, sem nenhum contato com a realidade.

- Tens que ver uma coisa Zaira.

Ele leva-me de novo até aos grandes corredores e para numa porta cinzenta bastante alta e com um aspecto de inquebrável.

- Porque estamos aqui?

Eu sabia que esta porta era somente restrita para o meu pai. Desde pequena que ouço que não podia entrar ali, nem mesmo por curiosidade.

- Eu preciso que entres, eu vou contigo se quiseres.

Ele arranca do bolso uma chave e abre a porta. Eu tinha medo do que fosse encontrar ali.

E se alguém aparecesse?

O meu pai era bem capaz de se passar por estarmos a desrespeitar a sua privacidade.

Mas eu sempre pensei o que ela teria por detrás.

E aí eu vi.

- Que lugar é este?

Olho para os lados, avistando paredes de pedras. Parecia um enorme túnel subterrâneo.

- Este lugar vai dar até lá fora, onde os guardas já não são obrigados a permanecer. Zaira eu preciso que vás, o teu pai, ele fez muitas maldades e eu... Eu ajudei em muitas outras. Não posso deixar que fiques aqui presa.

O olhar de Dimitri era, pela primeira vez, uns dos olhares que reconheci que eram sinceros.

- Eu não vou.

Digo virando-me para ele.

- Mas porquê? Tens a oportunidade de fugires.

- Dimitri, não te vou deixar aqui. Apesar de tudo, tu contínuas a ser um grande amigo meu.

- Amigo...

Ouvi-o suspirar.

- Eu vou ficar e eu preciso que me ajudes.

Digo corajosamente.

Ele segura a minha cintura, abraçando-me.

- Tudo que quiseres.

Viro o meu rosto para encontrar os seus olhos, que estavam agora concentrados nos meus.

- Eu preciso que tentes encontrar provas de todos os crimes do meu pai, vai custar-me fazer-lhe isto, mas as pessoas a quem ele fez sofrer merecem alguma felicidade e justiça.

- Estás te a referir ao homem que te raptou? Que te levou de nós, Zaira?

Dimitri estava sério.

- Sim. Ele fez isso por desespero, por não saber a que mais meios socorrer. Dimitri, há por aí milhares de pessoas a tentar, de alguma forma, acabar com a minha vida ou com a do meu pai.

Ele fica surpreso e agarra de novo a minha mão.

- Zaira, o que aconteceu naquela casa? Ele fez-te mal?

Gostava de dizer o quanto ele, de certa forma me fez bem. Se não fosse ele, ainda hoje eu vivia como se fosse tudo um mundo cor de rosa, onde o meu pai era um pleno santo, por assim dizer.

- Dimitri, eu não posso te responder a isso. Mas, eu preciso que confies em mim e me ajudes.

Ouço um barulho atrás de mim. Pareciam passos, havia alguém a caminhar até nós, sem saber que nos encontrávamos aqui.

- Temos que ir.

Dimitri e eu saímos, rapidamente, dali sem que ninguém nos visse.

Não sabíamos quem era a pessoa que estava por lá a passar, mas suspeitávamos que de certeza não estava lá a fazer boa coisa.

Dimitri abriu a porta do meu quarto e deu um sorriso um pouco desajeitado.

- Custa-me fazer-te isto.

Diz enquanto pega na chave.

- Deixa lá, apenas faz o que o meu pai diz e se conseguires espreitar num dos seus documentos ou encontrar provas, tu vem me informar.

Ele assentiu com a cabeça.

- Desculpa Zaira, por durante todo este tempo ser um completo idiota e olhar mais para mulheres do que ver a que tinha na minha frente.

- Não te lamentes Dimitri. Foi melhor assim.

Eu consigo perdoá-lo, mas mesmo que queira, não consigo esquecer.

- Mais logo, venho para te trazer o jantar.

- Fico à espera.

Digo deitando-me na cama. Havia uma pequena janela no teto, onde podia ver o céu, apesar de só ver um quadradinho dele.

Dimitri fecha a porta e ouço a mesma ser trancada do lado de lá.

Viro o mesmo rosto para o lado e aconchego-me melhor na almofada.

" Eu vou arranjar maneira de te ver, Caio... "

Sussurro. Eu tinha que conseguir saber ao menos como ele estava.

Continua

In(quebrável) - Máfia e Vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora