ZAIRA 21

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Olho para trás. Talvez ainda com esperança que Caio fosse aparecer por estes corredores que nunca parecem ter fim.

Enquanto eu estou aqui, desfeita e a sentir-me uma tremenda idiota, ele deve estar a continuar todos dos beijos que não pudemos dar com aquela médica desconhecida.

- Que raiva - pensei.

Não era justo isto acontecer.

Mais valia esquecer tudo aquilo que aconteceu e voltar para casa, talvez casar com o Dimitri e viver a vida que o meu pai sempre quis para mim, mesmo sabendo de todos os crimes maldosos que ele cometeu ao longo da sua existência.

Vou até ao balcão da entrada e pergunto por um telefone.

A senhora aponta para o canto esquerdo da sala, onde se encontrava um homem a telefonar.

- Obrigada - Respondi, tentando formar um sorriso no rosto.

Vou até lá até o indivíduo loiro acabar a sua chamada e março o número de Dimitri.
Não sabia o porquê de ele não atender, muitos eram os cenários que imaginava na minha cabeça.

A esta hora, o meu pai, já sabe que desapareci e, provavelmente, desconfiou do Dimitri, pois era ele que estava encarregue de mim.

Ofusco todos os meus pensamentos quando ele atende o telefone.

- Zaira, és tu?

Ele pergunta preocupada. Vi que ele estava a sussurrar, será que se havia passado algo?

- Sim, Dimitri, sou eu. Quero ir para casa.

- Zaira, não penses que te trago para aqui outra vez. O teu pai não está bem. Ele quer matar a pessoa que te anda a fazer todas essas " lavagens à cabeça". Está a procurá-lo por todo o lado, não sei mais que fazer para também te proteger.

Miro o chão, não sabia se quer o que falar, apenas que se o meu pai não estivesse mesmo bem, não o queria perto dele pois poderia se magoar.

- Tens que ir embora daí Dimitri.

Ele dá um sorriso irónico.

- Não dá Zaira. O teu pai quer que eu case contigo quer tu queiras quer não, e eu não te quero obrigar. Eu mudei Zaira, acredita.

- Eu sei disso Dimitri e por isso mesmo é que vou voltar. Já nada me prende aqui...

Uma lágrima escorrega por o meu rosto. Queria tanto que isto tivesse corrido de outra forma, que encontrasse o Caio de braços abertos à minha espera e pronto para ficar comigo.

Ia tudo ser tão melhor.

- Zaira, tu não gostas de mim. Eu sei que não.

Dimitri falou com uma voz triste.

- Eu tento. Só não posso deixar que o meu pai magoe mais pessoas por minha causa.

- Vou te buscar.

Ele não respondeu mais nada, desligando o telemóvel na minha cara.

Saio derrotada do edifício. A partir de agora a minha vida ia mudar de novo.

Espero sentada durante bastante tempo na pedra fria da entrada. Podia dizer que já devia se ter passado horas e eu sem qualquer emoção de voltar, nem de ficar aqui até o ouvir.

- Zaira!

O meu corpo pára quando ouço aquela voz. Será que se eu olhasse para trás, ele iria estar lá?

Sinto uma mão pousar no meu ombro e tiro as minhas conclusões quando ele se põe mesmo à minha frente.

Era Caio.

In(quebrável) - Máfia e Vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora