ZAIRA 29

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[Aconselho a lerem o capítulo com a música da multimédia. Desculpem a demora e boa leitura. Beijos]

Os seus olhos verdes estavam mais escuros que nunca. O seu corpo estava coberto de feridas causadas por os homens que agora me seguravam, fortemente, pelos braços.

Eu queria apagar este momento da minha cabeça e fingir que isto não tinha acontecido, mas era impossível.

Caio estava nesta situação por minha causa, porque veio buscar-me, quando sabia que estava em risco de saír daqui sem vida.

E eu não podia deixar que ele se magoasse mais por minha causa. Se lhe acontecesse algo, eu é que iria ter a culpa dos danos. O meu pai acabou com a sua vida.

Com a sua família, com a minha família também... E eu ficava sempre na sombra, sem saber dos crimes que iam acontecendo à minha volta.

Desviei o olhar, quando o meu pai lançou um pontapé em direção à sua barriga. Caio gemeu de dor e o meu mundo caiu aos meus pés.

- Deixa-o em paz.

Dirigi-me ao meu pai, tentando saír do aperto dos homens, que me agarravam com força.

Caio olhou para mim, como se fosse, para me avisar de que deveria me calar, mas eu não o iria fazer. Eu não iria ficar a vê-lo sofrer à minha frente, quando quem deveria estar no lugar dele era o meu pai, devido a todas as maldades que já cometeu para pessoas que não mereciam perder um pai, perder uma mãe... Ou até mesmo acabar se perdendo a si próprio à conta de pessoas que só pensam neles e nos seus interesses.

- Como podes proteger este homem?

O meu pai aproxima-se de mim, encarando por momentos os meus olhos. Engoli em seco, ao observar o seu sorriso irónico no canto dos seus lábios.

Ele pega no meu queixo, puxando-me para ele.

- Este homem, Zaira, ele raptou-te apenas para ter aquilo que merecia. Ele não te quer para nada. Ou, ainda não entendeste isso?

Aquilo atingiu-me mesmo em cheio no coração. Olhei para o rosto de Caio, esperando uma resposta dele, mas ele não falou nada, devido às dores que tinha.

Abanei a cabeça, não querendo acreditar nas coisas idiotas que o meu pai acabara de dizer na minha cara.

- Isso não é verdade. Talvez fosse em tempos, mas agora nós gostamos um do outro, como nunca gostámos de ninguém.

Admito, observando o olhar pesado de Dimitri ao longe. O meu pai desviou-se de novo de mim, ordenando que me largassem.

Os braços dos seus homens largaram o meu corpo e eu fui direta a Caio, que estava completamente cheio de dores.

- Eles não te vão fazer mal, Caio.

O moreno dá um sorriso curto, ao ver-me do seu lado. Caio acaricia a minha face, apontando para trás das suas calças, arqueio as sobrancelhas não entendendo o motivo de ele o fazer.

- E agora, Zaira? Diz lá que não sou bom pai, deixar-te despedir uma última vez desse homem.

A minha boca abre-se de surpresa. Eu sabia que ele nunca ia deixar que eu fosse feliz, mas isto?

Isto, só confirmou o quão maldosa uma pessoa pode ser.

- Tens que passar por cima de mim.

Falo e Dimitri aproxima-se, intervindo.

- Zaira, por favor, não compliques as coisas.

Reviro os olhos, colocando-me à frente de Caio.

- Eu não vou deixar que lhe façam mal.

Caio segurou a minha mão, com força e eu apertei a mesma, afirmando para ele que iria ficar tudo bem.

O meu pai tinha apontado uma arma para mim, com a intenção de que eu me iria desviar para acertar em Caio. Mas, eu nunca poderia fazer isso. Não, quando eu estou completamente apaixonada por Caio.

- Não precisas de te magoar, querida. Tudo pode ser tão simples.

O meu pai aproximava-se, acompanhado na arma na sua mão que cada vez estava mais próxima da minha cabeça.

- O senhor esqueceu-se de uma coisa. Talvez, não foi boa ideia dar à sua filha aulas de defesa.

Digo, fazendo a manobra típica das múltiplas aulas que ele dava para caso calhasse nessa situação. Mal eu sabia, que a teria que fazer contra o meu próprio pai.

Consegui a sua arma e apontei-a para si, que estava deitado no chão, devido ao meu golpe. Os dois homens correram até ele, enquanto eu apontava a arma para eles.

Dimitri olhava especado, sem saber como reagir.

Talvez, tivesse com medo de também ser um alvo.

- Zaira, a minha arma... Está no bolso detrás das calças.

Caio sussurrou baixo, mas consegui ouvir, ajudando-o a retirar a sua arma. Ele parecia fraco, mas mesmo assim levantou-se para tentar ajudar.

Os dois homens retiraram também as suas armas e pareciam não ter medo de disparar contra nós dois.

- Não tenham medo de disparar. Ela já não é mais minha filha.

O meu pai falou e o que restava no meu coração desapareceu.

Pelos vistos, não irei ser para sempre uma Bernardi.

Mas, títulos nunca foram assim muito importantes para mim.

- Não deixo você tocar nela, nem com um dedo.

Caio respondeu, mais firme agora.

- O que acontece se eu ordenar que um dos meus homens dispare agora contra ela?

O meu pai, cada vez, provocava mais e Caio, cada vez, bufava e saía do controlo.

- Eu acabo de uma vez por todas com você.

Roger deu um dos seus sorrisos irónicos, levantando-se do chão. Eu olhei, por momentos, para Dimitri que olhava para nós sem escolher um lado.

- E o que vai fazer em relação ao noivo dela? Vai deixar que ele viva para contar a história, Caio?

O meu pai começou a mexer com o psicológico do Caio, esperando ele agir por loucura e ciúmes. Dimitri olhava para mim, como se pensasse que eu estava a agir mal em ficar contra os meus.

- Caio, não lhe ligues. Vamos embora daqui, por favor.

Peço, segurando a sua mão livre. Ele abanou a cabeça aproximando-se, fazendo com que as nossas mãos se separassem.

- Eu não saio daqui sem poder vingar a morte do meu pai, Zaira.

...

CONTINUA

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