CAPÍTULO 13
Não existe paz
No sossego sem você
Minha alma quer mais
Eu desejo muito te ver
Vem ficar comigo, uh uh
Vem ficar, vem ficar
Não, não seja assim
Não, não se afasta de mim
Vem ficar, vem ficar
Vem ficar comigo
Vem, FragmentosÉ hoje que estou prestes a conhecer os pais de Gabe. Não tenho muita certeza sobre o que estou fazendo e se ele se sente à vontade com isso. A verdade é que eu devia ter declinado do convite, embora meu vizinho tenha dito que fazia questão que eu fosse com ele. Gabe poderia estar apenas sendo legal.
Tento não pensar mais sobre o assunto. Agora, não posso simplesmente arrumar uma desculpa e dizer que não dá mais para ir. Ou posso?
Respiro fundo e procuro meu par de brincos em formato de estrelinha. Olho na caixinha onde deixo a maioria das minhas bijuterias, mas não os acho. Corro meus olhos pelas mesinhas e cômodas para ver se o encontro, porém, tudo indica que eles foram engolidos por uma espécie de buraco negro, pois não estão em lugar algum.
Ouço alguém bater à porta e uma mensagem vibra no meu celular. Não preciso conferir para ver se é Gabe, pois eu já sei que é. Então corro para deixá-lo entrar, mesmo ainda estando descalça e com meus cabelos despenteados.
- Só um minuto - eu digo ao abrir e deixo que ele mesmo feche a porta, enquanto retorno apressada para o quarto. Desisto dos brincos de estrela!
Pego uma escova de cabelo e começo a me pentear, tentando desembaraçar os nós. Calço uma botinha preta e vou até a sala pronta para sairmos.
- Aqui estou! - Sorrio, mas não sou correspondida.
Gabe está sentado, me encarando com um olhar bastante sério. Estou tentando me lembrar de qualquer coisa que tenha dito ou feito, mas é um pouco difícil racionar quando aqueles olhos amendoados parecem ficar ainda mais sensuais quando ele está com essa expressão. Concluo que o motivo seja porque eu tenha demorado demais para me aprontar.
- Eu...
Quando encontro as palavras, ele não me deixa falar. Seus olhos descem para seu colo onde pousa uma revista e, para o meu completo horror, ele começa a lê-la.
- "Não há nada mais irritante do que um vizinho que acha que sabe tocar e não tem o bom senso de saber que seu barulho nada melódico é inconveniente àqueles que têm muito (ou quase nada) de gosto musical, mas ainda conseguem discernir o que é minimamente bom..."
Ok, isso foi pesado.
Fico observando enquanto os lábios dele se movem, sem conseguir acreditar no tremendo azar que eu tive, porque eu nunca imaginei que um dia ele fosse ver essa matéria horrorosa. Pelo visto minha paranoia não era tão sem sentido como eu imaginava.
- Certo, Erin, acho que você já sabe o resto já que a matéria é sua - diz desistindo de continuar a ler o restante.
- Gabe, eu não te conhecia... Eu não sabia que você era meu vizinho! Se eu soubesse... Eu sinto muito! - me desculpo sinceramente arrependida, desejando loucamente uma máquina do tempo que me faça voltar para avisar a antiga Erin a não escrever aquela bobagem que irá estragar seu futuro relacionamento com o vizinho que ela pensa que detesta.
- Não sei se dá para perdoar uma coisa dessas. - Ele entorta os lábios.
Sinto meu coração parar de bater. Não é possível que eu tenha estragado tudo por causa de algo idiota que escrevi quando achava que Gabe era um adolescente egoísta que não se importava com as pessoas que ele podia incomodar com sua música.
- Eu fui precipitada em te julgar, e eu sinto muito... Eu sou tão boba e... Uma... uma...
Paro de pedir desculpas quando noto que Gabe está fazendo esforço para segurar o riso. Os lábios dele estão comprimidos e os olhos carregam um brilho divertido. Que cretino! Gabe está apenas curtindo com a minha cara.
- Filho da mãe! - Corro para cima dele, desferindo socos em seu braço. - Seu... Argh! - solto um grunhido.
Naqueles poucos segundos em que pensei que Gabe me deixaria por tudo que escrevi, percebi que a perspectiva de não tê-lo em minha vida era mais dolorosa do que eu podia ter suposto e constatar aquilo foi assustador, mas também maravilhoso. Eu jamais tinha me apegado tanto assim a alguém. Não que eu fosse uma garota que tivesse medo de ter sentimentos fortes por outra pessoa, apenas ainda não havia acontecido. Pelo menos não até agora.
- É sério que você não está irritado comigo? - Perscruto seu rosto.
Gabe me olha e não apenas seus lábios, mas seus olhos também sorriem.
- Não estou com raiva de você. Entretanto - ele faz uma careta e leva a mão ao coração -, doeu um pouco aquela parte sobre "discernir o que é minimamente bom". Sou tão ruim assim?
Deixo que um gemido agudo escape de minha garganta.
- Não, Gabe, eu... Eu só estava com raiva porque não conseguia me concentrar. Aliás, nunca imaginei que algum dia você fosse ler isso. Por que comprou a revista? - franzo os lábios.
- Eu queria ler alguma coisa escrita por você. - Ele dá de ombros. - Você escreve muito bem. Nasceu para isso.
- Acha mesmo? Seja sincero - peço antes que ele abra a boca.
- Que motivos eu teria para mentir para você? Eu já consegui um beijo seu, garota! - Ele pisca e ganha outro soco no ombro. - Bom, mas, falando sério, você é excelente, Erin. De verdade, você deveria escrever um livro. Seria uma ótima escritora e eu com certeza leria qualquer coisa que você publicasse.
Sorrio com as palavras dele.
- Vou considerar a possibilidade - digo, embora eu não tenha tanta certeza de que realmente fosse ser uma boa escritora.
Meu vizinho olha em meus olhos e toca meu rosto com uma das mãos. Ele se aproxima selando seus lábios nos meus de forma carinhosa, fazendo com que cada parte minha sinta um arrepio de prazer. Abro os olhos mesmo que os dele ainda estejam fechados, pois preciso contemplá-lo. Gabe é o cara mais incrível que já conheci e eu mal consigo acreditar na sorte que tenho de tê-lo em minha vida.
- Vamos - ele sussurra.
- Vamos - concordo, embora tudo que eu queira é continuar ali em seus braços.
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Sem Canção
Художественная прозаSINOPSE PROVISÓRIA Ao contrário da maioria das pessoas, Erin não é grande apreciadora de música. Na verdade, ela prefere o silêncio onde possa ouvir seus próprios pensamentos ao som de instrumentos e canções. Todavia, parte da sua tranquilidade a...