CAPÍTULO 25
Ela fazia muitos planos
Eu só queria estar ali
Sempre ao lado dela
Eu não tinha aonde ir
Mas egoísta que eu sou
Me esqueci de ajudar
A ela como ela me ajudou
E não quis me separar
Ainda é Cedo, Legião UrbanaHoje o jantar será no apartamento da Erin. Aproveito que estou de carro e passo no mercado antes de ir para casa. Compro os ingredientes que ela havia me pedido hoje mais cedo por mensagem. Ao que tudo indica, nós iremos preparar um jantar caprichado.
Quando chego ao prédio, aviso a ela que estou subindo. Logo que me aproximo do apartamento sinto o aroma da sua comida invadir o corredor. O cheiro é bom e faz meu estômago roncar.
A porta está destrancada. Entro e lá está ela, usando um vestido azul, de um pano muito leve e um avental amarrado à sua cintura fina. Penduro o meu terno nas costas da cadeira e tiro minha gravata, enquanto observo Erin que está mecanicamente mexendo alguma coisa no fogão com uma colher de pau e o olhar perdido, roendo a unha de seu dedo mindinho. Assim que se move e me vê, ela dá um salto e eu acabo achando graça do seu susto.
- Oi - eu a cumprimento, caminhando até ela.
Desabotoo os dois primeiros botões da camisa e tiro a corrente para fora. Quando estou próximo o suficiente de Erin, puxo-a para mais perto de mim e cubro seus lábios com os meus. Ela corresponde e em seguida se afasta, voltando à sua tarefa. Há algo em seus modos que me faz pensar que ela está estranha.
- Está tudo bem? - pergunto com uma nota de preocupação.
- Sim. - Ela sorri e até seu sorriso parece diferente de todos os outros os quais ela costuma exibir para mim.
- Você parece um pouco triste.
- Impressão sua. - Ela franze o cenho como se eu tivesse dito alguma bobagem. - Venha provar o molho que fiz! - Erin pega meu braço e me arrasta para perto do fogão. - Acho que ficou muito bom!
Posso estar ficando louco, mas parece que Erin está tentando forçar uma animação que não está sentindo. Não sou capaz de decifrar os sinais que pairam ao nosso redor.
Minha vizinha estende a colher para mim e me faz experimentar o molho. Assim que o líquido denso entra em minha boca não consigo reprimir a careta e franzo o cenho. Tenho certeza de que o gosto disso era para ser salgado.
- Está muito ruim? - ela me pergunta de uma forma tão melancólica que parece que aquele é o projeto da sua vida.
- Não está ruim, só... um tanto doce - tento ser delicado.
- Doce? - ela repete com espanto e também prova um pouco.
Erin saboreia o molho e faz uma careta ainda pior que a minha.
- Você está certo, Gabe, está doce! Como eu sou idiota! - ela se repreende. - Idiota, idiota, idiota! Não consigo nem preparar um jantar decente!
Não gosto de vê-la falar desse jeito de si mesma. Encosto-me a pia, agarro a cintura dela e deposito um beijo na curva de seu pescoço.
- Ei, não precisa ficar assim. A gente pode comer sem ou podemos preparar outro.
Ela não parece satisfeita e, para ser sincero, não entendo muito bem o porquê de tanto drama em torno de um simples molho. Talvez ela esteja naqueles dias, deduzo. Sei que algumas mulheres costumam ficar bastante sensíveis quando estão assim.
- É, você tem razão, estou exagerando. - Ela revira os olhos e se afasta.
Erin vai até a geladeira, se abaixa e tira da gaveta uma quantidade grande de batatas e as deposita na pia.
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Sem Canção
Ficción GeneralSINOPSE PROVISÓRIA Ao contrário da maioria das pessoas, Erin não é grande apreciadora de música. Na verdade, ela prefere o silêncio onde possa ouvir seus próprios pensamentos ao som de instrumentos e canções. Todavia, parte da sua tranquilidade a...