CAPÍTULO 28
Pela última vez
Nossas mãos irão se tocar
E quando for a hora de ir
A despedida não nos fará chorar
Nossos lábios vão se unir
E tudo vai acabar
Quando voltarmos no tempo
De uma linda canção
Seremos só eu e você
Só eu e vocêEu não sabia o quanto era ruim com despedidas antes de hoje. Mas aqui estou eu com minhas melhores amigas no mundo todo, parecendo que vou abrir um buraco na terra e enfiar a cabeça ali como um avestruz.
- Obrigada - agradeço meio sem jeito ao pegar o embrulho de Mia e ler a linda mensagem que ela escreveu no cartão para mim.
Mia está sentada ao meu lado na cama. Ela sorri, coloca uma mão sobre a minha e a outra usa para enxugar uma lágrima no cantinho do olho.
- Espero que goste do presente - ela diz com expectativa.
- Abre logo! - pede Emmeline, impaciente.
Minha amiga permanece sentada no tapete, as pernas cruzadas, um cotovelo apoiado na cama. Não consegue esconder o quanto está curiosa.
- Ok.
Rasgo com cuidado o papel de presente prateado e tiro de lá um livro. A capa é o desenho de uma moça com trajes da época segurando a mão de um marinheiro.
- Persuasão, a história em que a mocinha faz o mocinho se afastar para longe... Que legal, nem parece comigo.
- Ah, minha nossa, que gafe, Erin! Desculpa! - Mia bate com a palma da mão na testa.
- Você não foi persuadida por nenhuma madrinha, Erin - Emmeline aponta, solene. - Então para de tentar se comparar com um romance de Jane Austen. Você é um romance de banca.
- Pois eu gosto muito de romances de banca. - Faço uma careta para Emmeline. - Mia - me dirijo novamente a ela -, eu estava só brincando. Você sabe o quanto eu amo ganhar livros e essa é uma das minhas histórias preferidas da Jane Austen. Obrigada - passo um braço em volta da minha amiga -, irei reler no avião.
- Agora abra o meu. - Emmeline me entrega um embrulho rosa.
Pego o pacote e, pelo formato, imagino que ela também tenha comprado um livro para me dar. Quando abro, no entanto, vejo que não é exatamente o que pensei. Na verdade, o presente parece uma espécie de diário.
- É para você escrever mais músicas como aquela que você me mostrou. Ou poemas. Ou um romance. Ou memórias. Bem - ela me olha com carinho -, é para que você escreva o que sentir.
De repente, meus olhos se enchem de lágrimas. Estou indo embora e não terei mais minhas amigas por perto. Ainda que sempre venhamos a nos comunicar por outros meios, não será a mesma coisa que tê-las aqui ao meu lado.
Tentei evitar esse pensamento ao máximo essa semana que passou, focando apenas nos meus momentos ao lado delas e de Gabriel. Mas, agora, sendo assaltada pela realidade de tudo que estou deixando, sinto meu coração encolher.
- Vamos, meninas - digo antes que fique sentimental demais ou deprimida.
Me levanto e coloco meus presentes em cima da cômoda. Digo que não comprei nada para elas, mas que vou enviar lembranças pelo correio da cidade que será meu novo lar e para o qual sinceramente não estou nem um pouco ansiosa para ir.
*
- Não tem graça jogar com você, Emmeline! - Mia ralha.
Estou rindo tanto que meu estômago chega a doer. Emmeline sempre foi descontrolada com jogos e nos arrasou em todos os brinquedos no parque de diversões do Shopping. Disputar com ela realmente não é legal, mas não consigo conter o riso com a forma como ela e Mia estão discutindo.
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Sem Canção
Ficção GeralSINOPSE PROVISÓRIA Ao contrário da maioria das pessoas, Erin não é grande apreciadora de música. Na verdade, ela prefere o silêncio onde possa ouvir seus próprios pensamentos ao som de instrumentos e canções. Todavia, parte da sua tranquilidade a...