Capítulo 18 - Erin

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CAPÍTULO 18

Há tanta coisa pra saber
Há tanta coisa pra dizer
Será que somos capazes de entender
Que tudo vai além do que se pode ver
Eu sei que confio
Mas eu quero mais de você
Há tanto..., Fragmentos

Deposito as sacolas da padaria em cima da mesa, enquanto Gabe pede licença e se dirige até o banheiro. Depois que ele abriu seu coração, nós ficamos por algum tempo abraçados naquele teatro. Eu disse a ele que não deveria pensar que a culpa era sua por seu irmão ter morrido, porque não era. Tampouco o fato de Daniel gostar de música. Tudo havia sido uma fatalidade que poderia ter acontecido a qualquer um.

Eu entendo bem o que é a dor da perda já que perdi meu pai de um infarto quando eu tinha apenas doze anos. Não disse nada a Gabe sobre isso. Não quero deixá-lo ainda mais para baixo. Quero fazê-lo sorrir. Mas, em tudo isso, ainda há algo que me incomoda. Me sinto um pouco insensível por estar pensando nisso, no entanto, não consigo entender o que aquela mulher estava fazendo em seu apartamento e acho que não ficarei em paz se não souber, ainda que ele tenha me dito que não houve nada entre eles, eu preciso dos detalhes.

Chacoalho a cabeça e tiro os frios da sacola. Gabe havia sido muito atencioso em querer comprar pães e sonhos para nós dois. Aquilo não deveria me surpreender. Meu vizinho é sempre gentil e é por isso que eu quero tudo claro entre nós.

- No que está pensando? - Dou um pulo quando Gabe sussurra em meu ouvido e envolve minha cintura.

- Eu... - mal consigo raciocinar quando meu vizinho encosta os lábios em meu pescoço.

- Você...? - Gabe me vira lentamente para ele.

Mordo o lábio e ele me observa com o olhar curioso. Nunca fui muito boa em esconder meus sentimentos. Imagino que pela minha expressão ele já deva ter notado que há algo errado.

- Pode me perguntar o que quiser - ele me diz. - É sobre Daniel ou minha mãe? Ainda há algo que queria saber?

- Não...

Baixo os meus olhos para o pingente de Gabe e, com uma das mãos, toco o objeto. Aquilo parece mais fácil do que encará-lo nos olhos, sobretudo porque aquela pergunta vai soar realmente ridícula.

- Eu queria saber por que... por que... - solto um riso nervoso. - Por que você precisa de maquiagem?

Claro que eu sei que meu vizinho não usa maquiagem, mas não quero soar como uma ciumenta, embora eu ache que tenha todo o direito de tirar satisfações com ele.

- Ah! - Gabe exclama e parece compreender o que eu realmente quero saber. - Bem, esse é outro segredo que eu preciso te contar. Não ia fazer isso agora, mas é melhor que eu fale de uma vez. - Ele faz uma pausa dramática e aspira o ar como se fosse fazer uma grande revelação. Então diz: - Eu não sou bonito assim naturalmente. Preciso de retoques... Um pó aqui e ali, um brilhozinho nos lábios... Sabe como é.

Pisco os olhos muitas vezes tentando não acertar meu punho direto no nariz dele. Não sei o que me deixa mais irritada se é o fato de Gabe brincar com tanta facilidade ou o fato de ele não me levar a sério.

- Esquece, Gabe - eu digo e me desvencilho dele pela segunda vez naquele dia. - Estou indo para casa.

- Espera, Erin - ele pede, veemente, colocando-se à minha frente para impedir minha passagem. - Desculpa, eu só queria te fazer rir um pouco.

- Não foi engraçado - eu rebato, furiosa.

- Você tem razão. - Ele solta um longo e pesado suspiro. - Nada hoje está sendo engraçado.

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