Capítulo 15 - Erin

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CAPÍTULO 15

Meu coração é seu
Pode me magoar
Não importa, não importa
Porque entre todas as estrelas
Eu escolhi você
Minha Estrela, Fragmentos

A escuridão não dura por muito tempo. Assim que me dou conta, percebo que estou no chão do asfalto, o braço ralado, mas inteira. Gabe também parece estar bem. Na verdade, ele me envolve com um braço de cada lado, meio corpo sobre mim, as mãos apoiadas no chão, o olhar aterrorizado. Ele pergunta insistentemente como estou, se consigo me mover.

- Calma, Gabe. - Me ergo e solto um gemido enquanto tiro o capacete. - Eu estou bem.

Exibo meu melhor sorriso de estou-sendo-sincera, mas ele não parece convencido, embora seja nítido o alívio que sente ao ver que estou consciente e aparentemente não quebrei nada.

Uma garoa fina ainda cai. Estamos no canto direito da pista que, por sorte, não é tão movimentada e é perto da calçada. As poucas pessoas que passam por ali de carro olham para nós com curiosidade, mas não se preocupam em parar para saber como estamos. Insensíveis!

- Vou chamar um Uber. - Gabe tira o celular do bolso da frente. Ao contrário de nós, incrivelmente o aparelho não sofreu nenhum dano.

- Para que, Gabe?

Por algum motivo, não gosto da expressão que Gabe carrega no rosto, um misto de frustração e irritabilidade.

- Para te levar ao hospital.

- Que bobagem, eu estou bem. - Puxo o celular de suas mãos, erguendo-me do chão para convencê-lo de que não estou mentindo. - É sério, Gabe. Nós podemos voltar na sua moto se ela estiver inteira.

Ele também se levanta, então estende a mão para mim e pede bastante sério:

- Me devolve, Erin.

- Para com isso, Gabe! - Levo as mãos para trás das costas, exibindo uma careta de insatisfação. - Você não vai ligar para canto nenhum! A gente vai subir nessa moto e voltar para casa como viemos.

- Mas que merda, Erin! - Gabe reclama visivelmente contrariado. - Como você é teimosa!

Meus olhos se arregalam. Fico magoada com o tom aborrecido que ele usa para falar comigo e acho que não consigo disfarçar, porque de repente a expressão de Gabriel muda. Ele solta o ar com um suspiro pesado e massageia a área entre os olhos.

- Desculpa, Erin, é só que eu não estou com cabeça para te levar pra casa. Você viu o que acabou de acontecer. Não quero que se machuque ainda mais por algum descuido meu.

- Mas a culpa foi minha, Gabe...

- Por favor, Erin - ele praticamente suplica.

Devolvo o celular para ele com um nó na garganta. Entendo que Gabe tenha ficado preocupado, mas agora estou bem e ele não precisa ficar tão angustiado assim. É como se o Gabriel que saiu do meu apartamento hoje fosse um e o que saiu da casa de seus pais fosse outro completamente diferente.

- Vou esperar com você. Tem certeza de que está bem? De que não prefere ir ao hospital? - Ele interrompe meus pensamentos.

Olho para Gabe ainda incapaz de falar, mas assinto com a cabeça. Nossos olhares ficam presos um ao outro e eu tento compreender se há mais ali do que apenas o terror pelo que acabou de acontecer. Gabe move o corpo como se fosse se aproximar, mas parece desistir no mesmo instante e se mantém parado ao meu lado. Ele desvia o olhar para outro ponto da rua enquanto eu permaneço ali, sem conseguir fazer o mesmo.

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