Capítulo 3
Se tudo der errado
Solte seu grito de guerra
Não desista, não desista
Se tudo der errado
Encontre em você
A força que precisa
Só não desista, não desista
Continue, Fragmentos
Alongo os braços e os joelhos antes de começar a correr pelo parque. O lugar onde pratico meu exercício matinal é cercado por um gramado verde raso. Há um pequeno lago perto de onde faço a curva e, mais adiante, equipamentos coloridos de ginastica. Às sete horas da manhã já há uma boa quantidade de pessoas, principalmente idosos, prontos para aquecer os músculos.Depois de fazer o boletim de ocorrência ontem, voltei para casa, e, ainda um pouco assustada com tudo que havia acontecido, me deitei e tentei dormir. Por incrível que pareça, não demorei a cair no sono e hoje de manhã, quando acordei, já me sentia um pouco melhor, embora não totalmente recuperada do susto.
Vesti minha legging preta, coloquei minha blusa branca e uma jaqueta de moletom roxa e decidi que deveria seguir com meu programa habitual. Eu não devia deixar que aquele incidente horrível me parasse. E, enquanto corria, tentei não pensar na noite anterior e sim na matéria que eu precisava entregar, pois sequer havia escrito uma linha.
Trabalho como colunista numa revista destinada ao público feminino chamada Mulher de Hoje. Diferente de outras, a Mulher de Hoje sempre falou sobre vários assuntos não se atendo apenas à moda, beleza ou culinária. Eu estava encarregada de finalizar uma matéria sobre mulheres nos esportes. Bem, na verdade eu estava tentando, mas não havia conseguido desenvolver muita coisa com aquele barulho irritante atravessando minha parede.
Tiro o celular do bolso da jaqueta e confiro as horas. O parque não é longe do prédio e, em cinco minutos, já estou de volta. Como sempre faço pelas manhãs, eu uso as escadas para subir ao invés de usar o elevador.
Quando chego ao meu andar, abro a porta e me encosto ao batente. Me dobro, levando as mãos às coxas, tentando recuperar o fôlego, tendo a certeza de que nunca vou me acostumar de verdade com todos aqueles degraus. Enquanto permaneço de cabeça baixa, noto um par de sapatos pretos parados perto da porta do elevador. Devagar, meus olhos literalmente percorreram dos pés a cabeça a pessoa ali parada e não sou capaz de reprimir o grito surpreso que sai da minha garganta quando descubro a quem eles pertencem.
- Oi - me cumprimenta com sua voz rouca.
Não é possível...
Abro e fecho os lábios sucessivamente como um peixe, sem emitir qualquer som, enquanto aqueles olhos amendoados me encaram com um misto de diversão e mais alguma coisa que eu não consigo identificar.
- Gabriel?
Ao ouvir seu nome sendo pronunciado com tanta surpresa, ele curva os lábios sutilmente revelando um quase sorriso.
- Você está bem? Fiquei preocupado.
- Eu... é... eu... sim - confirmo e me endireito, ainda procurando assimilar que aquele é realmente o músico com o qual eu havia flertado na noite passada e que havia me salvado daquele loiro asqueroso.
- Que bom, Erin. - Não me passa despercebido o fato de ele saber o meu nome, mas estou tão estupefata por encontrá-lo ali, que não consigo questioná-lo a respeito. - Muitas mulheres se omitem, mas você foi muito corajosa em denunciá-lo.
Meneio a cabeça, imaginando que aquilo deve ser algo muito comum e sinto novamente minhas bochechas arderem e um sentimento de indignação me possuir por inteira, porque esse tipo de coisa é algo que nunca deveria acontecer.
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Sem Canção
Ficção GeralSINOPSE PROVISÓRIA Ao contrário da maioria das pessoas, Erin não é grande apreciadora de música. Na verdade, ela prefere o silêncio onde possa ouvir seus próprios pensamentos ao som de instrumentos e canções. Todavia, parte da sua tranquilidade a...