Capítulo 3

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Eu deveria dizer a meu tio sobre o meu triunfo contra as Fadas. Mas isso não aconteceu. Por sorte, ele estava a caminho do Norte para enfrentar os Vampiros. Eu tinha que encontrar uma desculpa que o convencesse a desistir das Fadas. Eu não gostava delas, mas por causa da Mary, eu não as odiava mais.

O dia amanheceu. Antes que o sol clareasse todo o vale, saí em direção a terra das Ninfas, as inimigas mortais dos Elfos. O lago Dourado, como elas chamavam, não era muito grande. Elas viviam na parte sul, enquanto os Elfos na parte mais ao norte. Havia a parte da Floresta Negra que era dividida entre os Elfos Negros e os Vampiros. Diziam que ali viviam outras criaturas estranhas com poderes devastadores. Minha mãe colocou um medo enorme em mim, por isso nunca atravessei as terras dos Elfos por completo.

Por sorte não encontrei nenhuma Ninfa no meu percurso. Aquelas criaturas aladas eram capazes de arrancar meu fígado e jogá-lo aos peixes. Eu olhei com uma pontada de inveja para o belo lago claro e transparente. O grande lago Witch, que dividíamos com as Fadas era mais escuro. Na verdade, dizer que dividíamos um lago com outra criatura exótica chega a ser um insulto. O lago da Fadas, como é exatamente assim que elas o chamam, é separado do lago Witch por uma restinga, que nada mais é do que aquelas terras estreitas que dividem as águas. Há apenas uma passagem estreita onde as águas se misturam.

Para chegar até onde as Ninfas viviam era preciso atravessar o Lago das Fadas, seguir por um caminho em terra firme. Havia uma floresta enorme de espinhos que dividia a terra entre as Bruxas e Elfos. Foi construído por meus avôs nos tempos em que existiam outras criaturas naquela região. Agora ela se estendia até a terra das Fadas.

Para não ser vista, eu tive que atravessar por dentro, desviando das afiadas agulhas envenenadas dos espinheiros. Nem todos os espinhos tinham veneno, apenas os que tinham a ponta vermelha, se arranhasse a pele poderia causar vertigem. Os alérgicos poderiam até morrer. Meu casaco enroscou em um dos espinhos e rasgou.

– Droga! – praguejei.

Assim que atravessei, uma bela paisagem apareceu em minha frente. Com montanhas e árvores combinando com várias plantas que eu nem sei o nome delas, mas de uma flor arroxeada linda que cobriam um vale lá embaixo. Quando seguia pela margem do rio que me levaria até o lago Dourado, eu vi um objeto azul brilhando entre as pedras. Parecia um anel bem trabalhado feito com uma pedra preciosa misteriosa. Era grande e bonita. Ficaria perfeita em meu dedo. Antes de colocá-la, eu passei um pedaço de papel em volta, para o caso da pedra pertencer a alguma Fada. Se fosse de Fada, poderia causar alergia em mim. Tirei a fita que prendia meu cabelo e passei em volta dele antes de enfiar no meu dedo. Apontei para um ponto e para minha surpresa, saiu um raio branco e tão forte que me jogou para trás. Era um anel poderoso.

Mais adiante, eu vi um bastão pequeno da mesma cor, porém feito em madeira. Eu notei que havia um buraco pequeno no anel em que se encaixava o bastão. Pronto, agora o anel parecia uma varinha de Fada. Tentei tirar o bastão do anel, mas ele não saiu, parecia que havia grudado com cola Super-Bonder. Que louco! Qual seria a Fada relaxada que deixou seu instrumento jogado por aí como se fosse um lixo qualquer?

– Parada! – gritou uma voz autoritária atrás de mim, me assustando.

– Quem é você? – perguntei escondendo a varinha mágica atrás de mim.

– Sou um anjo vingador e vou dizimar você por sua transgreção!

Caramba! O que ele estava me dizendo? Sei lá o que significava dizimar, talvez algum pagamento de dízimo atrasado? E transgreção? Deveria haver um limite de palavras para não ter tanta confusão. Agora, aqui para nós, esse "anjo vingador" era meio capenga, apesar de não ser tão feio, ele não fazia o tipo de anjo nenhum, ainda mais vingador. Ele tinha umas asas brancas enormes e era tão branco quanto um leite azedo.

Magda II: o retorno da BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora