Capítulo 11

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Eu estava de volta aos Estados Unidos. Desta vez, eu iria para o oeste. Lembro-me que certa vez eu queria visitar um parente que morava neste lado do país, mas minha tia Karen não deixou. Agora que eu não queira, olha aonde vim parar!

Mas a cidade dos Anjos, como é conhecida Los Angeles, era linda. Porém muito grande para o que vim fazer. Como encontrar uma pessoa em uma cidade deste tamanho? E sem poder perguntar para as pessoas, pois não sabia que disfarce ela estaria usando.

Diferentemente de Vermont, onde tive minha primeira experiência na terra dos Humanos, a Califórnia era muito quente. Imagine uma pessoa nascida e acostumada com temperaturas negativas morar em um lugar destes? Eu diria que era o paraíso infernal, se é que o inferno é tão quente assim.

Eu estava perdida em uma cidade enorme. Como encontraria uma pessoa no meio de tanta gente?

A primeira coisa a se fazer era parecer com uma Humana, ter um nome de Humana. A segunda encontrar um lugar para morar. A terceira, encontrar um emprego. Depois era só focar na missão. Com um pouco de sorte, terminaria aquela busca e retornaria para minha terra sem problemas.

Eu sei que não deveria, mas precisei usar um pouco de magia para conseguir alguma grana, ou não compraria nada. Transformei umas pedras em lindos bibelôs, apelando escandalosamente para o orgulho da cidade. Os turistas que visitassem a cidade iriam, sem dúvida, levar uma lembrançinha. Enfeitei o máximo que pude e os coloquei sobre um papelão transformado em mesa. Minha roupa escura não estava ajudando muito, mas não poderia gastar toda minha energia naquele negócio. A última coisa de que eu precisava era desmaiar em pleno centro. Eu seria descoberta e condenada.

– Que lindo! Quanto custa? – perguntou uma senhora com forte sotaque do Sul dos Estados Unidos.

– Cinco dólares.

– Cinco dólares? – assustou ela com o preço.

– Aproveite a promoção, ontem mesmo estava dez. Todo mundo está comprando, se não aproveitar ficará sem.

– Tudo bem, vou levar um, mas cinco dólares é um absurdo!

Depois daquela senhora, apareceram dois casais, um grupo de turistas jovens latinos. E em pouco tempo eu tive que arriscar minhas energias para transformar mais pedras naqueles objetos.

– Mãe, minha estátua da liberdade está estranha. Ela tem barba e o rosto está meio apagado!

Ih! Começou a aparecer os defeitos.

– Moça, pode trocar para mim? Está estranha.

Eu sabia que dali para frente não poderia manter a mesma qualidade dos produtos. Estava muito faminta e a magia não funcionava conforme eu desejava. Desculpei-me com os fregueses e saí. Em meu bolso já havia uma boa grana.

Joguei meus artefatos em uma cesta de lixo e entrei no restaurante. Devorei duas pizzas grandes e um litro de suco. Ao meu redor eu notei cochicharem sobre meu apetite, se perguntando para onde vai tudo aquilo que eu comi. Evitei um arroto, chamei o garçom, paguei e saí.

Comprei um jornal. Procurei na parte dos classificados por uma casa para alugar e encontrei um apartamento afastado da cidade por um preço mais ou menos do que eu podia pagar.

Agora eu precisava de um emprego para sobreviver, um que me rendesse alguma grana sem que precisasse usar mágica, pois neste país era arriscado. No mesmo classificado, encontrei uma vaga de garçonete em uma lanchonete perto da praia.

Mc'Sands era uma lanchonete pequena, com capacidade para setenta pessoas. A cor vermelha e amarela devia ser uma tentativa bisonha em imitar o Mc'Donald, como se isso fosse aumentar a freguesia. Ele era muito bobo em pensar que a famosa franquia era bem quista assim ao ponto de pensar que as pessoas poderiam ser atraídas pelas cores. Mc'sands era sem dúvida o genérico do Mc'Donald, exceto pela fama.

Magda II: o retorno da BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora