Com a Morgana Evilene longe da terra dos Humanos e presa nas terras Nórdicas, minha missão estava concluída. Agora eu precisava me concentrar na Giovanna para ela passar na faculdade. O trabalho de conclusão de curso estava quase pronto, mais uma semana e tudo estaria resolvido.
– Gina!
Eu virei-me para ver quem estava chamando.
– Emily – não estava acreditando que depois de humilhá-la na frente das minhas amigas ela seria capaz de ainda falar comigo – Está tudo bem?
– Comigo está às mil maravilhas. E você?
– Eu queria pedir desculpas pelo jeito grosseiro que te tratei na frente das minhas amigas. Eu não sou assim, geralmente, essa com certeza não sou eu.
– Eu sei.
Sabe? Do que ela sabe?
– Você sabe? – perguntei.
– Eu sei que você não é assim. Suas amigas te deixam assim, se é que aquelas pessoas podem ser chamadas de amigas.
Suspirei aliviada.
– Eu gosto delas.
– Eu sei. Eu respeito – Emily olhou em volta – Sabe, Gina, hoje é a festa de lançamento do filme "A Devastação", na qual eu sou a protagonista.
– Que legal – respondi, sem entusiasmo.
– Eu gostaria muito que você fosse comigo assistir.
Como dizer a ela que eu não curto muito filmes amadores?
– Ah, Emily, não estou muito a fim de ir ao cinema.
– Não vamos ao cinema. Vamos assistir ao filme antes de ser lançado no cinema, ao lado de atores e atrizes famosas. Vai ter um grande coquetel, é muito divertido. Você vai adorar!
Ela tem tanta certeza!
– Tá bom, mas não deixa a Michelle nem a Ashley ficar sabendo, elas não me perdoariam.
– E quem contará para elas? – ela sorriu, feliz – Passo às oito para te buscar.
– Tudo bem.
Antes de nos separarmos, a Emily aproximou de mim outra vez.
– Antes que eu me esqueça. Esta coisa de filme tirou todo o meu tempo. Você não poderia me ajudar no meu TCC?
Mas é claro que não!
– Não sei, talvez – respondi, já me arrependendo.
– Por favor, eu a recompenso depois. Prometo!
– Tá, mas não posso garantir nada. Estamos muito em cima da data.
– Obrigada, Gina! Adoro você! – ela me abraçou com muita força.
Emily se afastou toda empolgada. Eu fiquei olhando-a irritada comigo mesma por ter aceitado uma coisa daquelas. Eu precisaria fazer escondido, se alguém da turma da Giovanna descobrisse, eu estava perdida.
***
A desastrada da Megnoly caminhava de um jeito esquisito, abraçando os materiais escolares como se fossem ursos de pelúcia. De vez em quando ela ajeitava os óculos de aros grossos, um hábito costumeiro dela. Ela era uma nerd enrustida, se ao menos ela mudasse o estilo... Ei, eu poderia fazer isso por ela! Quem sabe ela não se torna popular como Fern Mayo, transformando-se em Vylette, no filme Um crime entre amigas? Não, há limites para brincadeiras, a vida das pessoas não pode ser tratada como fantoches para nos fazer sentir melhor. As pessoas são o que são por algum motivo. Pelo menos eu acho.
Os fortões idiotas surgiram atrás dela, loucos para aprontarem. Não sei o que se passava pela cabeça deles, mas deveriam estar "mordidos" pelo fracasso das outras tentativas. Estava sendo até divertido brincar com a raiva alheia deles.
Eu os notei tentando puxar o cabelo dela, enquanto o outro tentava derrubar os materiais. Fiz um gesto com os dedos e eles tropeçaram uns com os outros, pagando o maior "mico" na frente de todos do colégio. A galera gargalhou deles, somente a Meg não ria.
– Ei, gatinha! Que coisa louca essa que você faz com os dedos?
Um rapaz alto e bonito, com um sorriso largo nos lábios, aproximou de mim, me agarrando e beijando apaixonadamente. Era o Juan, o amado da Giovanna! Eu não sabia o que fazer. Deveria, obviamente, incorporar o personagem e tratá-lo como meu namorado, mas eu sentia que a estava traindo e isso não era nada bom.
– Juan... isso são modos? Estamos no colégio.
– Faculdade, meu amor, estamos na facul e por aqui é muito normal os casais se beijarem. Há casais que vão muito mais além nos lugares obscuros além daqueles muros, quer ver?
– Não né!
– Ué? Você nunca protestou antes, por que todo este acanhamento agora? Virou religiosa?
– Eu não me sinto confortável. Só isso.
Ele me olhou como se tentasse entender. Homens, sempre meio lerdos. Achei que fosse se constranger, mas de repente disse:
– Ah, querida. Não precisa ficar assim. Eu te amo, quero que o mundo todo saiba disso – ele me agarrou outra vez.
Naquele momento surgiu a Sarah, a Ashley e a Luize.
– Gio, estamos atrasadas – lembrou a Sarah, me olhando estranha.
– Então vamos nos apressar – respondi, tentando me livrar dos braços carinhosos e pegajosos daquele homem.
– Eita! Vocês estão animados, hein! Não tinham terminado outro dia?– disse a Luize.
– Terminado... nós? – riu sem expressão o Juan – Nós nos amamos, Lu, não precisa invejar.
– Eu hein! Cruz credo! – a Luize fez uma careta e se afastou.
Eu me afastei dos braços pegajosos de Juan.
– Ei, aonde você vai?
– Tenho que ir para a classe, tenho trabalho a entregar. Sabe como é, final de faculdade é muito complicado.
– Então tá. Vou fingir que entendi. Nos vemos depois da aula, então.
***
O filme "A Devastação" foi, sem nenhuma dúvida, o melhor filme de todos que já assisti em toda a minha vida. Um pouco disto talvez seja por eu ter assistido em uma super sala de cinema de ultra alta definição com tecnologia 5D, ou sei lá que "D" seria. Parece que estamos vivendo dentro do filme, uma loucura insana. Além da enorme sala de cinema, com cadeiras dispostas de forma panorâmica, haviam grandes atores e atrizes por todo o lado.
Eu não acreditava no talento da Emily – que eu chamo carinhosamente de Hollywoodzinha, e sei que ela odeia – imaginava ela como uma aspirante, uma atriz de filmes de terceira categoria, porém, ela me surpreendeu. Digo, ela é realmente uma superstar do cinema, em algum lugar deste mundo deve haver alguém implorando por um autógrafo dela, porque aqui ninguém liga para isto. Ela subiu no meu conceito e passei a olhá-la de forma diferente.
– Emily, meus parabéns! Sinto-me honrada em ser amiga de uma pessoa com um talento desses. A Chloë Moretz que se cuide, hein!
– A Chloë é minha amiga, nunca vou superar o talento dela. Quer conhecê-la pessoalmente um dia desses?
– Adoraria.
– Um dia eu a apresento, mas vou logo adiantando, ela já tem namorado.
– O que disse?... eu não sou... Emily!
Ela gargalhava, deixando-me no vácuo e foi "engolida" pelo atores do filme, comemorando do jeito deles a grande façanha. A festa após o lançamento oficial do filme foi enorme, com comes e bebes à vontade, repórteres por todo lado tirando fotografia de tudo. E muita dança, parecia que os atores disputavam para ver quem dançava melhor. Era um dia para nunca ser esquecido.
A Emily também se tornou uma pessoa especial para mim.
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Magda II: o retorno da Bruxa
Teen FictionMagda retornou para sua terra natal e agora terá que enfrentar novos inimigos. Ela não poderá confiar em ninguém, pois qualquer um pode ser seu inimigo.