– Droga, está parecendo piada! – eu olhei para os lados sem conseguir ver – Eu, uma Bruxa, filha de uma Bruxa, com medo do escuro! Onde será que eu estou?
Pela primeira vez na minha vida eu tinha que admitir: a Fada estava certa. Quando uma Bruxa iria acreditar em uma Fada?
Mas a Mary estava com a razão quando me alertou sobre meu tio querer acabar comigo. Bom, agora ele conseguiu. Eu confiei tanto nele, ele era um homem gentil, me dava presentes sempre, brincava comigo... e, de repente, na primeira oportunidade mandou-me para o inferno literalmente.
De súbito, uma tromba d'água caiu sobre mim. Assustei-me. Mas, como mágica, tudo se clareou.
– Ei! Quem acendeu a luz? – reclamei.
– Quem é você, filhote de Cruz-credo?
Ele me ofendeu, fiquei realmente magoada. Só então percebi que estava em um brejo escuro, com várias árvores altas e meus olhos estiveram enlameados, por isso não enxergava nada. Que horror!
Mais acima, haviam criaturas estranhas, um deles com uma espécie de balde na mão.
– Eu perguntei quem é você? – gritou o baixinho com orelhas enormes e pontudas, nariz muito grande e cabelos crescidos.
– Eu sou Magda. Onde estou?
– Está na nossa terra. De que etnia você é? Das ninfas? Dos Humanos?
– Eu acho que ela é uma Humana, Gordon.
– Não, eu não sou Humana.
– Então o que é?
– Uma Bruxa.
– Uma bruxa?
A gargalhada foi geral. Não entendi o motivo daquelas criaturas esquisitas acharem engraçado uma Bruxa.
– Qual é a graça?
– Você não pode ser uma Bruxa. Elas foram totalmente extintas na década passada. Não restou nem as cinzas dela.
– Restou sim. Olha eu aqui.
– Então prove que é uma Bruxa. Lance sobre nós um feitiço, vai!
Eu me posicionei. Não sabia quem eram aquelas criaturinhas desaforadas, mas teriam uma surpresa por rirem de mim. Os transformaria em animais roedores. Crispei os dedos e lancei um raio contra eles. Nada saiu. Tentei de novo e... nada!
Droga! O que estava acontecendo?
– Ha, ha, ha, ha, ha... idiota! Ela não tem poder nenhum! Que Humana mais imbecil!
– Ela é uma otária...
Otária? Otaria não! Eu iria me vingar daquelas pestes. Ninguém me chama de otária!
Porém, eles estavam longe, caminhando sem preocupação nenhuma. E eu não conseguia sair do lugar. Eu vi um cipó e segurei-me nele. Assim que os alcancei, chamei a atenção deles.
– Ei! Baixinhos idiotas! Vou mostrar para vocês quem é a Bruxa aqui.
Mirei neles e mandei um raio bem forte. Mas nada saiu das minhas mãos. Eles riram de se estrebuchar no chão. Eu não entendia por que ali meus poderes não funcionavam. Será que meu tio retirou-os de mim como minha tia Karen fez um dia?
– Aqui as Bruxas não podem usar seus poderes, garota. – disse o baixinho de orelhas pontudas e roupas verdes – Há um bloqueador impedindo.
– Ela não é uma Bruxa, Voltaire. O bloqueador não existe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Magda II: o retorno da Bruxa
Novela JuvenilMagda retornou para sua terra natal e agora terá que enfrentar novos inimigos. Ela não poderá confiar em ninguém, pois qualquer um pode ser seu inimigo.