Estava escurecendo quando notei o quanto estava cansada. Deitei-me em uma árvore grande e dormi como uma criança. Não demorou muito para que as aves noturnas viessem perturbar com seus cantos sombrios. Abri os olhos, irritada, com vontade de bater na primeira que eu visse. Mas, me assustei com o tamanho da ave. Era uma coruja tão grande que poderia ser confundida com uma avestruz de tamanho médio. Ela olhava para mim com aqueles olhos enormes, parecendo que iria me engolir viva através deles.
– Que saco! Estou tentando descansar um pouco e essa corujona com estes olhos arregalados me atrapalhando! Pode, por favor, procurar outro ninho? – reclamei e fechei os olhos.
– Não, não posso. Este é meu lugar e você é a intrusa – disse a coruja.
O quê? Uma coruja que fala? Ergui de um pulo e observei o animal falante.
A enorme coruja se transformou em uma pessoa estranha. Meu susto foi maior ainda ao notar em quem a coruja foi se transformar: a temida feiticeira Morgana Evilena!
– Quem é você? – eu sabia quem era, mas perguntei apenas para confirmar.
– Quem sou eu? Quem é você! – disse ela, com uma irritação na voz.
– Eu sei quem eu sou e você quem é? – eu tentava ganhar tempo, para pensar melhor em uma fuga rápida, afinal, ela era uma feiticeira, a pior das Bruxas.
– Pare de brincar comigo, não gosto deste tipo de brincadeiras. Eu posso transformá-la em um animal horrendo.
– Certo, não precisa se irritar. Eu sou Magda... hã... McFord.
– McFord?
– Sim. Não se preocupe, já estou de saída.
– Não, espere um pouco aí mesmo! Eu conheço os McFord's.
– Sério?
– É incrível.
– Desculpe não entendi, o que é incrível?
– Um McFord me expulsou da minha casa, destruiu a minha vida e me jogou neste inferno imundo. Eu prometi que assim que visse um McFord eu acabaria com ele e, de repente, me aparece uma McFord de bandeja bem na minha frente! Estou realmente com muita sorte. O dia não poderia ser mais maravilhoso!
– O prazer também foi meu, mas eu preciso ir. Estou muito atrasada para um compromisso.
– Não! Você não vai a lugar algum, McFord – havia algo mórbido na voz da Morgana que me arrepiou – Temos uma dívida a acertar.
– Eu estou sem grana agora. – eu enfiei as mãos nos bolsos inexistentes do meu vestido, como prova de que eu não tinha realmente nenhum dinheiro – Mas não se preocupe que vou buscar e já volto. Só uma dúvida, aceita cartão?
– Idiota! Ainda faz piada? Eu vou acabar contigo, pestinha insolente. A minha vingança será cruel!
O grito dela foi medonho. Eu estava encurralada. E agora? O que eu poderia fazer? Estava em frente de uma feiticeira, ou pior, da mestra das feiticeiras!
As feiticeiras eram as Bruxas que produziam poções mágicas para o bem ou mal. Antigamente elas produziam remédios para curarem a população, tanto do reino de Witchland quanto de outros povos como o Fairyland, o reino das Fadas. Mas, um dia, uma dessas curandeiras do reino errou na poção e provocou a contaminação de uma comunidade inteira, inclusive a morte de uma criança do reino de um destes povos. Desde então, elas são consideradas macabras e horríveis. Apenas um erro medicinal e elas se transformam de heroínas a vilãs. Desde então, elas mantêm seus costumes longe da civilização, vivendo como clandestinas em várias terras. Eu, como Bruxa, não as condeno. Respeito seus modos de vida. Mas só de ver uma por perto, ainda mais a Morgana, a vontade que se tem é de correr para o mais longe que conseguir.
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Magda II: o retorno da Bruxa
Teen FictionMagda retornou para sua terra natal e agora terá que enfrentar novos inimigos. Ela não poderá confiar em ninguém, pois qualquer um pode ser seu inimigo.