Capítulo 65: Teste de paternidade

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"O tempo passa. Mesmo quando parece impossível. Mesmo quando cada batida dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. Até para mim." (Lua nova)

DOZE DIAS DEPOIS

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DOZE DIAS DEPOIS...

"Você acha que ela vai gostar da estufa?" Abigail pergunta da pia, enquanto ela tenta desgrudar a lasanha da forma, eu busco concentração para terminar de ler um dos meus livros de economia que comprei. É incrível como aprendemos a buscar distrações para preencher o vácuo que fica, ou seja, quando não estamos apreensivos no hospital aguardando por notícias.

"Claro querida." Apenas confirmo dando um mexidinha no meu chá e ela sorri, voltando a se concentrar no que estava fazendo.

No início foi bem difícil aceitarmos que nossa presença lá não mudava muito as coisas, na verdade, era desnecessária, depois que os dias foram se passando e o cansaço se instalando, resolvemos abrir mão da vigilância em cima de Alice, mas é claro que nem todos, Caio ainda continua lá, esperando cada segundo, encarando aquelas paredes brancas e fazendo suas refeições por lá mesmo, sua mãe passa a maior parte do tempo com ele, fazendo alguns serviços da empresa e os dois dormem e fazem as demais necessidades em uma pensão ao lado, apesar das reclamações que tivemos vindo da direção, o Léon soube dar um jeitinho.

É claro que daria.

Não tem sido fácil conciliar o horário de visita entre as pessoas, principalmente entre Abigail e Caio, esses dois são os piores, ambos querem ficar o máximo de tempo possível e sempre há resistência de um dos dois, já tive até que ceder várias vezes meus cinco minutos para acabar a discussão entre eles. Cada um ficou com vinte minutos, mas ainda é pouco, eu sei que é.

Duas coisas me preocupam ao ponto de tirar meu sono:

A primeira é que apesar dos médicos relatarem melhoras no quadro clínico de Alice, tudo é muito confuso e ela permanece estagnada desde o dia em que entrou. Ela continua respondendo positivamente ao sons, parece reconhecer a voz dos seus familiares, mas o que nos perturba é saber se ela entende o que lhe dizemos. O médico afirmou que é provável que ela compreenda algumas coisas. Porém, também explicou que muitas das drogas usadas na sedação tem efeito amnésico, que esta amnésia torna tudo mais suportável para o paciente e diminui o risco de que ele venha adquirir traumas psicológicos após a alta. Deixou claro que não devemos alimentar esperanças de que ela vá se lembrar de algo que falamos, apesar de ter ouvido, as chances de se lembrar é quase zero. E eu nem sei se seria bom que ela se lembrasse de algo.

A segunda é a menos complicada, mas não menos estressante, eu já perdi as contas de quantas vezes levantei no meio da noite para encarar o teste de paternidade, simplesmente não tive coragem de abri-lo depois que o médico me entregou, talvez seja paranoia, mas achei ele muito sorridente quando fez isso.

Namoro de Mentirinha [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora