Capítulo 26: Chá de sumiço

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A chuva dança lá fora como só ela sabe, pessoas correndo para se protegerem dos pingos que caem sem parar

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A chuva dança lá fora como só ela sabe, pessoas correndo para se protegerem dos pingos que caem sem parar. Uma ventania sacode as árvores violentamente, é incrível a forma como a natureza se comporta as vezes, tão feroz e magnífica. Eu me sinto exatamente assim, lutando contra tempestades que estão se tornando cada vez mais incombatíveis.

Olho para o chocolate quente em meu copo, dou uma boa golada e permaneço admirando as acrobacias que o vento continua fazendo no estacionamento do Kauf Cafeteria. Aqui também servem um ótimo chocolate quente, os donos são brasileiros e desde que abriram essa cafeteria adquiriram uma boa quantidade de fregueses.

“A terra engoliu aquele idiota.” Minha melhor amiga faz aquele drama que só ela sabe, eu me pergunto se ela realmente está começando a gostar do Felipe. Acho pouco provável, ele parece mais um novo brinquedinho que ela arranjou e quando perde o controle da situação fica totalmente histérica, no fundo eu acho que seu mau humor seja por conta do telefonema que espera ansiosamente, ela meteu na cabeça que precisa agradecer pessoalmente o trocador de pneu. Como se ela já não tivesse feito isso.

Eu bloqueei minha mente para não ficar pensando demais nas coisas, sempre faço isso e quase acabo enlouquecendo. Esse é meu problema, eu penso demais em tudo. Não sei por quanto tempo vou conseguir me manter na zona de segurança, minha vontade mesmo é de ir dirigindo até parque das nações e apontar o dedo na cara daquele babaca, falar o monte e depois meter a mão na cara dele. Seria capaz até de chutar aquelas bolas.

“Planeta terra chamando Alice.” Lurdes me olha com aquela cara de quem vai aprontar.

“Desculpa eu estava distraída.” Bebo mais um pouquinho do meu chocolate e tento me concentrar na tagarelice de Lurdes.

“Vamos sair hoje para dançar Alice. É disso que precisamos. Mostrar para aqueles idiotas que podemos muito bem ficar sem eles.”

Olho em volta da cafeteria, todos parecem absorto em suas próprias conversas, e não tentando xeretar a vida melodramática de duas adolescentes.

“Lurdinha vai com calma mas eu não acho nada prudente encher a cara, só para tentar mostrar que estou bem. Hoje é quarta e amanhã temos aula. Não vou cometer estupidez por causa de seu ninguém.” Não estou com ânimo para encarar pistas de danças lotadas e o aviso da minha mãe foi bem direto, ela ainda tem uma conversa pendente comigo, passei o dia me esquivando dela e só pela forma que me olha sei exatamente que ela viu a maldita revista. Eu estou sozinha nisso, Caio deu no pé e vou ter que tentar limpar minha barra com minha mãe, não sei como mas vou ter que reconquistar sua confiança.”

“Só foi uma ideia. Você está bem? De verdade não tocou mais no nome do seu namorado. Estou ficando preocupada.” Tudo bem que a preocupação dela é justificável, só que não preciso ficar me lembrando dele todo instante, o segredo é não pensar nele. Quando fazemos uma dieta e passamos o dia pensando em bolos de chocolates e outras gostosuras a queda é certeira, estou exercitando a mesma coisa. "Nada de pensar nele" Meu subconsciente me lembra, ou acabarei surtando. E o pior, mendigando pelo prato apetitoso que é aquele bastardo. Um grande manjar, mas nada saudável para minha mente e coração.

Namoro de Mentirinha [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora