Capítulo 27: Não bata na minha janela

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O trânsito em Coimbra está caótico, minha mãe ainda fez questão de me arrastar para a Universidade de Coimbra e começar com aquele discurso de que todos — menos eu, se formaram naquela faculdade

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O trânsito em Coimbra está caótico, minha mãe ainda fez questão de me arrastar para a Universidade de Coimbra e começar com aquele discurso de que todos — menos eu, se formaram naquela faculdade. Tudo bem que ela é uma das melhores do mundo, eu nem sei em qual posição, e nem me interessa. Só não sou como os demais nerds do meu colégio, passam anos estudando em Lisboa e depois se mudam para Coimbra e se formam. É tudo muito repetitivo e monótono, com certeza não é pra mim.

“Só vamos comprar mais algumas coisinhas, já volto.” Minha mãe desce do carro pela quinta vez juntamente com Pati, a secretária idolatrada do meu pai, as duas entram na Lojas Celeiro, e certamente não voltarão até carregarem todos os produtos biológicos e outros trecos de alimentar passarinhos, é tanto grão que eu me sinto como se fosse um quando os como.

Olho para o relógio e vejo que ainda são dez da manhã, certamente Alice está na aula e não me parece decente ligar pra ela agora, talvez eu faça uma surpresa na parte da tarde, o que me preocupa é aquela mala sem alça da mãe dela, tomara que ela não venha tirar onda com minha cara, não tolero chatices nem da minha própria mãe.

Depois de minutos intermináveis estamos prontos para partir...

Ontem quando cheguei aqui em Coimbra minha mãe me deu aquele sermão, eu não tiro sua razão, não só meu hálito mas como toda minha roupa fedia a álcool. Ela achou mais seguro passarmos a noite no hotel para eu me recuperar da bebedeira e ainda me obrigou ir no médico fazer um curativo nos punhos, estou me sentindo um cuzão com os pulsos e as mãos enfaixadas, a bandagem elástica cobre da região dos dedos até a altura do cotovelo, eu falei para o babaca do médico que estava exagerando, mentindo ele que seguiu até a direção do cotovelo para dar mais estabilidade e promover uma recuperação mais rápida, falei no mesmo instante que ia tirar, mas claro que minha mãe não deixou. Ela não acreditou muito na conversa do assalto, também não me interessa, o que faço é da minha conta.

Seguimos viagem em paz e quase não me aguento de saudade, sei que Alice vai me dar uma bronca daquelas, só que eu sei como acalmá-la, a reação dela é sempre previsível, já me acostumei com a foda-pós-briga. Estou muito nervoso, não sei qual vai ser a reação dela quando ver o que comprei para nós dois. Eu só preciso mostrar que sei agir como uma pessoa normal, eu sei que consigo, não tenho experiências para comprovar, pelo menos não tive outra crise, e Sandra nunca significou nada para mim e eu tinha meus motivos para infernizar a vida daquela garota. Eu posso mudar e agir como um babaca civilizado. Não consigo tirar da minha cabeça o conselho que meu pai me deu, lógico que nunca vou admitir que sou um capacho ou qualquer outra coisa do gênero, é contra a masculinidade de qualquer um.

Visto meu jeans azul rasgado que deixa ela babando juntamente com uma camisa preta golo polo, calço meu All Star e coloco o presentinho no bolso direito da minha calça. Estou nervoso, não sei como ela vai reagir quando eu lhe der o presente. Decido telefonar para ela quando eu chegar no posto, assim eu ganho tempo pra pensar no que vou falar, ou melhor, me explicar.

Namoro de Mentirinha [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora