"Viver é um risco que risca a vida
Que você não arrisca"
(Marcela Taís)Rebecca
— Muito bem! Agora dê um jeté – salto com as pernas esticadas — Perfeito! — Minha professora exclama enquanto eu permaneço extremamente ofegante, com as mãos dispostas na cintura.
— Rebecca, você tem se saído muito bem em todos os movimentos... Soa algo perfeitamente profissional e você tem um grande futuro mesmo que você não tenha começado o ballet tão cedo — profere enquanto se assenta ao chão para retirar as sapatilhas. — Haverá um concurso de ballet e tem como brinde uma vaga no School of american Ballet na cidade de Nova Iorque. Lá você irá aprender tão bem quanto aqui e ainda poderá participar de vários shows de teatro internacionais e eventos; e ser muito prestigiada; seu talento é incrível! — Conclui, a professora Dinah.
— Obrigada pelo carisma professora. Aceitarei seu conselho — respondo.
Não sei o porquê, mas sinto-me receosa quanto a isso. Sempre foi o meu sonho estar sendo bem-sucedida em minha área, porém, sinto que Caleb não participará de todo o meu percurso. Também assento-me no chão da sala, desfaço o laço da sapatilha, olho para mim, através do espelho que há próximo a barra, e suspiro fundo. Assim que termino de tirar as sapatilhas, vou até onde estão as minhas coisas e abro a bolsa para pegar o meu celular. Quando o ligo, vejo duas notificações de chamada de Caleb. Quase sempre ele me telefona quando estou ocupada e isso me faz rir. E, antes que ele fique preocupado, envio uma mensagem de texto avisando que não será necessário ele vir buscar-me, pois chegarei tarde já que irei visitar uma amiga minha.
(...)
Yasmim
De tanto sentir-me entediada por ficar com as minhas nádegas fincadas na cadeira à maior parte do tempo, visto que não tenho tido tantos afazeres no trabalho hoje, decido ligar para minha mãe e saber como ela se encontra, pois, desde que descobrimos que ela possuía câncer as coisas ficaram bastantes complicadas. Sempre faço um esforço extra na criação de novos quadros para conseguir pagar seu plano de saúde em dia e ainda ter economias para quitar contas básicas da nossa casa. Ela também se esforça bastante, mas, para viver, e isso me estimula a continuar a todo o vapor. Quero vê-la bem.
— Alô, mãe? Como a senhora está? Passas bem?
— Sim, minha filha! E seu trabalho?
— Está tudo ótimo, mãe! Ah, não se esqueça que hoje temos a visita de tia Marie, viu? Ela tinha dito-me na semana retrasada que viria para cá e talvez ia passar uns dias em casa.
— Tudo bem, meu anjo. Já jantou? Se cuide!
— Já jantei sim, mãe; pode ficar tranquila! Logo mais estarei em casa; sairei um pouco mais cedo do trabalho, hoje. Beijos. Te amo.
— Eu também, minha filha.
Encerro a chamada e debruço-me na cadeira, suspirando. Realmente preciso ir para casa a fim de receber minha tão amada tia e irmã de minha mãe. Uma das poucas pessoas da família que aparece para nos visitar aqui em Seattle. A maioria sempre está preocupada em alimentar a avareza do que em ter empatia e se lembrar de que existem outros membros da família que necessitam de atenção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
COMO O OUTONO, COMO A PRIMAVERA
RomanceYasmim Lahanna é uma mulher batalhadora, apaixonada pela arte, mestra na computação, mas nunca viveu um amor de verdade até que, numa tarde de outono, conheceu Caleb, um gastrônomo e chef de cozinha bastante respeitado pelos que o circundam e dedica...