"Quando é que você vai começar a me enxergar
Até onde o meu amor vai poder te alimentar
Você é a minha ausência a razão do meu querer
Você é tudo que sinto e não sei explicar"
(Catedral)— Yasmim! — Ouço Dai me gritar e logo desperto do meu breve cochilo.
— Quê? Ai meu Deus! — Levanto do sofá, alvoçorada, visto que cochilei mais do que devia. Tento passar a mão no rosto para desviar-me da face meio inchada e depois sigo a pegar as coisas que iria levar para o hospital, e corro o máximo que eu posso em direção ao portão.
— Oi, Dai! Estou chegando! — digo, abrindo o portão.
— O que houve com você? Estou há quase meia hora chamando. — Esboça um semblante indignado e bate nas próprias pernas em sinal de nervosismo.
— Peguei no sono. — Esboço uma faceta.
— Sério? Vamos, porque eu ainda vou passar na galeria — diz, adentrando o carro.
— Está bem, está bem. — Abro a porta e me assento no banco do carona.
— Ajeita esses cabelos para não espantar ninguém — diz, olhando-me por escanteio.
— Ah... — retruco, tentando passar os fios por entre os dedos com o objetivo de arrumar meu cabelo.
— Vou ligar o som um pouquinho para descontrair. Só não durma. — Dai me avisa e mexe no som. Eu apenas assinto e me viro para a janela, permanecendo a observar a paisagem.
(...)
— Oi, mãe. Voltei — digo, assim que adentro no quarto onde ela se encontra.
— Oi, meu anjo — diz e sorri ao me ver, tossindo logo em seguida.
— Vou ficar aqui com a senhora esta noite e amanhã nós iremos para casa, está bem? — respondo, assentando-me numa cadeira próxima dela.
— Certo — assente.
— Diga-me... O que a senhora gostaria de fazer esses dias? — pergunto, tentando descontraí-la.
— Ficar com a minha princesinha — responde.
— Só? — pergunto, arqueando a sobrancelha e conseguinte esboçando uma careta.
— Para que querer mais? Minha filha... Eu sei que estou morrendo. Não precisa fazer nada para que eu me sinta feliz, pois eu já sou feliz. A sua felicidade é a minha felicidade.
— Mãe! — Entristeço-me com as suas palavras.
Ela ri, enquanto eu tenho vontade de chorar. Já perdi meu pai; sei que um dia irei perder minha mãe, só não queria que fosse agora.
(...)
Natan
— Nossa! Hoje foi muito cansativo. — Massageio o braço e encaro minha colega de trabalho.
— Natan, vai para casa! — fala.
— Ah, Flor! Eu já vou mesmo — digo, assentando-me.
— Agora, com o que você se cansou? Tu só fazes prescrever o tipo de alimentação e fazer algumas visitas aos pacientes. Fica aí, sentado, quase o tempo todo.
— Flor! Você sabe que a minha mente também cansa né? — Miro-a novamente.
— Haha! Você é graça — diz.
Decido então me levantar, pegar minhas coisas no armário, guardar meu jaleco e meus papéis e ir para casa; e assim o faço. Despeço-me da minha colega e me retiro do local. Já havia dado o meu horário de saída também.
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COMO O OUTONO, COMO A PRIMAVERA
Roman d'amourYasmim Lahanna é uma mulher batalhadora, apaixonada pela arte, mestra na computação, mas nunca viveu um amor de verdade até que, numa tarde de outono, conheceu Caleb, um gastrônomo e chef de cozinha bastante respeitado pelos que o circundam e dedica...