"...Sua chance é agora, acerte onde errou
Viva os sonhos que o medo te roubou
Não leve consigo o que não te faz bem
O relógio da vida não perdoa ninguém..."
(Kemilly Santos)Rebecca
O tempo se passou abruptamente e aqui estou eu, morando de aluguel numa casa de tamanho mediano, porém mui confortável. Desde que me separei de Caleb, senti-me um pouco só, pois ele era a única pessoa que eu tinha próximo a mim. Eu não pretendo ir para a casa dos meus tios em Nova York, porquanto nunca gostei deles e nem da forma como eles sempre me trataram. Para mim eles sequer existem, contudo não deixam de ser minha família; se ao menos ainda tivesse meus pais, mas tenho que me contentar em estar sem as pessoas que verdadeiramente me amavam. Sigo a minha vida trabalhando no restaurante e com Jason no meu pé praticamente implorando para que eu trabalhe junto a ele assim como aceite a estar com ele, mas a minha decisão é irrevogável, pois eu não o quero na minha vida novamente. Quanto ao ballet, não larguei e continuo a treinar constantemente. Há poucas semanas, consegui me inscrever num recrutamento que haverá na cidade e me apresentarei no mês que vem e, caso eu passe, receberei a chance tão desejada de ir a Paris onde terá um novo concerto. Ainda pensativa, ouço alguém tinir a campainha, e logo me levanto, seguindo até a porta, abrindo-a e deparando-me com a pedra do meu sapato, fazendo-me revirar os olhos.
— O que queres agora, Jason?
— Entrar, primeiramente, é uma boa opção. — Estreito os olhos para ele e dou passagem.
— Não faça esse olhar desgostoso — diz, assentando-se no sofá e tirando os sapatos, ficando somente com a meia nos pés, como se estivesse em sua casa, e eu odeio quando ele age dessa maneira, mas já tornou-se costumeiro a sua vinda e desisti de ficar batendo a porta na cara dele ou deixando a campainha tocar constantemente, afinal já não aguentava mais a sua insistência quase infinita.
— Seu folgado! Só vem tirar a minha paz — digo e ele zomba de mim, gargalhando. — Haja assim mais uma vez e na próxima eu ponho um cachorro bem valente em casa só para te enxotar daqui.
— Você não faria isso.
— Duvida? — Arqueio a sobrancelha. — Espere e veja, querido — digo, com sarcasmo.
— Tudo bem, então. Hoje eu vim te chamar para sair.
— Não estou afim. Hoje é minha folga e eu quero aproveitá-la em casa e sozinha! — vocifero, irritada, nas minhas últimas palavras.
— Pare de birra. Isso não combina com você — Desdenha do que digo. — É sério, Rebecca! Qual foi a última vez que saistes para se divertir, hein? — indaga, porém não respondo, deitando no sofá e fechando meus olhos, buscando ignorar suas palavras, mas logo sou surpreendida com o corpo pesado sobre as minhas pernas que até parece que elas irão adormecer, fazendo-me arregalar os olhos.
— Seu cretino! Saia de cima das minhas pernas! — brado, lançando a almofada em seu rosto.
— Ai! —diz, defendendo-se. — Só saio quando você aceitar.
— Minhas pernas estão doendo seu idiota! — digo, brava, jogando mais uma almofada, baforando em seguida. — Está bem, está bem! — Rendo-me, contragosto, e ele se retira de cima de mim.
— Se não quiser que eu te provoque ainda mais, vá se arrumar. Eu espero.
— Nojento! — Encaro-o, enfurecida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
COMO O OUTONO, COMO A PRIMAVERA
RomansaYasmim Lahanna é uma mulher batalhadora, apaixonada pela arte, mestra na computação, mas nunca viveu um amor de verdade até que, numa tarde de outono, conheceu Caleb, um gastrônomo e chef de cozinha bastante respeitado pelos que o circundam e dedica...