"Eu não sei o que eu quero
Eu não sei o que estou fazendo
Eu não sei o que eu quero
Tudo que eu sei é que estou perdido"
(Hollyn)Rebecca
— Amor! Não precisava disso — retruco, à medida que esperamos o meu nome ser chamado através da ficha.
— Como não? Vamos ver o que o doutor tem a dizer — diz, Caleb, e eu o miro aborrecida.
Eu tenho a noção de que extrapolei e abusei do bom senso ao querer fazer um regime desordenado apenas por conta de alguns quilos a mais que adquiri. O que me incentivou ao ganho de peso foram as situações desfavoráveis que passei enquanto estive fora, e a minha ansiedade foi uma delas.
Porém, quando voltei para Seattle, havia esquecido em que estação do ano estaríamos e acabei por pegar um resfriado. Eu sei que eu ficarei bem, mas a teimosia de Caleb em me trazer a uma clínica para fazer exames é angustiante e faz-me sentir-me como uma criança necessitada de cuidados.No entanto, logo sou desperta de meus devaneios quando ouço meu nome ser convocado a entrar.
Levanto-me calmamente, e suspiro rapidamente antes de entrarmos.
(...)
— Muito bem Rebecca, o que a senhorita está sentindo? — pergunta, o clínico geral, após nos assentarmos.
— Na verdade, queria pedir alguns exames como hemograma completo, por exemplo. — Caleb não me possibilita responder.
— Mas ela tem algum motivo específico, não? — O médico o questiona. Por um momento sinto-me invisível entre eles e isso me deixa incomodada.
— Não tem se alimentado direito por causa de um regime que ela inventou e agora acabou ficando resfriada. Eu chamaria de gripe e não resfriado, mas... — responde, Caleb, e eu somente analiso as expressões de ambos.
— Entendo. Farei o pedido dos exames que julgo necessário e passarei alguns medicamentos para tomá-los, está bem? — diz, olhando-o por cima do óculos. — Venha aqui, senhorita. —Direciona-me a uma maca e, com o estetoscópio, faz algumas análises em mim. Caleb observa tudo de braços cruzados, mantendo o olhar fixo no que ele faz.
— Inspire e expire, devagar — pede, o doutor.
No término, ele retorna à mesa, faz algumas prescrições e eu regresso à poltrona.
— Bom, aqui está. — Passa-nos as receitas. — Depois tragam os exames e veremos como ela está de verdade. Mas acredito que, pelo diagnóstico inicial, é necessário que tenhas uma alimentação rica em ferro e algumas vitaminas a mais, por isso acrescentei este suplemento vitamínico e um remédio que vai ajudar a combater os sintomas da gripe. — Mostra-nos os nomes.
— Obrigado, doutor. — Caleb agradece e nos levantamos.
— De nada — responde, e eu somente aceno com a cabeça para ele que retribui.
Ao saírmos da clínica, Caleb me transporta à residência sem proferir fala alguma; o que me deixa extremamente aborrecida, mas, para mantermos a pacificidade, mantenho-me em silêncio, pois sei que podemos entrar numa discussão, afinal estou com minhas emoções instáveis.
— Você vai ficar bem? — questiona antes que eu feche a porta do carona.
— Sim, bem. Bom trabalho — respondo e, em seguida, ele sai.
Contemplo-o por um minuto, até que não avisto mais o carro. Portanto, volteio e sigo a adentrar os portões, até que escuto o meu nome retinir à minha esquerda.
Giro o meu olhar em 90° graus, contemplando um homem que aparentemente me é familiar, sendo que esse se encontra trajado com uma roupa casual de inverno. Seus olhos azuis logo prendem a minha atenção por um breve espaço de tempo, porém não demoro a retomar a lucidez e, de imediato, ponho-me a questionar quem ele é, no entanto sou interrompida antes de terminar a minha própria indagação.
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COMO O OUTONO, COMO A PRIMAVERA
RomansaYasmim Lahanna é uma mulher batalhadora, apaixonada pela arte, mestra na computação, mas nunca viveu um amor de verdade até que, numa tarde de outono, conheceu Caleb, um gastrônomo e chef de cozinha bastante respeitado pelos que o circundam e dedica...