Capítulo VII

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CAPÍTULO VII
Allyson

Eu já não tinha palavras para descrever o que estava sentindo. O que raios acabara de acontecer? Como eu, de alguma forma, sabia que isso ia acontecer? Por que eu sonhara com o ocorrido? Ou melhor, como aconteceu?
Eu estava perdida, tanto psicologicamente quanto fisicamente. Não sabia onde estava e muito menos para onde ir. Mas até então isso não importava. Decidi dar "um passo de cada vez", ir por partes, uma coisa após a outra.
Brook estava assustada demais para demonstrar qualquer tipo de expressão ou atitude. Estava eu sentada com ela no tronco de uma árvore caída, no meio de uma clareira. Ela se abraçava tentando, além de se aquecer, se acalmar, e eu também tentava fazer isso abraçando-a.
O garoto que eu não conhecia estava inquieto. Ia de um lado para o outro, com os braços cruzados e olhando tudo ao nosso redor. Ele parecia frustrado, e embora eu não seja adivinha, creio que aquela frustração era por minha causa. Inúmeras vezes o grupo seguiu as minhas especulações, que poderiam estar totalmente erradas e acabar levando-nos para a morte certa, em vez de dar ouvidos ao que ele tinha a dizer. Com isso, pude perceber que minha primeira impressão não fora uma das melhores para dele.
Alguns segundos depois, Jackson sai pelo tubo de evacuação, que estava de algum modo, dentro de uma rocha gigante. Ele cai no chão, mas não corro para ver como ele está. Naquele momento, achei que Brook precisava mais de mim do que ele. Apoiei sua cabeça em meu ombro e ficamos todos em silêncio. Pelo menos até Noah sair voando e gritando da saída de evacuação.
- Acho que calibrei a pressão de minha capsula errado. – Ele diz penso com a barra de sua calça presa na alta árvore.
- Percebi. – Jack diz soltando todo o ar dentro de seus pulmões, em sinal de cansaço.
Notei que o garoto, cujo nome não sabia, estava se segurando para não soltar uma gargalhada.
Naquele momento, Jackson poderia ter tomado várias decisões, mas entre sentar no chão e se lamentar ou arrumar um jeito de salvar Noah, ele optou pela segunda escolha.
- Noah, consegue se soltar?
- Não, mas mesmo que pudesse, por que eu faria isso? Eu vou cair com tudo no chão.
- Eu te seguro!
- O que? – Noah se desespera. – Você está louco, Jackson?
- Vamos logo!
- O sabe tudo tem razão. – O garoto desconhecido se pronuncia. – Ambos se machucariam se ele caísse daquela altura.
- Está bem. Sugere algo diferente?
Ele apenas nega com a cabeça.
- Michael pode me tirar daqui.
- Como? – O garoto pergunta.
Então "Michael" era seu nome.
- Você porta Atmocinese, e mesmo estando num "nível" – Ele gesticula com os dedos as aspas. – Épsilon, você pode voar.
- Posso?
- Sim.
- Que ótimo! – Jack se anima. – Então tire-o de lá!
- E por que eu faria isso?
- Como assim?
- E se eu não quiser ajudar?
- Michael! – Jackson o repreende.
- Mas é verdade. Não sou obrigado a nada.
Percebi que os meninos iam começar uma discussão infantil. Aquele não era o lugar e nem a hora para aquilo, mas o tal de Michael insistia em provocar.
- Garotos... – Tomo a palavra enquanto me aproximo deles, deixando Brook sozinha. – Essa não é uma boa hora para agirem como crianças. E Michael, Noah é a melhor opção que temos de guia para algum lugar seguro. Até onde sabemos, estamos literalmente no meio do nada, sem saber para onde ir, sem conhecer o mundo aqui fora e com uma grande chance de sermos mortos por aqueles homens que invadiram o instituto. – Eles me olhavam apreensíveis. – E então? O que vai ser?
Os meninos se encararam por um tempo, e mesmo não gostando da ideia e revirando os olhos para mim, Michael sabia que eu estava certa.
- Está bem. Como faço para sair do chão?
- Teoricamente, - Diz Noah. – Seu organismo já está adaptado a isso, por ser uma habilidade fraca. Apenas... Tente sentir o ar ao seu redor, o peso de seu corpo, ou qualquer outra coisa que o faça ter a sensação de voo.
- Está bem, mas quando eu te soltar você vai despencar em direção ao chão, como garantir que não se machuque?
- Minha ideia de tentar segura-lo ainda está de pé. – Jack opina.
- Não. – Ouço Brook se pronunciar. – Eu posso florescer algumas ervas e flores em determinada região para amortecer a queda dele.
- É uma boa ideia. – Noah concorda com ela.
- Muito bem. – Diz Jack. – Então vamos.
Brook se aproxima da árvore e se ajoelha debaixo de onde Noah estava suspenso. Vejo-a respirar calmamente e acariciar com os dedos a rala grama a sua frente. Logo pude ver a grama crescer. Variedades de flores e ervar se misturavam e formavam um grande travesseiro natural. Ela se levanta e segue para meu lado.
- Pronto. – Seu tom de voz ainda era baixo e preocupante. Ela continuava assustada e cabisbaixa, com os braços juntos a si para tentar sentir-se segura.
Michael fechou os olhos. Não sei no que ele pensou, mas seja lá o que for, funcionou. Seus pés saíram do chão enquanto seu corpo erguia-se cada vez mais. O garoto perdeu o equilíbrio várias vezes até se acostumar, mas por fim conseguiu soltar a barra da calça de Noah do galho da árvore, fazendo-o ir de encontro com o amortecedor de tulipas, ervas variadas e outras espécies de flores.
Por sorte ele acaba acertando em cheio o local e consequentemente não se machucando. Jackson estende a mão para ajudá-lo a se levantar e assim acontece.
Já de pé, todos os olharam, inclusive eu, provavelmente esperando uma explicação para tudo o que aconteceu.
- Está bem, - Ele diz. – Sei que vocês estão com mais perguntas do que o dia que foram iniciados, e eu prometo tentar respondê-las. Só temo que não saiba todas as respostas. Mas antes, vamos sair daqui. Embora estejamos num local camuflado por árvores, ainda somos alvos fáceis.
Todos, pela primeira vez, concordaram unanimemente. Noah guiou-nos então para a infinidade da natureza escura a nossa frente.
Uma das primeiras coisas que percebi quando fui iniciada, é minha curiosidade no quesito de observar as coisas. Olhei em volta para ver melhor o que nos cercava e tudo aparentava ser tanto inofensivo quanto tenebroso. Ao nosso redor erguiam-se árvores de todos os tipos de tamanhos, folhagens e espécies. No chão uma trilha de terra quase impossível de se ver, não pelo fato da pouca iluminação, mas sim por parecer não ter sido usada há anos, pois estava quase que apagada. Aos lados a grama alta nos seguia por aquela imensidão. O som de grilos e corujas pairavam sobre nós e nas poucas brechas entre as polpas das árvores, onde pude ver o céu, as estrelas reluziam como luzes de natal, brilhando e iluminando aquela noite junto com a lua crescente que nascia por entre as nuvens.
Ao olhar para trás, a clareira ficava cada vez menor e a distância ganhava significado. Bem ao fundo, pude notar uma larga e grande montanha. Me pergunto o quão distante do instituto estávamos. As cápsulas de fuga não poderiam ter nos levado para muito longe, sendo assim, aonde ele estava?
Vou adicionar essa pergunta na listinha de dúvidas para tirar com o conselheiro dos meninos.
Era estranho estar do lado de fora. Sei que fui iniciada há aproximadamente dois dias, mas com a perca de memória, parecia que não entrava em contato com um "mundo exterior" a milênios de anos. Aquilo era bom, mas ao mesmo tempo, tendo assassinos psicopatas correndo atrás de nós, era assustador.
O grupo estava silencioso. Noah guiava-nos a frente, logo atrás os meninos conversavam baixo sobre alguma coisa e posteriormente eu e Brook andávamos lado a lado, caladas.
- Como você está? – Resolvi me arriscar.
- Na medida do possível, bem. Apenas um pouco abalada.
- Eu te entendo.
Como resposta eu ganhei apenas um sorriso fraco.
Seguimos Noah por aquela trilha durante um tempo. Por fim, ele sai da trilha e adentra as árvores.
- Aonde estamos indo? – Pergunto curiosa.
- Já se passaram das 1h00min am. Precisamos descansar se quisermos ter algum sucesso amanhã. Existe outra clareira por aqui, menor e mais escondida. É um bom lugar para passarmos a noite.
- Como conhece tanto sobre esse lugar? – Michael pergunta um tanto desconfiado.
- Estamos nas redondezas do instituto. Aquela montanha atrás de nós é onde estávamos.
- Estávamos dentro de uma montanha? – Questiono.
- Sim.
E assim, após poucos minutos, chegamos a tal clareira que ele havia citado.
O local era realmente pequeno. As árvores abriam-se num círculo quase que perfeito revelando um centro apenas coberto de uma grama consideravelmente baixa, em relação ao do resto do caminho até ali.
- Chegamos. – Noah diz por fim com um sorriso no rosto.
Ele caminha para o centro e tira seu jaleco, deixando-o no chão.
- Jackson, Michael, - Ele continua falando enquanto nos aproximamos. – vocês podem procurar qualquer coisa que dê para queimar numa fogueira? Lenha, galhos, folhas secas e derivados. Por favor.
Os garotos assentiram com a cabeça e tiraram as mochilas brancas de suas costas, podo-as no chão. Então entraram por entre as árvores de novo.
- Brook, você pode ajudar pegando pedras para limitar o espaço da fogueira? – Ela concorda. – Procure pelas maiores e mais resistentes.
- Está bem. – Ela deixa sua mochila, se vira e, lentamente, começa a procurar pedras boas para fazer o que Noah havia dito.
- E, Allyson?
- Sim?
- Me ajuda a preparar os sacos de dormir?
- Claro.
- Como você está? – Ele pergunta abrindo sua mochila e pegando seu saco de dormir.
- Bem. – Respondo tirando a minha das costas e fazendo o mesmo.
- Que bom... – Noah me pareceu estar querendo me dizer algo.
Continuei meus afazeres, estendendo meu saco de dormir no chão e arrumando-o.
- Quando estávamos no instituto, - Ele já pegava outra mochila para abri-la. – Jackson acabou tropeçando no final do corredor que você nos encontrou.
- E por que está me contando isso? – Pego a mochila de Brook.
- Porque quando fui ajuda-lo, olhei para trás, e da sala que eu havia pedido para entrarem saiu um homem carregando um corpo. Exatamente como havia descrito.
E foi ali que tive certeza de que eu estava certa. Meu sonho realmente havia se tornado realidade, mas como? E por quê? O mais assombroso é que eu havia mudado o final dele. Se eu não houvesse impedido eles de entrarem na sala... eu estaria morta agora?
- A única dúvida que tenho, - Ele continua enquanto abre o saco de dormir. – é como você sabia daquilo, Allyson? – Eu temia aquela pergunta.
Novamente eu não sabia se poderia, ou melhor, se deveria contar a alguém sobre o sonho.
Olha, - Ele termina de arrumar seu segundo saco de dormir e me olha atentamente. – Sei que não sou seu conselheiro, e sei que deve sentir falta da... – Noah Hesita. – Lanna.
Naquele momento, quase pude jurar que ele havia se entristecido, mas se realmente o fez, escondeu sua expressão e continuou.
- Mas pode confiar em mim.
O estranho é que eu sabia que aquilo era verdade.
- Ontem... – Comecei a falar sobre a noite passada, mas ainda não tinha certeza se deveria.
- O que teve ontem? – Ele pega a última mochila para arrumar o último saco.
- Eu tive um sonho. – Digo de uma vez. – Eu sonhei com tudo o que aconteceu à uma hora atrás. Cada detalhe, cada som, foi tudo tão real. Demorei a assimilar que não estava sonhando de novo hoje. – Noah me ouvia atentamente. – A diferença, é que no sonho, quando entravamos naquela sala, o homem de preto atirava em mim e eu acordava.
Ele me olhava como se eu fosse louca. Mas, se não fosse os acontecimentos que acabamos de viver, eu também me julgaria assim.
- Você está me dizendo que teve um presságio? Um sonho que lhe mostrou o futuro?
- Tecnicamente. – Digo tímida.
- E com isso, digo, impedindo que entrássemos naquela sala, você acabou distorcendo o fluxo contínuo do tempo, criando um paradoxo temporal de causa e efeito? Por que até onde sabemos, você deveria estar morta agora.
Aquilo realmente não foi nem um pouco simpático. Foi mais como um tapa na cara. E embora não houvesse entendido muito bem as palavras que Noah usou, compreendi o que ele quis expressar. Apenas terminei de arrumar o saco de dormir em silêncio.
- Allyson. – Ele me chama. – Como você faria isso se você é uma classe D? – Aquilo já estava me irritando. Por que tanto desprezo por essa classe?
- Noah, eu não sei, está bem? E você não precisa jogar na minha cara que sou um pé no saco, uma inútil, um peso morto ou um obstáculo no seu caminho, ok? Principalmente depois de todas as coisas que acabamos de passar. – Confesso que me alterei. Meu tom de voz subiu muito e achei até ter exagerado, mas por que as pessoas insistiam nessa droga de classificação?
- Calma, Allyson. Eu só estou seguindo as regras do instituto. Nossa casa.
- QUE INSTITUTO, NOAH? – Percebo que havia ultrapassado os limites. – Não existe mais "casa".
Ele me olhou abalado por um tempo e então abaixou o olhar, de volta para seus afazeres.
- Está tudo bem? – Brook se aproxima com algumas pedras no colo.
- Está sim. – Noah responde sorridente, como se nada tivesse acontecido nos últimos minutos. – Obrigado Brook. – Ele pega as pedras e as posiciona em círculo. Ao redor, os sacos de dormir cercavam aquele lugar.
Logo os meninos adentram a clareira novamente, trazendo junto a si, lenha.
- Ah, que bom! – Noah se adianta e arruma os galhos, as folhas e tudo que eles trouxeram no meio do círculo de pedras. Pega um isqueiro em uma das mochilas e depois de um tempo, já temos uma fogueira para iluminar o local e nos manter aquecidos.
- O que mais tem nessas mochilas? – Mike pergunta.
- As roupas que vocês colocaram, duas ou três barrinhas de cereal, uma garrafa d'água, os sacos de dormir, e uma quantia de dinheiro que é recomendado apenas em casos de emergência.
Com isso, todos se sentam em seus respectivos sacos de dormir. Ao meu lado direito estava Brooke, ao seu lado o conselheiro, e então Michael e por fim Jack a minha esquerda.
Noah pega uma barrinha de cereal de sua mochila e a abre.
- E que comecem as perguntas. – Ele morde um pedaço.
- Eu começo. – Michael se adiantou. – Que merda foi aquela?
- Eu já disse, uma invasão. Fomos atacados.
- Mas por quem?
- A história é longa, na verdade quase já virou uma lenda recente, mas vou tentar resumi-la. Há décadas atrás, existiam dois irmãos, Owen e Raven Hughes. Ambos gêmeos e superdotados. Ainda em sua nova juventude já estavam se formando em biomedicina, nanotecnologia, e algumas outras especialidades. Foram os fundadores do estudo do Gene Sensitive, todas as teses, todos os estudos, anotações, testes, exames, simulações e tudo que temos hoje só existem por causa deles. Mas a ignorância e o poder os cegaram. Após discussões feias e conflitos não terminados eles se separam. As pesquisas acabaram ficando em peso com Owen, sendo assim, Raven jurou vingança. Até hoje pensava que tudo isso não passava de uma lenda feita para assustar os recém iniciados ou os novos funcionários do instituto, mas quando vi aquele símbolo no uniforme dos Ônix...
- Quem? – Brook perguntou.
- Ônix. São os autômatos assassinos que fazem parte dos mandados de Raven Hughes.
- Autômatos? – Michael toma a palavra. – Então eles são robôs?
- Sim. A lenda diz que Raven os criou para serem seus "Vingadores de sangue".
- E por que ela atacou o instituto? – Brook se pronuncia novamente.
- Isso já é obvio. Vingança.
- Mas nós não temos nada a ver com o irmão dela, porque ela não vai atrás dele?
- E foi. – Noah pareceu se assustar.
- Como assim?
- A lenda também conta sobre uma guerra entre eles. Uma guerra grande onde muito sangue fora derramado, mas de algum jeito isso foi escondido ao mundo fora dos conhecimentos do instituto. Nessa guerra lutaram Sensitivies e Ônix, e de alguma maneira os autômatos conseguiam realizar os mesmos feitos que os iniciados. Raven conseguiu, insanamente, manusear o Gene Sensitive e implanta-lo em seu exército mecânico. Isso gerou inúmeras mortes, inclusive a morte de sua irmã de classe, Jackson. – Ele olhou para Jack. – E também de Owen Hughes.
- Então por que nos atacar?
- Eu não sei. Talvez ela só quisesse ter certeza que havia varrido toda história de seu irmão e destruído todo seu trabalho de vida.
Após aquilo, todos ficamos em silêncio.
Era difícil assimilar tudo aquilo. Toda aquela destruição, confusão, violência... tudo por uma briguinha de família.
- E para onde vamos agora? – Jackson, que estava quieto durante todo esse tempo, perguntou quebrando o silêncio.
- A vida aqui fora não é segura pra vocês, principalmente para um classe A. Raven deve ter olhos e ouvidos por toda parte, e Deus sabe o que ela faria com vocês se conseguisse pôr a mão em seus Genes. Existe um outro instituto, - Ele me olhou. – O lugar aonde tudo começou. Lá deve ser uma ótima opção para ficar. Além de poder ter uma tecnologia melhor para estudar o Gene e poder continuar as pesquisas.
- Mas se a tal de Raven está destruindo a história de seu irmão, ela já não deve ter acabado com aquele lugar?
- Creio que não. Aquele é o lugar mais bem protegido do mundo, até mesmo para Raven.
- E onde fica? – Perguntei.
- Mount McKinley, Distrito de Denali, Alaska, Estados Unidos.
- O QUE? – Brook se espanta, mas não só ela. Todos nós.
- Isso fica a o que? – Michael debocha. – 3.000 Km daqui?
- 5.605,1 Km pra ser exato.
- Nós nunca vamos conseguir. – Michael diz pessimista.
- Michael tem razão. – Brook concorda.
- Isso é loucura.
- Suicídio!
Os dois continuam falando enquanto Noah perde as esperanças.
- Mas vamos tentar. – Jackson corta os comentários dos dois e faz Noah levantar a cabeça surpreso.
- Como é? – Mike pergunta como que não tivesse ouvido direito.
- Se esse é o único jeito de fazer com que nós ainda possamos ser úteis de alguma forma, faremos isso. Não por nós, mas por todos que perdemos hoje. – O silêncio reina novamente. – Tem certeza de que lá é um lugar seguro, Noah?
- Sim.
- Muito bem, e como chegamos lá?
- Primeiramente temos que pegar mais suprimentos, roupas e principalmente mais dinheiro. Com isso podemos viajar de avião ou alguma coisa do gênero.
- E como conseguiremos isso?
- Existe uma pequena base de emergência para refugiados do Projeto Genese em Nebraska. Lá também tenho um amigo que pode nos ajudar.
- Nebraska?
- O estado ao lado.
- Ah, que ótimo, alguns quilômetros de distância a mais para conseguirmos chegar ao tal Mount sei lá das quantas. – Michael comenta.
- Então acho melhor descansarmos. – Jack diz a nós. – Teremos um dia cheio ao amanhecer.
Embora não concordando com a decisão, Mike acatou a ideia de descansar. Se deitou em seu saco de dormir e deu as costas para o resto do grupo. Em seguida todo o resto fez a mesma coisa. Eu fui a última a me arrumar para dormir, mas antes de fechar os olhos olhei para o saco de dormir ao meu lado, onde Brook fitava o nada atenciosamente.
- Brook?
- Sim?
- Tudo bem?
- Está tudo sim, Ally. Estou bem. – Não dei muita fé nessas palavras.
- Certeza?
- Uhum.
- Tudo bem, então. Boa noite.
- Boa noite, amiga.
E como um míssil acertando o alvo, assim o sono me pegou.

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