CAPÍTULO XV

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Capítulo XV
Brook

Eu estava mais perdida do que base na cor errada. Tudo havia acontecido rápido demais. Primeiro eu acordei no meio da madrugada ouvindo gritos de Michael vindos de algum lugar do instituto, depois quando eu e o resto do pessoal chegamos a sala de controle ele estava caído no chão, ai ele disse que Lola era uma infiltrada de Raven e foi quando do nada começaram a hackear o sistema da base. Noah dera uma de Adrian Lamo e conseguiu defender-nos do tal ataque, mas logo após isso a minha ex-amiga Chloe entrara pela porta. E como se isso não fosse o bastante Raven nos visitou via holograma e além de nos ameaçar teve uma conversa pessoal demais com o conselheiro, sem falar que ela está com Lanna.
Eu não acreditei quando Noah pediu para "voltarmos a dormir" porque "Amanhã conversaríamos". Depois de tudo isso ele realmente ia continuar com essa pinta de James Bond de ser o "manda chuva" dessa porcaria toda?
Eu me recusei a obedece-lo. Precisava de respostas! Não somente eu, mas todos nós!
E pelo que me pareceu, os outros também concordavam comigo.
- Vamos Noah! Chega de mentiras e de segredinhos!
- Ei! – Ele se defende. – Eu nunca menti para vocês!
- Mas também nunca contou toda a verdade.
Ele pareceu consentir. Sua expressão foi de rendição. Olhou Bob e nos disse ainda olhando-o.
- Vocês tem razão. – e então mudou de assunto. – Bob, me ajude aqui. – Eles pegaram o corpo de Chloe e começaram a caminhar. – Venham. Se quiserem que eu de as respostas que procuram.
Seguimos os dois pelos corredores da base. O corpo da menina estava sendo levado por ambos, desproporcional por causa da altura de Bob, com os braços dela envolta de seus pescoços. Fomos para uma parte aonde nenhum de nós Sensitivies fomos antes. Um corredor extenso, todo branco com alguns detalhes em linhas pretas nas paredes e portas, iluminado por luzes em toda sua estrutura. Ele se revelava atrás de uma porta de metal lacrada que fora aberta com digital do conselheiro. Neste corredor mostravam-se mais salas, mas com visão ao lado de dentro graças a grandes janelas de vidro.
- Por aqui. – Ele diz abrindo uma das salas com sua digital novamente. – Vamos pô-la ali. – E aponta com a cabeça para uma cadeira similar aquelas usadas por dentistas, mas sem toda aquela aparelhagem.
A sala era diferente de tudo que já vi. Ela tinha o mesmo padrão de cores e iluminações que o anterior corredor. No centro havia uma mesa interativa desligada. Mais ao fundo a então cadeira que Noah dissera e mais ainda, uma câmara de sono criogênico igual as do Instituto. Ao redor de tudo isso haviam inúmeros computadores, frascos de amostras vazios, ferramentas médicas, binóculos e outras bugigangas tão estranhas quanto e grande provavelmente caríssimas. A sala era grande e bem espaçosa.
- APSU? – Após arrumar o corpo de Chloe, o conselheiro diz olhando em volta, como se estivesse esperando que alguém o respondesse.
- Sim, Conselheiro Noah? – Uma voz feminina e eletrônica se propagou alta e calma por toda sala.
- Ligue o sistema por favor.
- Sim, conselheiro Noah. - Imediatamente os computadores, a mesa interativa e a capsula são ligados. A mistura do branco do local com as luzes dos aparelhos era particularmente lindo.
- APSU, Inicie a mesa de monitoramento genético. – Ele vaga pelos computadores digitando nos Touch, arrastando arquivos, fechando guias e fazendo mais sei lá o que.
- Iniciando a G.M.T. – Neste mesmo segundo a cadeira aonde o corpo da garota estava se estendeu, virando uma maca e deitando-a.
- Ativar protocolo Capa.
- Ativando protocolo Capa. – A maca acende. – Copiando criptografia do micro chip. Tempo de conclusão: vinte segundos.
- Ótimo.
E finalmente ele para diante a nós, respira fundo e nos olha esperando alguma reação.
- Que lugar é esse? – Tomo a iniciativa.
- Está é uma sala de imersão laboratorial. Cada sala tem capacidade para um Sensitive como paciente. Aqui nós podemos monitorar a atividade genética de vocês e a funcionalidade de outros sistemas básicos, como o nervoso, o vascular, entre outros. Além de proporcionar a possibilidade de pesquisas químicas, biológicas, procedimentos médicos e cirúrgicos e programações cyber cientificas em seus pontos de identidade e aparelhagens variadas.
- Vírus detectado. Contaminação do sistema. – A voz fala novamente enquanto ele vai para uma das telas e começa a mexer no sistema.
- Que voz é essa?
- Esta é APSU. Uma inteligência artificial programada para diversas áreas.
- Ah...
- Contaminação contida. – APSU diz. – Conselheiro Noah, Tomei a liberdade de conectar remotamente mais quatro chips localizados na área de busca. Gostaria de acessa-los?
- Sim, APSU. Faça uma apresentação deles por favor.
- Sim, conselheiro Noah.
- Por que ela só fala isso? A programação dela impede dela dizer um simples "sim" ou um "tá" quem sabe até um "ok"? – Zombou Mike.
- Michael Halhill. 20 anos. Nascido dia 17 de junho de 2002. Sensitive classe B nível Delta. Gene Atmocinético. Nota de conselheiro: "Temperamental, piadista e brincalhão, mas promete um bom futuro."
- Oi? – Ele diz indignado com essa última parte.
Todos nós rimos.
- Brook Hundy. – Ela continua. – 18 anos. Nascida dia 26 de Agosto de 2004, Sensitive classe B nível Épsilon. Gene Fitocinético. Nota de conselheiro: "Brook é animada e otimista, cuida de sua aparência como nunca vi antes e gosta de provocar os meninos, mas fora isso sua classe se revelou boa e os dados indicam que ela possivelmente possa ajudar bastante nas pesquisas."
- Jackson Carter. 19 anos. Nascido dia 15 de fevereiro de 2003. Sensitive classe A nível Delta. Gene Mimetista empático. Nota de conselheiro: "Inicialmente pensei que seria um caso perdido, mas após ser identificado como um classe A confesso que me senti um pouco incapaz e com medo. Jack parece uma boa pessoa. Não é megalomaníaco por causa de sua classe e nem tenta impor sua autoridade. Pode ser difícil aconselhar o segundo classe A de toda a história, e não sei se meus conhecimentos são abrangentes o suficiente, mas tenho que tentar. Assim como Michael, promete grandes coisas também."
- Allyson Clark. 19 anos. Nascida dia 07 de Setembro de 2003. Sensitive Classe D nível Ômega. Gene Clarisciêncio. Nota de conselheiro: "Allyson foi difícil de lidar no começo e por isso tive que usar métodos avançados demais para conseguir que seu gene se manifestasse. Poderia ter a machucado gravemente com o cubo, mas foi preciso. A menina é dócil e pacífica e como o esperado sua classe remete sua característica, mas com isso não é de grande utilidade nas pesquisas biológicas da cura das doenças."
- Espera! – Noah diz espantado. – Repita a apresentação de Allyson Clark, APSU.
- Allyson Clark. 19 anos. Nascida dia 07 de Setembro de 2003. Sensitive Classe D nível Ômega. Gene Clarisciêncio. Nota de...
- AI! Pare! – Ele diz. – Gene Clarisciêncio? Nível Ômega?
- Sim, conselheiro Noah.
- Mas ela apenas tem sensações de possíveis desastres. Isto é considerado um nível Épsilon.
- Está certo neste último ponto, conselheiro Noah. O sistema mostra uma anomalia no comportamento genético natural da Sensitive. Arquivos de atividades genética recentes mostram um alto nível de carga manifestados em períodos noturnos e soníferos. Algo relacionado a um avanço.
- Como se...
- Como se ele estivesse se fortalecendo aos poucos, conselheiro Noah.
- Allyson. – Ele se dirige a ela ainda espantado. – Percebeu alguma coisa estranha em você no período da noite?
Percebi que ela abaixara a cabeça e tentava desviar o olhar.
- Ally? – Digo.
- Tem... Tem...
- Fale, Allyson. – Noah insiste.
- Tem esses sonhos...
- Sonhos?
- É... não são todo dia, mas as vezes eu tenho sonhos estranhos... um pouco realistas demais.
- Quantas vezes já sonhou? E quando aconteceu pela primeira vez?
- Três vezes. O primeiro foi no instituto. Um dia antes do massacre. Eu sonhei... bem...
- Com a invasão. – Noah completa e ela confirma com a cabeça. – e quais as outras duas?
- noite passada... sonhei com o ataque de Raven.
- Mas e a segunda vez?
- Oi? – Ela pareceu se fazer de desentendida.
- Você disse que sonhou três vezes. E como o instituto foi o primeiro e hoje foi o terceiro, como foi o segundo?
- Eu disse? Ah... devo ter me confundido.
- Ally, não precisa esconder nada.
- Eu sei. Estou falando a verdade.
- Certeza de que não houve uma outra vez?
- Sim. – ela enfatiza com a cabeça ainda, mas desvia o olhar.
O conselheiro suspira e segue andando em direção a mesa interativa.
- O que são esses níveis? – Jack pergunta.
- Suas classes nos dizem o quão podem ajudar a curar as pessoas. Seus níveis nos dizem o quão perigosos podem ser em relação as habilidades que possuem, caso se rebelem.
- E qual seria a escala de risco?
- Épsilon, Delta, Gamma, Beta, Alpha, Ômega.
- Então Allyson é perigosa? – Mike pergunta.
- Não... Não exatamente. A classe também influencia nisso. Por ser uma classe D ela não é nenhum bicho de sete cabeças.
- Me sinto aliviada, eu acho. – ela diz.
- Porém ela achou um jeito natural de fortalecer seu gene e com isso... evolui-lo. E só existe um jeito disso acontecer. – Ele não tirava os olhos da tela da mesa.
- Que é... ?
- O gene precisa ser sobrecarregado. Quando usam suas habilidades ficam sensíveis a certa coisa, mas quando sensibilizam seus corpos ao estremo, ou seja usam mais do que suportam e juntam isso com sentimentos fortes como medo, dor, pânico ou coisas do gênero ele "adoece" e depois de um tempo vai se recuperando, ficando mais forte a cada ciclo e "subindo de nível". – Ele para de mexer no Touch da mesa e apoia as mão nas laterais, deixando os braços eretos e pendendo a cabeça. – O que não entendo é como Ally fez isso apenas com sonhos.
- Está acusando ela de estar mentindo? – o enfrento.
- Não é isso Brook. Só estou dizendo que subir de nível é perigoso. Muitos já morreram tentando fazer isso. Não é sempre que o gene consegue se curar novamente.
- Mas Allyson não...
- Pessoal! – Bob finalmente se manifesta. – Não viemos aqui para discutir sobre a genética de Allyson, e muito menos para iniciar brigas. Sem falar que nosso tempo é curto.
- Temo informar que o conselheiro Bob está correto, Conselheiro Noah. – APSU diz. – Meus sistemas dizem que a garota não ficará inconsciente por tanto tempo.
- Vocês tem razão. Coloque sedativo no organismo de Chloe, APSU. Vamos iniciar as pesquisas.
- Sim, conselheiro Noah.
- Responderei suas perguntas. – Ele diz nos olhando.
- Primeiro nos prometa algo. – Digo.
- O que?
- Chega de segredos. Estamos juntos nessa.
Ele suspira fundo.
- Prometo não guardar mais segredos, prometo que saberão de tudo, mas entendam que não será tudo agora. Existem coisas que ainda não estão pontos para saber. Contarei tudo, mas em seu devido tempo. Está bem?
Nos entreolhamos por um tempo.
- Tudo bem.
- Ótimo.
- A paciente está pronta, conselheiro Noah.
- Obrigado APSU. – Ele se dirige a maca aonde o corpo de Chloe estava e começa a mexer num computador próximo. – Por onde querem começar? – Ele diz a nós.
- Acho que seria uma boa começarmos do começo. – Digo.
- Ah, jura? – Mike debocha. – Por que não vamos pelo fim depois pro começo e encerramos com o meio?
- Cala a boca Michael. – Jack o corta.
- Brook tem razão. – Allyson diz enfim. – Vamos começar do dia em que chegamos aqui. Porque Bob ficou tão alterado quando eu disse que queria nos levar para o Mount McKinley? E porque ele teve a mesma reação quando soube que eu era uma classe D?
- Ah, essa eu respondo! – Bob disse. – Porque seu conselheiro é um psicopata suicida!
- Bob, não vamos começar com isso de novo!
- Está bem. Bom, o Mount McKinley no Alaska é a primeira base do Instituto. Foi lá onde as pesquisas foram aprofundadas, onde a ciência do gene Sensitive nasceu. Após a então morte de Owen Hughes, a direção do Instituto foi passada para um de seus vice-diretores. Mas o problema não é esse. O ataque ao instituto do colorado não foi o primeiro. Muitas de nossas bases tem sido atacas ao redor de todo o globo e com isso a perseguição pelos Sensitivies que conseguem escapar tem sido serrada e as vezes até trágica. Fazer uma viagem tão longe assim é pedir para que o exército Ônix preparem um jantar para vocês com Raven, antes dela capturar e possivelmente fazer sei lá o que ela está fazendo. Sem falar que chegar lá já é um desafio.
Já sobre sua classe, menina... é um assunto mais delicado.
- Delicado como?
- Em casos de emergência, – ele desvia o olhar. – Ataques, ou similares a isso os classe D são usados para retardar o desastre dando tempo para que os Sensitivies de outras classes fujam ou abriguem-se.
- Quer dizer que somos como iscas? – Ally pareceu se indignar.
- Tentei ser mais ético, mas é exatamente isso.
- O QUE? – Ela se altera. – Que absurdo!
- Olha garota, não queria te ofender, mas são as regras do instituto. Se eu não fosse amigo de Noah e sim apenas mais um funcionário seguindo regras eu teria que denuncia-lo e ele estaria metido na maior encrenca da vida dele.
- Poderia perder o emprego, e perdendo o emprego eu perderia vida por saber demais de tudo que vi e fiz. – Noah diz ainda mexendo no computador e no corpo da garota.
Ally realmente estava indignada. Ela cruzou os braços e fechou a cara numa expressão descontente.
- E o que vocês dois tem conversado a semana toda em segredo? – Pergunto.
- Estávamos tentado achar um jeito de irmos para o Alaska em segurança.
- E acharam?
- Não exatamente.
- Como assim?
- Bob e eu temos um amigo em comum que possivelmente pode nos ajudar.
- E qual o problema nisso?
- A atual localização dele é em Las Vegas – Nevada.
- O que? – Não estou acreditando. – Isso vai nos atrasar mais ainda.
- Sabemos disso, mas é único jeito de chegar até o Mount McKinley
- E por que exatamente precisamos chegar até lá? – Jack pergunta.
- Por ser a primeira base - O conselheiro tomou a palavra. - lá possui uma história mais antiga e além disso procedimentos mais avançados e eficientes para cuidar de vocês e mantê-los seguros de Raven. Mas hoje adquirimos outro motivo para irmos até lá.
- Que seria?
- O que Raven está planejando é muito grande. Maior do que esperávamos. E só há um lugar que pode ter alguma coisa que a impeça. Lá. Porém ela já invadiu diversas bases e recentemente descobrimos que ela não matava os Sensitivies e sim os capturava para então controla-los e usa-los para fazer o trabalho sujo. O primeiro Instituto já está ciente disso e eles possuem uma defesa mil vezes melhor do que qualquer outro, mas não contra um exército de autônomos e de humanos com a capacidade de fazer coisas que só se veem nos filmes e livros de ficção científica e fantasia. Raven vai atrás deles. Isso vai ser como... seu último troféu antes de atacar o resto das grandes potências mundiais.
- E se queremos ter pelo menos um suspiro de esperança. – Bob continua. – Precisamos avisa-los e ajuda-los.
- E não podemos mandar uma mensagem ou algo do tipo?
- Já disse que o sistema de comunicação entre as bases e os institutos foram cortados a semanas. Não há concerto.
- Está bem. – Mike diz. – Já que tocamos no assunto, percebi que sua conversa com Raven foi bem intima, Noah. O que ela quis dizer com "da última vez que nos vimos"?
- Temia essa pergunta. É... Bom... podemos dizer que eu já trabalhei para Raven Hughes.
- O QUE? – Todos se espantaram.
- Eu sei, eu sei.
- Como assim?
- Eu tinha dezesseis anos quando fui recrutado. Na adolescência eu não tive muitos amigos e acabei dedicando meu tempo aos computadores. Virei um hacker. Eu era um jovem idiota e sem um proposito, usava minhas habilidades para ferrar com empresas grandes, para transmitir dinheiro para contas bancarias que eu havia criado e outros crimes cibernéticos. De algum jeito Raven ficou sabendo de minha existência e precisava de alguém para auxiliar na programação de seu exército inorgânico e pra fazer outros trabalhos sujos relacionados a hackear sistemas. E como eu não estava nem ai para meus pais e nem eles para mim, aceitei.
- Espera! Você criou os Ônix?
- Não, eu apenas ajudei na programação, mas os Ônix foram o resultado do trabalho de uma grande equipe de Professores, Hackers, Programadores, Engenheiros elétricos e mecânicos e uma outra gama de pessoas. E sei que agora vocês estão querendo me matar.
- QUERENDO TE MATAR? EU ESTOU PRESTES A ENFIAR ESSE COMPUTADOR QUE VOCÊ ESTA MECHENDO NA SUA GARGANTA! – Mike diz histérico.
- Continue, Noah. – digo seca.
- Depois de alguns anos eu fui crescendo neste meio, me destacando e sendo invejado por todos. Raven me transformou em seu braço direito. Nada acontecia sem que eu soubesse. E já respondendo um possível outra pergunta, houve uma noite que acabei sendo seduzido por ela e acabamos ficando juntos.
- VOCÊ JÁ TRANSOU COM A PISCICOPATA ASSASSINA QUE ESTÁ QUERENDO NOSSAS CABEÇAS?
- Eu tinha dezenove anos na época, eu era jovem com os hormônios a flor da pele e ela era atraente e...
- Eu não acredito no que acabei de ouvir! – Mike estava alterado demais.
- Mas como veio parar aqui? – Pergunto.
- Depois de mais alguns anos numa outra noite acabei entrando no quarto dela e vendo o que ela estava planejando. A combinação de robôs e de Sensitivies, usa-los para por medo no mundo e espalhar o pânico, destruindo famílias e povos. Tudo isso por vingança. Eu destruí estes arquivos. Não podia deixar aquilo acontecer. O tal herói dentro de mim falou mais alto. Depois fugi. Fui procurar Owen e implorei por misericórdia, dizendo-o o que sua irmã estava planejando. Em forma de gratidão ele me ofereceu uma chance de me tornar conselheiro. Graças aos meus conhecimentos por causa do que descobri com Raven, me destaquei no treinamento e fui aceito como um, desde que esquecesse meu passado e de que nunca ninguém soubesse sobre isso.
- E como o baixinho ali sabia?
- Sou amigo de Noah desde que éramos crianças no jardim de infância. Crescemos juntos e por muito tempo foram só nós dois. Não tínhamos mais ninguém a não ser um ao outro. Quando ele foi trabalhar para Raven eu fiquei sozinho e então um dia surgiu-me a oportunidade de virar um conselheiro graças a uma indicação de meu ex-chefe. Foi quando fiz o curso e o treinamento e o reencontrei. Fomos encaminhados para bases diferentes, mas desde então não perdemos mais o contato.
Depois desta última fala todos estavam bem pensativos e confusos. Todos mesmo.
- Existe mais um motivo para você querer encontrar Raven, não é? – Digo ao conselheiro que me olha de canto de olho. – Não é só para impedir que o plano dela de certo. É por Lanna.
Ele ficou quieto e continuou sua concentração nos computadores, mas seu silêncio apenas consentiu com o que eu disse.
- Lanna. – Ele diz em fim. – Quando entrei no Instituto eu estava bem perdido, mesmo tendo sido um dos primeiro na classificação do treinamento. Fora ela quem me ajudou a me adaptar, mas algo aconteceu além disso. O Instituto não permite que haja relacionamentos amorosos entre seus funcionários, e também entre conselheiro e aconselhado, por isso a divisão de meninos e meninas, mas nem eu e nem ela gostávamos muito de seguir as regras. Acabamos nos apaixonando, e uma vez fomos pegos por um supervisor. Com isso quase perdemos nossos cargos. A partir daí prometemos diante do conselho operar em plataformas e protocolos diferentes.
- Mas depois de tudo isso, como podemos ter certeza de que é confiável?
- Sim, Michael. Eu realmente já servi a Raven, mas a anos me arrependi do que fiz e dediquei todo meu tempo ao Instituto tentando compensar meu passado. Descobri muita coisa, ajudei em muita coisa, mas ainda me sinto culpado por um dia ter ajudado aquela psicopata. Porém me arrependi.
- Sem falar que foi ele que os manteve salvo até agora, – Bob diz. – foi ele quem os trouxe até aqui, ele quem tem ajudado vocês e se preocupado mais do que o necessário, e que quer o melhor para vocês. E sem Noah vocês não chegam no Alaska.
- Bob tem razão. – Digo a Mike. – Sem falar que ele não estaria nos contando tudo isso se não pudéssemos confiar nele. Noah. – Me dirijo ao conselheiro. – Você confiou em nós, e creio que falo por todos que confiaremos em você também.
Ele sorri e agradece com a cabeça.
- Muito bem. – Ally se pronuncia. – O que está fazendo ai desde que chegamos?
- Lembram que eu havia palpitado sobre um vírus que invade o sistema operacional do ponto dos Sensitivies e os fazem obedecer a Raven?
- Sim.
- Então, eu estava certo.
- E como sabia disso?
- Antes de sair do lado de Raven eu estava trabalhando nisso. Havia criado toda programação e tudo mais, mas precisava ser aperfeiçoado ainda. Quando me rebelei contra ela fragmentei minhas pesquisas e exclui ela, mas de algum jeito ela as recuperou no decorrer destes anos. Eu teria feito isso mais rápido, mas sem mim os planos dela foram retardados.
- E como funciona?
- Inicialmente eu havia o projetado como um parasita que ao entrar no organismo do Sensitive atacava o ponto que está ligado ao cérebro e consequentemente a todo sistema nervoso. Mas o problema na época era como isso poderia entrar no organismo de alguém. Por isso havia feito o protótipo de um hardware que desligava a pessoa e colocava o vírus pra dentro. Com o corpo inconsciente o caminho para o estrago estava livre. Foi nesta época que destruí as pesquisas. Como já disse, Raven as recuperou e um de seus capangas conseguiu aperfeiçoar minhas ideias.
- Como ela faz isso então?
- As armas dos Ônix. As balas, ao entrar em contato com o alvo, libera um pulso eletromagnética altíssimo que desacorda o Sensitive. O vírus então, já dentro do organismo, hackeia o sistema operacional do ponto e quando o organismo acorda novamente, ele é reiniciado com uma nova plataforma. Deixando Raven com controle total sob o infectado.
- E você acha que há um jeito de reverter o processo?
- Fui eu quem criei este vírus – Ele diz sorrindo. – então conheço toda programação dele. Sendo assim posso achar uma possível "cura".
- Quanto tempo vai levar.
- Levei o tempo de suas perguntas.
- Oi?
Neste momento Chloe tosse fraco e abre os olhos lentamente.
- Chloe! – Digo me aproximando.
Eu estava realmente vivendo aquilo? Digo, aquele era realmente a minha antiga amiga?
- Brook? – Ela tenta se sentar. – Eu... Eu estava correndo tentando alcançar vocês naquele posto de gasolina quando de repente... eu não sei. Eu não lembro de nada.
Sim! Era ela! Eu estava feliz e empolgada! Meus olhos se enchiam de felicidade e eu quase não me continha.
- Calma. Está segura agora. Está sentindo alguma coisa?
- Uma grande dor de cabeça, fraqueza e... fome.
Rio dela.
- Você está bem. – Sorrio e a abraço.
- É, estou.
De relance pude ver os outros se aproximarem sorrindo.
- Está segura agora. – Noah repete o que eu havia dito antes.
Queria que aquele momento de alegria durasse, mas nossa sorte não é tão grande assim. Do nada os sorrisos se desfizeram e o pânico tomou conta. Chloe surtou. Seu peito foi propagado pra frente e sua cabeça pendia para trás. Seus olhos estavam arregalados e sua boca aberta, como se ela quisesse gritar, mas não conseguisse. O desespero se misturou com sons de alarme e a batida fina acelerada do medidor de batimentos cardíacos.
- Chloe? CHLOE!? – Tento conter o corpo dela, mas ela começa a tremer e a convulsionar. – NOAH, O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
- APSU?
- Parece que o sangue de Chloe foi contaminado com uma toxina mortal que atacou o coração e foi bombardeado para o resto do corpo.
- PROCURE POR UM ANULADOR BIOLÓGICO. – ele diz se virando e indo para os computadores.
- Não, conselheiro Noah.
- POR QUE NÃO?
- Porque a garota não está mais viva.
Quando ele se vira eu olho para minha amiga em meus braços. Seu corpo havia relaxado e sua cabeça recostava-se em mim.
Era oficial.
Chloe estava morta.
E morrera em meu abraço.
- NÃO!!! – Eu chorava desesperada. Não acreditava que estava passando por isso de novo. – NÃO POSSO TE PERDER PELA SEGUNDA VEZ! CHLOE!!!
Não pude perceber muita coisa depois. Apenas Ally me abraçando e me afastando do corpo dela, eu tentei relutar, mas me rendi. Enquanto os meninos se aproximavam apreensivos.
[...]
Me acalmei depois de um tempo. Ainda deixava as lagrimas escorrerem, mas do que isso adiantava? Era vão.
- APSU? – Noah chamou a inteligência artificial. O tom de sua voz demonstrava tristeza.
- Sim, conselheiro Noah.
- Como isso aconteceu?
- Lamento informar que meu sistema não havia detectado previamente um micro implante feito no pulso direito da paciente. Após a descontaminação do vírus este aparelho liberou a biotoxina, que atacou o sistema cardiovascular causando a parada cardíaca e as convulsões.
Toda aquela explicação apenas serviu para me destruir. Estava com raiva, triste, irritada... nem eu mais sei o que estava sentido.
- QUE TIPO DE INTELIGENCIA ARTIFICIAL AVANÇAVA É VOCÊ, APSU? NÃO SERVE NEM PRA IMPEDIR UMA MORTE!
- Brook! – O conselheiro me repreende. – Calma. Não precisa disso.
Infelizmente ele tinha razão.
- Desculpe a ofensa, APSU.
- Sou uma plataforma operacional, não me ofendo.
- Atualize, APSU.
- De acordo com as simulações, a retirada cirúrgica do aparelho levaria ao mesmo efeito vivenciado. O único jeito de anular o efeito é desativando-o.
- Então, se quisermos salvar os outros Sensitivies precisamos antes desativar este implante e depois liberar a cura. – Bob diz. – Como faremos isso?
- Graças a morte de Chloe, pude fazer uma leitura dos dados do aparelho. Se o conselheiro Noah conseguir usa-los para criar um hack que permita a desativação do sistema é possível anular o efeito antes de se propagar.
- APSU?
- Sim, conselheiro Noah.
- Você me deu uma ótima ideia! Consegue resgatar as pesquisas do Instituto do Colorado?
- Sim, conselheiro Noah.
- Acesse o perfil N23.
- Senha de acesso para o perfil N23.
Noah digita algo na mesa interativa.
- Perfil iniciado.
- Garotos. – Ele diz a nós. – Sei que aconteceu muita coisa e que foi informação de mais em pouco tempo. Mas acho que tem um jeito de conseguir salvar os outros Sensitivies. Brook – Ele me olha. – A morte de Chloe não foi em vão. Se o que estou pensando der certo, poderemos salvar muitos por causa dela. Mas a culpa pela sua morte não é sua, nem minha e nem de APSU, e sim de Raven. E quando destruirmos seu império, nossa vingança vai começar. Vão se arrumar e descansem um pouco.
- Vamos para o Mount McKinley. – Digo com raiva de Raven.
Noah sorri de lado e balança a cabeça positivamente.
- Saímos ao meio dia.
Com isso eu me levanto já não triste, mas consumida pela sede de vingança por Chloe. É bom que eu não encontre Raven cara a cara senão eu juro que arrebento aquela desgraçada dos infernos.

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