O GAROTO DA JANELA

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Meus pais não estavam em casa quando eu cheguei a nossa casa depois deste catastrófico dia, ambos têm trabalhos importantes e saem cedo pela manhã e voltam tarde, por volta do jantar. Eu teria um tempo para inventar uma história para os meus machucados, e era exatamente isso o que eu precisava.

Mas depois de tomar mais um remédio para a dor que eu encontrei no armário da minha mãe, tive um sono ininterrupto até o dia seguinte quando minha mãe tentou me acordar mais desistiu depois que percebeu que ia se atrasar para o trabalho. Na verdade eu estava acordado nesta hora em que ela estava tentando, mas eu não queria me levantar, não queria ir a escola, não queria me envergonhar mais uma vez sendo saco de pancada daqueles caras do último ano.

Assim que eu ouvi o som da porta batendo anunciando a saída dos dois, finalmente saí da cama e me arrastei até o banheiro, precisava tomar um longo e bom banho, ainda havia partes do meu corpo doendo e eu ainda usava o uniforme do dia anterior. Enquanto eu tirava minhas roupas, meu olhar repousou no espelho de corpo inteiro num canto do banheiro e meus olhos se arregalaram com a minha imagem refletida nele, manchas verdes e roxeadas por toda a parte, uns maiores que outros e alguns roxos estavam tão escuro que me dava medo de como eu deveria estar por dentro. O que teria acontecido se Taehyung não tivesse interferido? Eu estaria morto? Por que eles fizeram isso como se fosse algo normal?

Fechei os olhos com força, quando meus dedos tocaram a região e fui capaz de sentir um formigamento só quis que aquilo tudo sumisse. E que quando eu abrisse os olhos nada daquilo estava ali, e quando abri e aquelas marcas ainda estavam lá entrei debaixo do chuveiro.

Quando sai do banheiro, apenas com uma toalha enrolada em minha cintura e gotas escorrendo por meu corpo um som de notificação do meu celular me chamou a atenção e fui até a cômoda perto da janela e peguei o aparelho vendo várias mensagens de Jimin, mas antes que eu pudesse abrir o aplicativo meus olhos foram para o apartamento cuja janela ficava diante da minha, eu não havia reparado antes porque as cortinas sempre estavam fechadas, mas hoje estavam abertas e pude ver o interior do cômodo. Havia um piano vertical marrom encostado na parede oposta à janela, as paredes eram brancas e não se via nada além. Foi então que vi a sombra de alguém andando pelo lugar e por algum motivo me senti ansioso esperando que o dono desta sombra aparecesse na janela.

E então ele apareceu.

Usava roupas negras largas, calça comprida de moletom e um casaco de capuz que lhe cobria a cabeça e o rosto. A ansiedade só aumentou enquanto eu o observava. Não sabia se ele enxergava pelo capuz, se ele conseguia me ver ou não, mas eu não conseguia desviar o olhar para longe daquela figura. Ele ficou sem se mexer por um tempo e aquilo chegava a ser meio assustador, mas ainda assim não fiquei intimidado a ponto de retroceder e sair da frente da janela. Quando ele começou a erguer a mão, ele movia de forma letárgica, o que pareceu aumentar ainda mais minha ansiedade de descobrir quem era o vizinho desconhecido.

Quando finalmente o capuz foi erguido, a primeira coisa que vi foram cabelos loiros já que sua cabeça estava abaixada, quando ele ergueu a cabeça e eu reconheci aquele olhar intenso e rapidamente saí de perto da janela, sentindo o meu rosto esquentar por estar parado encarando ele apenas de toalha igual a um estranho pervertido.

Num pensamento rápido, estiquei minhas mãos e fechei as cortinas sentindo meu coração bater acelerado contra meu peito e meu sangue esquentar em minhas bochechas. Decidi ignorar as sensações que me causou vê-lo e comecei a me vestir com uma camisa branca e jeans a fim de sair e explorar um pouco o que Daegu tinha a oferecer.

Ouvi o som de uma notificação no meu celular e fui ver de que se tratava, e era uma mensagem de Hoseok me perguntando se eu estava bem, lhe respondi dizendo que havia virado uma borboleta e ele me ligou no segundo seguinte.

Devilish [TaeYoonKook]Onde histórias criam vida. Descubra agora