Jungkook acaba de ser transferido para um colégio de artes em Daegu e se encontra em perigo ao se envolver e conhecer a história de seus alunos - principalmente a história do artista encrenqueiro e a do misterioso pianista.
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Durante os dias que se seguiram, Yoongi e eu passamos longas horas juntos, conversando sobre tudo e qualquer coisa que cruzasse a mente do loiro. Yoongi sempre tinha algo a dizer, coisas que nunca passaram pela minha cabeça antes. Era como se da noite para o dia ele descobrisse mil e uma coisas novas que eram um completo mistério para as demais pessoas, mas ele sempre compartilhava comigo e eu me sentia especial ouvindo suas teorias de conspiração. Durante as aulas ele passou a se sentar ao meu lado e fazíamos o caminho de casa para a escola e, depois, da escola para casa juntos, e foi assim que eu passei a notar os pequenos detalhes dele, atitudes que para os outros passava despercebido, mas eu observava cada um deles com suma intenção a fim de descobrir a linguagem secreta de seu corpo para entender melhor a ele e assim compreendê-lo apenas com uma simples troca de olhares.
Yoongi era um enigma.
Apesar de ele ter longos momentos falando sobre seus mais íntimos pensamentos, ele também passava um bom tempo quieto. Às vezes passava tanto tempo imóvel que chegava a assustar, ele não fazia o mais ligeiro movimento e quando observava seu peito para ter certeza que ele estava respirando, era como observar a um busto de uma estátua e era nessas horas que eu ficava mais curioso a respeito dele. Ele tinha "apagões" em que podia ficar imóvel desta mesma forma por mais de duas horas e quando retornava a se mexer era como se nada houvesse acontecido, ele nunca dizia o que pensava quando ficava daquele jeito ou se estava se sentindo mal, era como se simplesmente ele não estivesse mais ali, como um robô que fora desligado e quando religado nada houvesse mudado, pelo menos para ele, pois para o restante o mundo continuava girando, os pássaros continuavam a piar nas árvores e a professora não parava de tagarelar sobre as civilizações antigas que passaram pelo oriente.
— Hoje não poderei te acompanhar de volta para casa. Espero não ser um problema — Yoongi falou de repente, seu tom de voz não demonstrava qualquer sentimento, assim como a expressão que estava em seu rosto.
Assim que ele se virou e seguiu por um caminho diferente no corredor, o oposto do que leva a saída, me ocorreu algo. Desde que eu havia me aproximado de Yoongi, nem Seokjin e nem Namjoon ou mesmo seus seguidores não apareceram mais, quer dizer, não mexeram comigo quando me via com ele ou me chamavam de borboleta quando cruzavam meu caminho. Isso me fez esquecer do ocorrido há alguns dias e me assustei quando dois pares de mãos me agarraram e me empurraram para dentro de um armário.
— Me deixe sair! — Gritei batendo na porta.
— Ouviu alguma coisa, Luhan? — Um dos garotos que me prendeu perguntou ao outro. Eu nao parava de bater e tentar abrir a porta, mas não conseguia sair dali.
— Deve ser um mosquito, ou seria uma borboleta? — O segundo perguntou e logo ouvi risadas do lado de fora. — Vamos embora Baekhyun, já fizemos nosso trabalho — Ouvi seus passos se afastando e logo eu voltei a gritar.
— Por favor me tira daqui! Alguém me ajuda! — Gritei mas eu sabia que ninguém me ajudaria. Àquela hora todos já haviam ido para suas casas ou faziam suas coisas.
Tateei a parede em busca do interruptor e acendi a luz. Era o armário do zelador com vassouras e desinfetantes em prateleiras, além de baldes, panos e outras coisas. Não havia janelas. Eu estava completamente preso.
Suspirei e escorreguei pela parede oposta a porta, puxando minhas pernas para perto do meu peito e as abracei, escondendo o rosto. Imaginando o problema que me meteria em casa, a preocupação da minha mãe sobre onde eu estava.
Será que se eu estivesse com Yoongi eu não estaria aqui? O que será que ele está fazendo agora? Por que não me levou com ele? Por que não me atacam quando estamos juntos? Por que sou tão fraco?
As perguntas se acumulavam em minha cabeça. E eu sabia que elas não parariam tão cedo.
Jimin sempre me disse que eu sou inseguro e volúvel, sempre deixo as pessoas me controlarem ao invés de tomar minhas próprias decisões e por isso não sei lidar em situações de pânico.
E agora, sem Jimin para me ajudar com meus problemas, eu tinha que encontrar um jeito de sair a não ser que quisesse ficar preso aqui até amanhã.
Me levantei e comecei a mover as coisas, tentando encontrar algo, qualquer coisa. Mas não havia nada, nem mesmo algum duto de ventilação que nos filmes as pessoas que estão presa usam para sair de onde estão. Me sentei mais uma vez naquele mesmo canto e me encolhi, fechando os olhos. Não tenho mais nenhuma esperança de sair daqui.
Um som irritante de metal batendo em metal me despertou, nem chegava a ser um som alto, parecia distante, mas ainda assim se fosse de dentro do colégio isso podia significar a minha saída. Me levantei e bati várias vezes tentando chamar a atenção de quem quer que fosse que estivesse fazendo aquele barulho.
— EI! ME AJUDA! AQUI! POR FAVOR! AJUDA! — Gritei o mais alto que pude, guardei silêncio por alguns segundos e recomecei a gritar. Minha garganta estava começando a doer quando ouvi passos correndo pelo corredor. E então o som seco de algo caindo no chão e coisas metálicas se chocando.
— Quem está ai? — A pessoa perguntou do outro lado, sua voz rouca e grave soou familiar na minha cabeça mas não consegui ligar a voz a um rosto.
— Jeon. Jeon Jungkook.
— Deixe-me adivinhar, te trancaram ai dentro — Ele falou e ouvi como ele soltava uma baixa risada. Vi quando a maçaneta começou a se mover e então o som das coisas metálicas se chocando de novo, algo caiu no chão e depois, nada. Eu não sabia o que ele estava fazendo, mas esperava que ele conseguisse me tirar daqui. — Pronto! — Ele falou e então a porta se abriu, e diante de mim estava Taehyung. Mais uma vez ele me salvou. — Eu arrombei a porta, não é tão difícil quanto parece, só saber o que usar — Ele falou e se abaixou, pegando uma mochila que ao ser erguida fez o som dos metais se chocando. — Já que cumpri minha cota de ajuda a humanidade hoje, nos vemos — Ele falou batendo os dedos na testa e se virou para ir embora com a mochila no ombro, o capuz de seu largo casaco cobrindo os cabelos coloridos. Peguei minhas coisas e o segui para fora da escola, mas parei estático quando vi os armários do corredor.
— Taehyung! — O chamei e ele parou de andar para se virar e me encarar.
— Que?
— Foi você?
— Sim, por que? Vai me dedurar, não que fosse novidade.
— É incrível — Falei observando a reprodução de Van Gogh.
— Essa escola gosta de dizer que é de artes, mas eles não apreciam todos os estilos, guarde na memória, pode ter certeza que vão querer limpar depois — Ele falou e eu continuei olhando, e quando o ouvi se afastar mais uma vez, não o chamei. É realmente lindo.
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