DEVILISH

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Algumas pessoas estão muito habituadas a estarem rodeadas de pessoas, a conversarem e a se divertirem para conseguirem sobreviver a algumas horas de silêncio e solidão. Algumas pessoas se prendem a relacionamentos, mesmo quando não sentem nenhuma chama da paixão ou aquele ingenuo sentimento do qual fez você se sentir atraído por aquela pessoa no princípio, apenas para não se sentirem sozinhas e não terem com quem passar a noite sem alguém te abraçando para dormir. A idade também desperta o desespero das pessoas a buscarem alguém, elas passam a ser menos seletiva, perdem o "tipo ideal", apenas porque querem alguém que goste delas e queira passar algum tempo ao seu lado.

As pessoas que não sabem viver com a solidão, não conseguem compreender o que ela significa. As pessoas só veem a solidão como algo ruim, como se estar sozinho significasse apenas não ter nada e ninguém. Mas não precisa ver apenas o lado ruim dela, a solidão não deve ser apenas um momento de tristeza, mas um momento de reflexão, pois a solidão é o modo que o destino encontra para levar o homem a si mesmo, ao melhor de si mesmo, aquele que nem sabia que existia até ser encontrado.



[ J U N G K O O K ]

O dia em que voltei ao colégio, quando em recuperei da virose, a primeira coisa que me atingiu foi ver o lugar que usualmente Jimin ocupava vazio, esse impacto foi direto em meu emocional. O segundo impacto foi físico, foi bem no meio do refeitório. Um pé foi colocado no meu caminho enquanto eu procurava uma mesa para comer, e quando eu caí no chão, estatelado sobre o prato de comida que eu havia escolhido, que manchara a blusa de meu uniforme. Eu estava prestes a me levantar quando senti algo gelado me atingir, algo que molhou totalmente minhas costas, alguém havia derramado leite de soja.

Eu havia achado que toda essa história de Borboleta houvesse acabado, mas foi provado o contrário.

Eu havia até esquecido disso pelo tempo em que nada havia acontecido comigo no periodo em que Jimin aparecera, ou teria sido o fato de andar junto de Taehyung ou Yoongi? Eu não estava com nenhum deles aquele dia, o que é esquisito, já que, apesar de Taehyung estar sempre envolvido em alguma confusão e consequentemente indo para a direção, eu não o havia visto em nenhuma parte. E Yoongi, que havia falado que eu devia voltar para a escola quando me visitou em casa, convenientemente, não havia aparecido aquele dia. Acabei voltando para casa mais cedo aquele dia, pois o cheiro do leite de soja estava incomando meu nariz com o passar do tempo.

Aquilo permaneceu acontecendo mesmo com as provas, parecia que eu havia virado a bola de estresse pessoal do Jin e seus seguidores. Mesmo sem o simbolo da borboleta a nuca, todos os dias eu voltava para casa com mais e mais novos machucados, para onde quer que eu olhava haviam marcas roxas, vermelhas e amareladas em meu corpo.

E isso retirava completamente o alivio de terminar cada prova.

Hoje é o utimo dia da semana de avaliações. Uma semana extremamente desgastante para todas os alunos que passaram aquela semana estudando feito condenados para resumir todo o material dos ultimos dias, encontrar matérias que estavam faltando, pegar anotações do amiguinho inteligente, ou simplesmente desenvolver a melhor e mais eficiente cola que desse para passar com pelo menos 7 na média, algumas vezes ainda havia mais de uma prova por dia e eu só esperava não levar bomba em todas as matérias.

— Ei, ei, ei, pequeno ratinho, para onde vai? — A voz de Namjoon me assustou. Eu estava saindo pelo portão da escola quando ele segurou meu braço, me impedindo de continuar a andar. Seus olhos eram perversos, seu sorriso era malicioso e seu rosto irradiava crueldade e domínio. Eu sentia medo dele, de seu olhar e os pensamentos por trás de seu sorriso, sentia medo principalmente do que ele era capaz de fazer.

Quando ele começou a me puxou, e me jogou dentro de um carro negro, eu senti que aquele poderia ser o meu fim. 



[ N A R R A D O R ]

Namjoon empurrou Jungkook para dentro do carro preto, o carro era tão escuro que Jungkook demorou para se adaptar com o interior do veículo. Quando seus olhos se adaptaram ele pôde ver que não estava sozinho com Namjoon, havia mais alguém ali. 

Seokjin estava ali.

Jin olhava intensamente para Jungkook. Um olhar que deixava Jungkook desconfortável. Ele se encolheu no assento como se fosse um pequeno animal indefeso que estivesse com medo de seu predador, aquele que rasgaria sua pele e comeria sua carne. 

— O ano está acabando, Jungkook, acho que você merece um pequeno presente por ter sobrevivido a ele — Jin falou justo quando o veículo parou em frente a uma casa com uma aparencia abandonada. Algumas telhas haviam caído do telhado e a grama crescia desordenada, a pintura estava gasta e haviam rachaduras. 

— O que eu estou fazendo aqui? — Jungkook perguntou olhando para Seokjin, não olhando diretamente pois ele não se sentia confiante o bastante para isso. Seokjin lhe dava muito medo para ele sequer lhe olhar nos olhos. Sem obter resposta, ele olhou na direção de Namjoon, mas foi surpreendido com um pano umidecido em algo com cheiro forte que deixou Jungkook desnorteado, ele fechou os olhos, tentando controlar a tontura, mas só piorou quando ele abriu os olhos e viu tudo girando. 

Jin foi o primeiro a sair do carro, seguido de Namjoon que havia voltado a agarrar o braço de Jungkook. Toda vez que Jeon piscava os olhos ele se via em outro lugar, como se fossem pequenos flashes de uma discoteca e ele mal percebesse como o movimento ocorria. 

O sol já estava se pondo. Eles entraram dentro da casa, ela não tinha eletricidade por isso as sombras só cresciam. Um colchão puido e sujo estava no meio do que devia ser a sala que esstava coberta de poeira. A abertura no teto dava entrada a unica fonte de luz, a lua que subia, ganhando espaço no céu.

Jungkook se sentiu caindo no colchão. Imaginava que aquilo que inalou era alguma droga e ele não sabia o que podia fazer, não teria como fugir já que não sabia onde estava e principalmente o que fazer, já que os dois estavam ali, o observando. Sua tontura estava maior e ele se sentia fraco. Tinha vontade de dormir. 

Ele sentiu o blazer de seu uniforme sendo puxado. Jungkook esticou as mãos, quando sentiu alguém tentar abrir o botão de sua calça mas teve suas mãos empurradas. Sua calça foi puxada junto com sua roupa de baixo. 

Seu corpo foi girado, ficando com o rosto afundado no colchão. Namjoon foi para trás de si, puxando sua cintura para que erguesse seu quadril e sem esperar o penetrou. Jungkook sentiu seu corpo em chamas. Uma dor surgiu da base de sua coluna e irradiou por todo o seu corpo. Ele gritou, fechando os olhos com força e apertou o colchão com suas mãos, suas unhas rasgando o tecido frágil e velho.

Jungkook não sabia quanto tempo aquilo havia durado, ele apenas sentia dor, não sentia nada mais além disso mesmo quando Namjoon se afastou e, já com as roupas arrumadas parou ao lado de Seokjin que passou todo aquele tempo observando o desarrolar da cena. Ele se aproximou e, com o pé, girou o corpo de Jungkook que gemeu de dor. Kim inclinou o tronco, para olhar no rosto de Jeon, cujos olhos estavam meio abertos, mas não realmente focando em Jin, mas na lua que estava parada exatamente naquela abertura do telhado.

— Pobre Borboleta, sua inocencia foi retirada e você nem pode desfrutá-la com quem ama. O que será dessa pobre e suja Borboleta quando estiver sozinha? Você pode não nos ter mais em sua vida por ser nosso ultimo ano, mas também não terá ao seu doce Yoongi. Ele não se importar realmente com você, acha que ele vai se importar com um desprezível e inútil garoto quando tem a faculdade dos sonhos o esperando e toda uma vida? — A pergunta não era pra ser respondida, mas Jin parou mesmo assim de falar, um sorriso se formando em seus lábios ao ver uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto do mais novo — Espero que se lembre do presentinho de despedida.

E com essas palavras o casal saiu. Deixando Jeon abandonado, sozinho naquela casa abandonada. Com dor, sangrando e chorando.



C O N T I N U A...

Devilish [TaeYoonKook]Onde histórias criam vida. Descubra agora