Eu estava andando de cabeça baixa, cada passo em direção a escola parecia uma grande tortura. O cadarço do pé esquerdo estava desmarrado e eu tinha preguiça de me abaixar e fazer o nó. O vento fazia meus cabelos se moverem de forma desordenada e eu não me surpreenderia se parecia se me olhassem de cara feia quando chegasse n escola, mas quando é que não me olhavam torto?
- Olha só quem vem ai! - Ouvi alguém falar em tom de deboche e quando ergui a cabeça vi três garotos. Um deles era alto e tinha os cabelos tingidos de um vermelho escuro além de ter os olhos chamativos pelas olheiras que possuia debaixo deles, os outros dois tinham quase a mesma altura sendo um loiro e outro tinha as madeixas alaranjadas. Ele faziam parte daquele grupo que me atacou quando me transformaram em uma "borboleta", a figura ainda não havia desaparecido, mesmo depois de esfregar tanto a região parecia uma marca permanente em minha pele, mas ela não era a unica marca já que os hematomas da última agreção ainda estavam em minha pele, escondido de olhos alheios por baixo de minhas blusas de manga comprida e calça. - Ei, borboleta, chega ai! - O loiro falou e mesmo a contragosto fiz, afinal, que outra opção eu tinha se aquele era o único caminho para a escola, mesmo sendo um caminho praticamente deserto. Me aproximei a passos tão lentos quanto já andávamos. Ao me apoximar notei como o garoto loiro tinha traços delicados em seu rosto, mesmo tendo um sorriso cínico brotando em seus lábios - Passa o dinheiro do almoço. - Suas palavras me deixaram sem ação. Jura? Isso está acontecendo mesmo?
- Está pensando que vamos ficar aqui esperando? Anda moleque, passe para cá a grana! - O mais alto parecia tem pavio curto, ele me empurrou pelo ombro até me chocar contra a parede que tinha ao lado, um golpe direto na minha escápula. No segundo seguinte senti minha mochila ser arrancada e entregue ao ruivo que abriu a mesma e jogou tudo no chão, se agachando para pegar a cateira e entregou ao loiro que a abiu e viu que nela não tinha nada mais que três notas de baixo valor.
- É só isso o que você tem? - Ele falou erguendo as notas e eu acenei com a cabeça, um pouco envergonhado. - Hmpf. Isso aqui não dá pra comprar nem uma cartela de yakult - ele abriu um sorriso maldoso de repente. - Acho que você não vai se importar de dar isso para a gente, certo? - Ele perguntou, mas não me deixou responder. Ele deu as costas para mim e estalou os dedos, como um comando.
Senti um golpe ser dado em meu rosto e eu perdi o equilibrio, caindo no chão pela força usada. Um filhete de sangue ecorreu de meus lábios até cair de meu queixo. Ergui minhas mãos para tocar minha boca, mas parei antes disso ao ver minhas mão arranhadas e sangrando um pouco pelo atrito que fez com o chão quando caí. Senti vontade de chorar quando a palma da minha mão e a mandíbula começou a pinicar e temi que estivesse deslocada. Passei a mão pela calça, tentando ignorara dor local e fechei os olhos, controlando a respiração quando senti a vontade de chorar aumentar e o nariz começar a fungar. Por que faziam isso?
Abri os olhos e me surpreendi ao encontrar um par de tenis da puma parado a minha frente, eu nem tinha ouvido a aproximação. Temi que fosse mais um deles, mas ergui os olhos, me surpreendendo ao encontrar Jung Hoseok, o garoto do comitê de boas vindas que era tão misterioso quanto os demais alunos do colégio. Eu não sabia absolutamente nada sobre ele, que mesmo sendo parte ativa do corpo discente e a ligação com o docente, eu mal o via nos corredores do colégio e até diria que não passa de cinco as vezes que falei com ele.
- Você está um caco - Ele falou e se agachou a minha frente, tirando um lenço do bolso no processo. Ele não hesitou em erguer a mão que segurava o pequeno tecido branco e estender até meu rosto, secando o sangue que escorria. Me surpreendi com seu gesto, éramos tudo menos amigos.
- Obrigado - Falei quando ele se afastou o pano, agora manchado, e cruzou os braços sobre o joelho. Seu olhar era vago e a expressão vazia. Ele então focou em mim e começou a falar.
- Você tem que tomar cuidado ou acabará morto até o fim do ano. Eles não desistem até destruírem sua vida e sua mente, não brinco quanto a isso. Ano passado um garoto se jogou do terraço e temo que você cometa algo assim se não for forte o bastante.
- Por que ninguém os impede de continuar com isso? - Perguntei por fim e ele suspirou.
- O mal é como uma árvore grande e velha. Tem ramos e galhos finos que podem se quebrar com o passar do tempo e as condições, mas as raízes ficam escondidas estão sempre mais profundas e firmes, havendo maior dificuldade para extinguí-la, pois não será cortando o seu tronco que ela morrerá. O diretor sabe do que está acontecendo, mas você deve ter percebido que nem tudo acontece nos terrenos da escola, então ele não tem nenhum poder para agir - Hoseok falou e se levantou, esticou as mãos na minha direção e me ajudou a levantar, deu curtos passos até onde minhas coisas estavam jogadas e as recolheu - Aqui está. Ande, vamos antes que cheguemos atrasados demais para não entrar no colégio.
Fomos o restante do caminho em silêncio e ao chegar no prédio nos separamos, indo para cada sala. Ainda haviam alunos perambulando pelos extensos corredores, chegamos a tempo de passar pelos portões e nenhum professor havia entrado e fechado a sala. Fui para minha cadeira habitual e abaixei a cabeça, a repousando em meus braços que estavam dobrados na superfície da mesa, fechei os olhos ouvindo o burburinho de conversas ao meu redor, tentando ignorar rodo aquele falatório que parecia ficar cada vez mais alto conforme mais e mais pessoas falavam.
- Alunos, silêncio! - O professor entrou em sala dando a ordem e todos se aquietaram, sentando-se em suas cadeiras, o barulho dos pés de ferro da cadeira sendo arrastados, arranhando o chão produzindo um barulho alto e irritante. - Um novo aluno se juntará a turma a partir de hoje, recebam bem seu colega.
- Meu nome é Park Jimin, espero que possamos ser bons amigos.
Aquela voz.
Ergui a cabeça e encarei o garoto parado diante da turma. Cabelos loiros brilhantes, iluminados pela luz da sala, um óculos de aro redondo repousava em seu nariz e um belo sorriso em seus lábios cheios que reduziam seus olhos a duas crescentes.
Definitivamente era ele, Park Jimin, meu melhor amigo desde sempre.
Seu sorriso pareceu se alargar quando seus olhos pairaram sobre mim, ele ergueu a mão direita e ajeitou os óculos, empurrando eles para cima.
O professor mandou ele se sentar e ele veio diretamente para a cadeira ao meu lado. Ele se inclinou para falar comigo, mas a voz alta do professor o fez parar no meio do caminho e todos os olhos se voltaram para a porta que se abria mais uma vez e por ela entrava Taehyung.
- Atrasado, ficará na detenção.
- Sei que você não vive sem mim, professor Lee - Ele falou retirando o pirulito da boca e rodando ele num gesto cinico para o professor antes de voltar a coloca-lo na boca e se sentar na unica outra cadeira vaga que tinha na sala, justamente na frente de Jimin que percebi que encarava o mais velho com bastante atenção e curiosidade.
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Devilish [TaeYoonKook]
FanfictionJungkook acaba de ser transferido para um colégio de artes em Daegu e se encontra em perigo ao se envolver e conhecer a história de seus alunos - principalmente a história do artista encrenqueiro e a do misterioso pianista. [Disponibilidade também n...