Meu coração aumentou suas batidas. Eu sentia meu corpo esquentar como se eu estivesse em uma casa de banho e eu sabia que o meu rosto estava mais vermelho que o normal.
Eu sentia um formigamento nas pontas dos meus dedos, insinuando o meu desejo por tocá-lo, por passar meus dedos por toda a superfície de seu corpo apenas para provar a mim mesmo que ele estava realmente ali e que não era fruto da minha imaginação.
Um sorriso bobo se formou em meus lábios, um sorriso que eu não pude reproduzir nesse tempo em que ele esteve ausente.
Yoongi havia voltado, e isso significava que eu não estava mais sozinho. Mesmo que ele mantivesse esse rosto impassível a todo instante, eu sabia que ele estaria lá por mim. Eu passaria horas e horas ouvindo sua voz monótona, seus longos discursos sobre a razão da existência humana e não me cansaria nem mesmo um segundo de passar um longo tempo ao seu lado, observando os seus mais mínimos traços. O formato de sua boca e as ranhuras de seus lábios, o formato de seus olhos e os longos cílios que o adornam, a ponte de seu nariz e o caimento de seus cabelos que cobrem a sobrancelha.
— Jeon, poderia se sentar? — A voz da professora quebrou todo o encanto daquele momento em que apenas nos encarávamos sem nenhuma troca de palavras. Antes dele me soltar, senti como se ele falasse algo para mim. Que queria conversar comigo, e para aquilo assenti e fui me sentar junto a Jimin que observa a tudo aquilo com a mais intensa curiosidade. — É bom tê-lo de volta, Min — A professora Kang falou, ela havia dito aquilo da boca para fora, dava para notar que ela preferia estar fazendo qualquer coisa ao inves de estar dando aula às sete e meia da manhã, mas mesmo assim não pude evitar sorrir mais uma vez, já que aquelas palavras resumiam tudo o que eu sentia.
Durante a aula, não consegui prestar atenção um só instante, meu olhar sempre pairava sobre Yoongi. Eu o via copiando o que a professora escrevia no quadro, mas não conseguia fazer o mesmo, parecia que minha mente não parava de pensar nele, não conseguindo se focar em nada além da sua presença bem ali a alguns metros de mim.
(...)
Quando a aula acabou, recolhi minhas coisas o mais rápido possivel para poder acompanhar Yoongi, mas assim que eu levantei o olhar vi sua carteira vazia. Arregalei os olhos, assustado e corri na direção da porta, ignorando os chamados de Jimin as minhas costas.
No corredor vi de relance sua cabeleira loira entre a multidão, já estava quase alcançando a porta que dava ao exterior. Eu nem sabia que ele conseguia andar tão rápido assim. Corri, desviando das pessoas, torcendo mentalmente que ninguém me atrapalhasse para alcançá-lo.
Eu já estava sem a esperança de encontrá-lo quando abri a porta.
Vi aquele mar de alunos que formava o corpo estudantil do colégio, uns caminha do para a saída e outros conversando enquanto esperavam a carona ou simples não queriam se despedir dos amigos, mas em nenhum instante vi Yoongi entre eles.
Fechei os olhos, abaixando a cabeça, respirando fundo, decepcionado.
— Ya! Jeon Jungkook!
Ergui a cabeça num estalar de segundos, virando ela para a direita, na direção que soou a voz e ali estava ele com sua cabeça meio tombada para a esquerda e as mãos nos bolsos da calça.
Um sorriso se instalou em meus labios e eu rapidamente desci os degraus e corri na sua direção. Antes que percebesse o que fazia, meus braços estavam o abraçando, invadindo seu espaço pessoal como se meu corpo tivesse vida própria.
Logo nos primeiros dias, eu havia notado como ele era retraído e não gostava de contato físico, estava sempre evitando que as pessoas encostassem nele enquanto ele tinha de andar pelos corredores do colégio e sempre que tinha que me tocava eram por meros instantes. Foi pensando nisso que percebi que, em todas as vezes anteriores, fora ele quem havia iniciado a aproximação e agora eu havia quebrado qualquer barreira que ele mantinha para se proteger do mundo.
Eu havia surpreendido a mim mesmo por tomar uma decisão dessas, e aparentemente a Yoongi também. Ele estava feito pedra, não havia movido um músculo para retribuir o abraço e isso era vergonhoso. Senti minhas bochechas esquentarem enquanto o nervosismo tomava conta de meu corpo, era estranho, embaraçoso, eu me sentia envergonhado por ter tomado uma atitude tão impulsiva, mais ainda por não ser recíproco.
Me afastei dando um passo para trás, rompendo o abraço, a cabeça abaixada para tentar esconder minha vergonha. Eu sentia minhas mãos suarem de nervoso e eu as coloquei atrás das costas para que ele não notasse. Eu sentia seu olhar penetrante. O silêncio era desconfortável e assustador.
— Jeon? — Ouvi ele falar depois de uns instantes.
— Hm? — Fiz um som apenas para que ele soubesse que eu estava ouvindo, e como não ouviria se eu estava a apenas um passo de distância?
— Não é educado não olhar nos olhos de uma pessoa quando ela está falando com você — Yoongi falou, e desta vez ele me surpreendeu ao tocar meu queixo com as pontas de seus dedos, me fazendo erguer a cabeça e encará-lo. Minhas bochechas coraram mais e eu senti a minha boca ficar seca de repente.
— Desculpa — Falei com a voz alguns tons mais baixo que o meu usual, como se temesse ser castigado por ele. Ele abaixou a mão, mas continuamos a nos encarar. Era estranho estar assim, tão perto dele daquele jeito, ao mesmo tempo em que não era já que ainda estavamos bem na parte da frente do colégio, onde todos podiam nos ver, e não em algum cômodo que nos desse privacidade para falar e agir como bem quiséssemos. Lembrar que ainda estávamos no colégio me fez olhar em volta. Não havia mais tanta gente como antes, mas aqueles que ainda estavam ali nos encaravam com atenção, como se estivessem curiosos em saber o real significado por trás da conversa que estavamos tendo bem ali.
— Vamos embora, para um lugar quieto — Yoongi falou, trazendo minha atenção de volta a ele a tempo de vê-lo virar para a esquerda e começar a andar em direção ao grande portão que limitava o território do colégio e eu o segui, não querendo perdê-lo em nenhum instante. Só a sua presença, o observar de suas costas, o som de seu andar, o movimento que fazia seu cabelo ao ser atingido pelo vento me transmitia paz como eu nunca havia sentido antes de seu regresso. Eu não precisava que ele mantivesse uma conversa comigo para me fazer sentir bem, apenas a existência dele ali me dava tudo o que eu sentia falta, como se ele fosse um pedaço de mim que havia desaparecido, mas finalmente havia voltado a se encaixar.
Era estranho.
Eu nunca havia sentido nada disso antes.
Mas era exatamente assim que Yoongi me fazia sentir.
— E então, o que aconteceu enquanto eu estive fora?
C O N T I N U A...
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
N/A: Só para esclarecer uma coisa...O Jungkook não sabe identificar o que ele sente pelo Yoongi, se ele o vê como um amigo ou se sente algo a mais.
Para quem não se lembra, em um outro momento da história ele havia dito que não era gay e tal, mas a verdade é que ele nunca se apaixonou ou gostou de alguem antes então ele não sabe definir o que realmente sente e, principalmente, ele não sabe quem ele é.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Devilish [TaeYoonKook]
Hayran KurguJungkook acaba de ser transferido para um colégio de artes em Daegu e se encontra em perigo ao se envolver e conhecer a história de seus alunos - principalmente a história do artista encrenqueiro e a do misterioso pianista. [Disponibilidade também n...