Devilish [TaeYoonKook]

SOFRIMENTOS, PRAZERES E DELÍRIOS

N/A: Vou colocar toda a dor de Jungkook num capitulo só para não ser cansativo nem para mim e nem para vocês. No proximo as coisas vão mudar, ok?

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Quando abri os olhos, ainda estava escuro. Pela primeira vez saboreei a morte, e ela tinha um gosto amargo, pois é nascimento, é angústia e pavor ante uma renovação aterradora. Eu ainda estava naquela casa a andonada. A lua não estava mais naquele buraco do telhado e por isso eu estava imerso nas sombras que haviam engolido o recinto. Eu ainda sentia o meu corpo doendo, com as fibras musculares sendo torcidos e dilaceradas de dentro para fora.

— Você acordou, estava preocupado — Uma voz soou como a mais bela melodia preenchendo meus ouvidos. Virei a cabeça na direção da voz e vi o expectro de um anjo brilhante, calmo e puro. Sentado ao meu lado estava Min Yoongi. Usando roupas brancas que transmitiam paz só de olhar. Seu rosto era sereno e mesmo na ausencia de luz eu podia notar sua beleza.

— Como me encontrou?

— Você não me queria aqui? Eu escutei seu chamado. Sinto não ter chegado mais cedo — Yoongi falava devagar, tentando manter Jungkook calmo, despreocupado. Novas lágrimas surgiram em seus olhos e escorreram por sua bochecha e Yoongi as secou, passando o dedo por sua bochecha em um suave carinho. Seu toque não lhe dava medo, desconforto ou dor, ao contrário, parecia morfina. Anestesiava toda a dor de Jungkook, como se desligasse seus nervos e sentidos, mantendo-o focado em Yoongi, e em Yoongi apenas. 

Jeon fechou os olhos, mergulhando nas sensações que os mais leves toques de Min Yoongi lhe proporcionavam quando sentiu algo gelado e úmido tocar sua pele. Era um pano que havia sido mergulhado em um pequeno balde de água que durante todo aquele tempo em que esteve ali Yoongi usara para limpar a Jungkook, limpar o semen e o sangue e livrá-lo do suor que era proporcionado pela febre que foi a reação natural de seu corpo. 

— Yoongi...  — Jungkook o chamou, sua voz saiu rouca e fraca, como se lhe fosse difcil de falar — Por que nos mandam sonhar e querem que sejamos ambiciosos se as coisas são tão dificeis de se alcançar? Os ideais serão algo que se possa alcançar? O mundo é repleto de estimas e leis arcaicas e confusas, por que criam leis se estamos tão desenvolvidos, não deveriamos ser capazes de compreender e distinguir o que é certo e o errado?  — Jungkook parecia tão curioso, tão esperançoso em ouvir a verdade, as respostas por tras de suas perguntas que, naquele momento, Yoongi parecia ser o unico que podia dá-las. 

— O senso comum é diferente de pessoa para pessoa e principalmente de país para país, pois mesmo que esteja inserio em uma sociedade, não necessariamente você vai concordar com tudo que seu lider decretar ser o correto. Pessoas que não concordam com o senso comum, preferem crer em outras formas de se levar a vida. Não poderíamos viver sem leis, pois o homem mesmo tendo se desenvolvido ao longo das eras ainda é um animal e tende a cometer atos selvagens. 

— Yoongi...  — Jungkook chamou mais uma vez. Ele estava em seu delirio febril. Yoongi havia notado isso, mas achava interessante como a mente de Jeon funcionava de forma diferente quando estava assim.  — A morte é a unica coisa certa, é a unica promessa feita desde o nascimento, aquela que não dá para ser contornada, então por que vivemos para temê-la, temer a nossa hora, temer a visita da morte, por que também não amá-la se é precisamente por causa da morte que a nossa vida vez por outra resplandece tão brilhante num breve instante?  — Yoongi sorriu e se aproximou mais de Jeon, passou a mão pelos cabelos umidos do outro e afagou, fazendo um suave carinho. Jeon voltou a fechar os olhos, e Yoongi deixou de acariciar sua cabeça, para fazer um suave carinho em sua bochecha.