EXILADOS

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N/A: De volta ao tempo presente

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Anteriormente em Devilish:

— Você não parece surpreso — Jungkook falou para Yoongi quando terminou de contar tudo o que sabia sobre a vida de Taehyung.

— Eu já conheço a história — Yoongi falou virando o rosto para o mar.

— Como? — Aquilo foi a unica coisa que Jungkook conseguiu dizer, e resumia basicamente tudo o que queria perguntar para entender as palavras do mais velho.

— Eu sei tudo sobre a vida de Taehyung. Nós dois... Nós éramos bem próximos. 

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YOONGI P.O.V

Era estranho ter aquela conversa com Jungkook. 

Era estranho ter que voltar a pensar no Taehyung e no passado.

Me levantei de onde estava, não queria continuar ali. O que devia ter sido um simples passeio estava começando a me incomodar. 

Eu tinha o hábito de planejar com antecedencia as coisas, planejar lugares para onde ir, como chegar lá, e até planejava as conversas que poderia ter com as pessoas, estas ultimas tinham varias versões, pois eu costumo prever como as pessoas vão interpretar as minhas palavras, era desta forma que eu sabia se eu devia continuar uma conversa, encerrá-la, ou nem mesmo comeá-la. Afinal, o ser humano pode se tornar previsível, mesmo em seus atos mais impulsivos, quando se conhece ele, como pessoa, a fundo, quando se descobre como ele pensa, como ele vê o mundo, como é seu senso de humor, como ele lida diante de situações que lhe fogem o controle, como ele se sente. A diferença era que poucos são aqueles que perdem alguns minutos de seu tempo para dar atenção à esses detalhes da humanidade.

— O que quer dizer? — Jungkook era insistente, eu tinha de admitir. Ele estava me seguindo enquanto eu começava a descer a rua em direção a um pequeno vilarejo que havia ali perto.

— Nós namoramos por, sei lá, nove meses no ano passado — Falei como se não fosse algo tão importante, com as mãos dentro do bolso do casaco e sem me importar de olhar para trás para ver a reação do garoto que estava a alguns passos atrás de mim.

— Uh~ Sério? — Ele havia parado abruptamente e eu decidi olhar para trás, olhar para ele. Seus olhos estavam arregalados e a boca escancarada, completamente surpreso. Eu não achei que o surpreenderia tanto, achei que ele soubesse, afinal, esteve andando com Taehyung enquanto estive fora, mas pelo visto o Kim havia omitido alguns detalhes de sua vida e eu não sabia o que pensar a respeito, apenas que ele havia cumprido com o que havíamos decidido com o fim do namoro. 

Não contar o que aconteceu no passado para qualquer um

Não dava para sair falando do passado. Haviam inúmeros riscos. Riscos que poderiam colocar alguém atrás das grades.Taehyung havia matado alguém para me proteger. Hoseok havia visto o que Taehyung fez e contado a Seokjin, qualquer um poderia ter denunciado a polícia, mas aparentemente Seokjin quis lidar com a situação sozinho, ou estava muito assustado para envolver os policiais no seu ciclo de terror. Num encontro entre os dois, Taehyung exigiu a Seokjin que parassem de me perseguir, em troca, Taehyung deixou o grupo e nós dois nunca mais fomos importunados e passamos a sermos vistos como "a escória do colégio".

É claro que não poderia contar para qualquer pessoa o que aconteceu. 

— Acredite no que quiser — Disse friamente a Jungkook e continuei a andar mas logo senti a sua mão agarrando o meu pulso e me impedindo de continuar a andar. 

— Você não está brincando comigo, está? — Ele perguntou e eu m virei para encará-lo.

— Por que eu mentiria? — Perguntei e ele deu de ombros, abaixando a cabeça e me soltando o pulso. — Achou que eu ou o Taehyung fossemos héteros? — Decidi perguntar e vi como Jungkook afirmava com a cabeça, mas ainda assim não a erguia para me encarar, parecia um pouco envergonhado e eu não compreendia o porquê. Me aproximei um passo dele e estiquei minha mão para tomar seu queixo e obrigá-lo a me encarar — Jungkook, você seriamente tem que deixar de ser cego para o mundo — Jungkook parecia desnorteado diante de minhas palavras e isso me deu graça, mas não sorri. Soltei seu rosto e continuei a andar na direção da vila, que estava mais próxima agora. 

— Como... Como começou? Digo, o namoro?

Ele me defendeu e cuidou de mim quando ninguém mais o fez. Me viu como uma pessoa e não como um inseto, tal como me intitulavam, ou como o garoto esquisito que não tinha amigos e ficava sozinho nos tempos vagos e fazia os trabalhos sozinho pois mesmo quando eram obrigados a formar grupos, ninguem queria estar com ele ou próximo a ele, como se ele tivesse lepra ou alguma que outra doença contagiosa. Ele disse que eu era bonito e me desenhava enquanto esperava que eu acordasse depois de ter desmaiado de dor. Era estranho pensar sobre isso, pois eu não encontrava um "ponto" em especifico para dizer como foi que simplesmente cruzamos a linha de meros "conhecidos que estudam na mesma escola" à amantes.

— Só... Começamos — Dei de ombros, mas sabia que esta resposta não era o bastante para ele, assim que suspirei, parando de andar e o encarei — A verdade é que, no ano passado, eu fui uma Borboleta, como você, e Taehyung me salvou. Foi daí que tudo começou — Falei e voltei a andar em direção a uma lanchonete que tinha ali e que parecia ser tão antiga quanto o próprio vilarejo. 

O vilarejo parecia abandonado, sua rua empoeirada por estar tão proximo à estrada com suas casas identicas pintadas de branco com portas de cor marrom com telhado de mesma cor, não havia sinal de ter pessoas circulando pelo lugar ou mesmo carros abastecendo no posto de gasolina a beira da estrada, todavia não parei de andar até chegar na lanchonete. Mas não cheguei sequer a entrar por conta das perguntas de Jungkook. As perguntas vinham atropelando umas as outras e isso já estava me cansando, parecia que aquele assunto havia ligado um botão dentro de si que mostrava um lado do garoto que até então eu desconhecia. Eu não teria dito a ele que conhecia a história de Taehyung se soubesse que ele ia reagir desta maneira. 

Por que ele tinha de ser tão curioso sobre esse assunto? Não poderia simplesmente deixar para lá? Por que se importava tanto com isso?

— Mas, por que terminaram? Deixaram de gostar um do outro? Deixaram de se amar? Não se amavam?

Não. O amor ou a falta dele não foi o que nos separou. Eu havia pedido que terminássemos ao invés de ter dito que o amava logo depois dele ter me falado àquela frase. Eu fui um covarde, como sempre fui. E me afastei de Taehyung quando passei a ter medo do que sentia, quando passei a me sentir culpado pelo que ele fez por minha causa. O amor se trata de alegria e temor, e o fato de só sentirmos medo quando damos poder a algo me apavorou. Quanda a culpa passou a se formar em pesadelos durante a noite e aparecia mesmo durante o dia quando eu acordava em seus braços, eu pensava que era um monstro, que era minha culpa e que eu não devia estar ali. Quando pedi que terminássemos, ele não disse nada. Eu o abandonei.

E ele deixou que eu fosse embora

C O N T I N U A...



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Devilish [TaeYoonKook]Onde histórias criam vida. Descubra agora