A chuva densa impossibilitava minha visão, as árvores altas demais me deixavam em estado claustrofóbico. Galhos chicoteavam meus pés e braços. O chão irregular da floresta me desorientava e meus grossos cabelos castanhos grudavam em minha face. Os pingos gelados da chuva me cegavam. Havia lama em toda parte e meus pés deviam estar enegrecidos assim como a barra de meu vestido.
Eu só sabia pra onde ir, pois uma mão tão gélida quanto a chuva guiava minha cintura enquanto eu empurrava galhos e folhas enormes, tentando de alguma forma possibilitar nossa passagem. Até que um maldito tronco me fez tropeçar e ir de cara ao chão lamacento da floresta. Resmunguei sentindo gosto de sangue em meus lábios e uma dor lancinante em meu joelho.
- Shhhhhh! Droga Diana. – Loki disse me fazendo revirar os olhos.
Pude sentir sua aproximação, e com uma mão em minha cintura me levantou e me virou de frente para ele. Seus dedos gélidos e ágeis inspecionaram meu rosto e retiraram os fios grossos e grudentos de meu cabelo do rosto, passou o polegar por meus lábios – que deduzi que estivessem sangrando – e tentou limpar meu rosto com as mãos.
- Minha cara tá cheia de lama! – Disse fazendo um muxoxo e tentando de alguma forma pressionar meus lábios que doíam muito.
Loki passou para a minha frente enquanto eu tentava de algum jeito arrumar meu vestido para que não arrastasse tanto no chão.
- Por que as mulheres não podem usar calças aqui? – Continuei resmungando enquanto ele empurrava as folhas para que passássemos.
Meus pés doíam e aposto que haviam pequenos cortes porque perdi o pequeno par de sapatilhas na nossa fuga. Thor tinha que aparecer logo agora? Estávamos na calmaria da casinha na clareira, e agora fugíamos como dois criminosos - bom, pelo menos Loki é um, eu não. - O clarão dos relâmpagos me faziam tremer e a chuva parecia ficar cada vez mais gelada nos lembrando o quanto o deus do trovão está irritado.
- Dá pra parar de reclamar e andar logo? - Loki disse entredentes.
Bufei e fui em sua direção batendo os pés com força. Começou tudo de novo, o asgardiano voltou a ser rude, ótimo. Minha paciência não é das melhores no momento, afinal essa coisa que estou vestindo me impossibilita de andar normalmente, parece que estou levando alguém nas costas. Molhado o vestido fica cada vez mais pesado.
Não faço ideia onde estou e nem pra onde Loki está nos levando, mas é nítido que ele conhece o caminho, então tentei ficar despreocupada. Lá na frente pude observar uma grande rocha com um grande lago ao seu lado. Os pingos de chuva castigavam meus olhos, o sono e o cansaço foram me deixando mais lenta.
- Você sabe nadar? - Pude ouvir a voz rouca de Loki através do barulho da tempestade.
Não acredito que teríamos que atravessar aquele lago todo até chegar sabe lá Deus onde. Engoli em seco e fiz um coque esquisito em meu cabelo tentando de alguma forma segurá-lo para que não grudasse em meu rosto novamente.
- Sim, mas com esse vestido eu só vou demorar muito mais e...
Loki puxou meu braço para que andássemos mais rápido e entrou no lago me trazendo junto com ele. A água parecia mais gélida que a chuva e me fez estremecer, parei no lugar onde estava e respirei fundo tentando tomar coragem, faz muito tempo que não nado, e não tenho ideia de qual é a profundidade desse lago.
- Vamos! - Esbravejou Loki me puxando. Neguei ainda parada enquanto ele me puxava pela mão. - Anda logo, Diana! Você quer que Thor nos encontre?
Olhei para Loki, e depois para o lago tentando arranjar coragem.
- Se eu morrer, a culpa é toda sua. - Respondi entredentes soltando sua mão e entrando no lago negro.
A passagem foi extremamente difícil por causa do maldito vestido, parecia que eu pesava 100 quilos. Loki me deixou ir na frente para vigiar a retaguarda, e para minha felicidade o lago não era fundo demais, aliás enquanto eu passava podia sentir o chão esquisito e lodoso que me fazia dar pequenos escorregões durante o trajeto, todavia dedos gélidos seguravam minha cintura mantendo meu equilíbrio.

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Redenção
FanfictionDiana O'connor é uma astrofísica que vive em Manhattan aprisionada pela rotina, sua única paixão é direcionada ao universo, planetas e constelações. Na madrugada de seu aniversário ocorre um alinhamento do Sol, Marte e a Lua o fenômeno que chamamos...