A luz do sol batendo na janela de meu antigo quarto me fez relembrar momentos antigos. Momentos em que eu ficava sozinha em minha companhia pensando o que eu faria depois de ter ido embora da casa de meu ex namorado, e é perceptível que estou de volta a mesma situação. Pra onde vou depois de tudo que eu vi? O que vou fazer se nem sei mais quem sou, e quais são meus poderes?
Thor e Frigga me trouxeram de volta à Midgard as escondidas. Haveria um julgamento para mim em Asgard e com certeza eu seria presa para o resto dos meus dias, porém a rainha intercedeu ao meu favor me trazendo de volta. Thor e a mãe forjaram meu assassinato como seu eu tivesse atacado o futuro rei de Asgard e ele se defendeu tirando minha vida. Fiquei um tanto aliviada por saber que eu não teria ninguém ao meu encalço ou querendo minha cabeça.
Os dois quiseram me dar notícias de Loki, mas eu simplesmente neguei e supliquei que me trouxessem de volta para Midgard. O jeito agora é tentar continuar minha monótona vida de professora de Astrofísica na faculdade, e tentar dar uma boa explicação para o reitor pelo meu chá de sumiço e fingir que tudo aquilo não passou de pesadelos esquisitos.
Ainda deitada em minha antiga cama, observei tudo ali e a tristeza começou a me corroer por dentro. Não havia mais vontade de sair e continuar a minha suposta vida normal, pois tantas coisas mudaram. Até eu mudei, tanto fisicamente como mentalmente. Pela segunda vez saio em frangalhos por meter os pés pelas mãos e fazer coisas precipitadas.
Nem Loki e nem meu ex namorado mereciam a atenção e o amor que eu lhes dei. Os dois quebraram meu coração e minha confiança de uma forma que não há como reconstruir. Meu desejo é que o gigante de gelo seja morto ou fique para sempre preso em Asgard e até mesmo que enlouqueça lá dentro, eu fui a última pessoa que quis salvá-lo e agora ele não tem nada.
Puxei meu caderninho verde. Frigga o resgatou para mim se esgueirando pelo palácio e entrando no quarto em que eu estava. Fiquei feliz por ajudar a trazer de volta a rainha de Asgard, mas não me importei em saber como foi sua recepção, apenas perguntei como acabei num dos quartos da pequena cúpula da Bifrost sendo examinada por Frigga, enquanto Thor mantinha o pai ocupado. Heimdall também estava lá e me olhava com seus piedosos olhos dourados.
Frigga me revelou que fui atingida pela Gungnir de Odin quando me soltei. Ele queria me matar ali mesmo, no entanto ela o convenceu de que Thor cuidaria disso como futuro rei. Assim que meu corpo foi levado para um dos quartos de Heimdall, a rainha começou seu pequeno processo de cura. Eu não podia ficar lá muito tempo. Conseguiram me esconder apenas por três dias até que enfim acordei.
Folheei as páginas e observei meus rabiscos. Algumas do palácio. Thor, Sif e Frandall em outra página, entalhados como deuses. Após isso apenas Loki. Tudo começou pelos olhos misteriosos, suas sobrancelhas grossas e angulosas. Depois disso seus lábios e o nariz fino. No começo de tudo eu não o desenhava por completo, somente ia registrando os traços que eu mais gostava nele, afinal, não era tudo que me chamava atenção enquanto a paz reinava entre nós.
Nas páginas a frente consegui captar seu sorriso irônico e as sobrancelhas arqueadas como se estivesse se divertindo as minhas custas. E parecia que ele sempre estava fazendo isso, e foi comprovado nesses últimos dias. A última página que eu havia desenhado captava a essência de Loki no baile. A primeira vez que nos beijamos foi incrivelmente intenso, nada se compararia àquilo. A imagem mostrava ele apoiado na bancada do terraço, algumas lanternas subindo e seu olhar sobre elas como se fizesse um pedido à Frigga. A cota verde e as partes da armadura intactas, apenas acrescentei algumas runas. Seus cabelos pouco abaixo da orelha.
Joguei o caderninho na parede. Eu não deveria estar pensando em Loki e em seus detalhes, eu o odeio. Ele me traiu e me deixou cheia de perguntas sobre o que eu sou ou o que deveria ser. Meu braço esquerdo doeu. Frigga me deu algumas instruções sobre como eu estava. O braço esquerdo quebrado, porém meu processo de cura estava muito mais rápido do que de uma midgardiana comum, então não era algo que deveria me preocupar. Ela disse que o impacto da Gungnir me mataria ou quebraria várias de minhas costelas, porém somente me fez desmaiar.
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Redenção
FanficDiana O'connor é uma astrofísica que vive em Manhattan aprisionada pela rotina, sua única paixão é direcionada ao universo, planetas e constelações. Na madrugada de seu aniversário ocorre um alinhamento do Sol, Marte e a Lua o fenômeno que chamamos...