Eu acho que faz quatro dias que estou nessa maldita cela e posso ter a completa certeza que minha sanidade não é uma das melhores nesse momento. Os dias são completamente monótonos e eu não vi mais a luz do sol, só consigo me orientar pelo fato de minhas refeições virem em certos momentos e preciso compartilhar que talvez o ''melhor'' momento que eu tenho nesse lugar é pedir para ir ao banheiro. As celas não tem o seu próprio e parece que aqui nem sempre todos precisam ir constantemente como eu, como se eu não pudesse ser considerada mais estranha.
O deus grego se fechou em seu mundinho literário após meu ataque de pânico, não me dirigiu mais uma palavra apesar de sentir seu olhar quase sempre sobre mim enquanto desenhava em um pequeno caderno esquisito que me deram. Eu desenhava tudo o que gostava e que me lembrava minha casa, desenhei também a criatura que falou comigo quando cheguei aqui e o asgardiano.
Estava jogada na cama minúscula daquela cela esperando o almoço, talvez?
Sentia-me desconfortável ali e pelo menos minha cobertinha preferida estava comigo, talvez aquilo fosse um sinal de que tudo daria certo depois, tá... Eu estou viajando não? Quem eu quero enganar me fingindo de despreocupada? Estou uma pilha de nervos e tentando me controlar para não ter mais um ataque de pânico com histeria. Eu precisava arrumar um jeito de sair dali por bem ou por mal.
O soldado loiro que me jogou aqui dentro no dia do meu aniversário apareceu na frente da minha cela, aquilo era um aviso para que ele pudesse me levar para usar o banheiro e tudo mais. Eu odiava tudo aquilo pelo fato de não tomar banho há dias e estar usando aquele vestido que depois de um tempo me deixou desconfortável.
- Vamos? – Disse ele em sua voz de trovão
- Claro! Preciso de babá para fazer xixi. – Respondi sorrindo irônica
- E como precisa. Se fosse usar o banheiro sozinha talvez quebrasse o nariz do Pai de Todos. – Disse imitando meu tom ácido.
- Eu ficaria muito feliz com isso. – A voz rouca e grossa do deus grego na cela a frente disse em um tom despreocupado folheando seu livro.
Meus olhos quase pularam das órbitas ao ouvir aquela voz de novo depois de dias, então quer dizer que o gato devolveu a língua desse asgardiano. Sim, finalmente eu aprendi o nome do planeta e a naturalidade deles.
- É o que?... – Apenas consegui dizer isso levantando da cama e olhando para o homem da cela.
Ele estava sem a cota verde o que mostrava sua camisa preta colada ao corpo. Ele era forte o que me deixou o admirando igual uma abestalhada por alguns minutos até o soldado loiro entrar na sala, colocar as algemas douradas em mim e me puxar pra fora da cela. O sorrisinho do asgardiano aumentou a me ver praticamente babando nele o que me fez voltar à realidade, olhei-o de cima a baixo tentando demonstrar desdém.
Já ouviu o ditado: Quem desdenha quer comprar? E com aquele deus grego eu estourava o limite do meu cartão sem me lamentar depois. Mas como é? Qual é o meu problema hoje?
- Vejo que o gato devolveu sua língua, não é mesmo? – Sorri usando meu melhor tom de deboche.
Suas sobrancelhas se ergueram em surpresa com minha volta à realidade tão rápida e fui arrastada pelo soldado loiro.
- Até que você foi uma boa atriz hoje, Senhorita O'connor. – Disse Aaron rindo baixinho enquanto me conduzia pelos corredores.
- Foi fácil te conquistar né, Aaron? Só ameaçar te dar uns socos e já está na minha mão. – Disse rindo de forma brincalhona.
Eu e Aaron nos tornamos amigos nesses dias em que ele me levava ao maldito banheiro, e eu não fazia ideia de que alguém naquele planeta poderia ser legal comigo e não me tratar como uma escória só porque sou humana.
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Redenção
FanficDiana O'connor é uma astrofísica que vive em Manhattan aprisionada pela rotina, sua única paixão é direcionada ao universo, planetas e constelações. Na madrugada de seu aniversário ocorre um alinhamento do Sol, Marte e a Lua o fenômeno que chamamos...