O despertar

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''Você se sente um jovem deus?

Você sabe que nós dois somos só jovens deuses

Estaremos voando pelas ruas

Com as pessoas abaixo

E elas estão correndo, correndo e correndo...''

 - Halsey, YOUNG GOD.

Sussurros...

Vozes abafadas e medonhas sussurram em meus ouvidos. Meu nome em seus timbres roucos fazem com que todo meu corpo se enrijeça de medo. Eu sei que estou de pé, andando como um zumbi pelo planeta extremamente gelado. Meus membros dormentes. Arrasto meu pés devagar.

Se quer saber, nem sei como saí de onde estava. Me lembro que recobrei a consciência enquanto vozes sussurravam meu nome de uma forma tão atrativa, que tenho quase certeza que meu corpo obedeceu sem que me desse conta de que já seguia o som. Meus pés não respondiam aos meus comandos e não levaram meu corpo para os braços aconchegantes de Loki, mesmo que estivéssemos estirados no chão coberto de neve.

A nevasca não dá uma trégua, o planeta coberto por gelo me amedronta. O vento uivando fortemente e não há nenhuma caverna para que eu possa me abrigar. Montanhas de gelo com estacas afiadíssimas criam o cenário dando um ar abandonado e extremamente sinistro.

- Diana... - A voz continua a me chamar.

Meus pés se apressam para seguir a voz que me chama. Senti que de alguma forma estou sendo observada, porém é difícil ter a total certeza já que a nevasca chicoteia meu rosto sem um pingo de misericórdia. Enquanto sigo arrastando os pés o chão se torna ingrime, a exaustão toma meu corpo e tenho medo de desmaiar aqui no meio do nada.

Onde estaria Loki, Frigga e Freyja?

Meus joelhos cedem e eu me ajoelho no chão gelado, alguns pedaços de minha armadura se soltam fazendo com que os flocos de neve entrem e machuquem a minha pele de tanto frio. Minhas mãos agarram o chão e trabalham arduamente para me levar à frente enquanto uma canção com meu nome começa.

Um sorriso se abre em meu rosto, uma voz maravilhosa entoa meu nome como uma das mais belas canções. Me levanto ainda vacilante, mas sigo freneticamente o som. A subida termina me deixando exausta, porém meu corpo e mente pareciam não se importar que meus membros pegam fogo de tanto esforço.

Ao chegar ao topo da pequena subida me deparo com um lago, que em algumas partes a água ainda continua em estado líquido. A água é de um azul quase negro, porém tem pontos luminosos e acima dela alguns feixes de aurora boreal começam a se formar. A canção continua, e a voz começa a se tornar conhecida.

- Mãe? - Eu sussurro.

Chego cada vez mais perto do lago e piso nas partes congeladas sem me importar que a qualquer momento o gelo poderia ceder. A conhecida canção de ninar que embalava meu sono quase todas as noites preenche o planeta e meus ouvidos. Procuro desesperadamente de onde vem o som, e lá está ela, sentada sobre as águas olhando para mim com uns ligeiros olhos amarelados.

- Mamãe... - Gritei. De meus olhos saltaram lágrimas que representavam minha nostalgia.

Seus cabelos achocolatados iguais aos meus grudados no pescoço, pareciam molhados, e seus olhos presos aos meus me hipnotizavam.

- Venha, meu amor. - Ela disse para mim. Seu sorriso maternal trazia o familiar sentimento de lar.

O gelo escorregadio desequilibrava meu corpo. Uma parte bem pequena sabia que em algum momento o gelo cederia e eu acabaria morrendo, porém 99% do meu corpo clamava pelos braços aconchegantes de minha mãe. Seu sorriso fez com que eu sorrisse também e me lembrasse de como o Texas era o melhor lugar em que eu poderia estar. Sempre fui muito caseira, amava minha família e era completamente apegada a minha mãe até que ela e meu pai foram arrancados de mim e meu inferno pessoal começou.

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