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Thomas' POV

11 anos antes

— O jantar tá na mesa. Thomas, Jessica, desçam agora! – minha mãe gritou pela terceira vez. Na quarta ela provavelmente viria até o quarto, então levantei pra descer.

— Promete mesmo que não vai contar pra ninguém? – Jess perguntou, ficando de joelhos na cama. Seus cabelos bagunçados estavam presos em um rabo de cavalo.

— Prometo. Eu já disse que prometo. Por que eu contaria pra alguém?

— Ele é seu amigo, imagina se um dia você deixa escapar pra ele que eu gosto dele, eu nunca mais vou conseguir olhar na cara dele! – exclamou, arregalando os olhos pra mim.

— Relaxa. – disse, rindo da cara dela. – Você é minha amiga também, eu prometo que não vou contar e muito menos deixar escapar, tá bom? – ela me olhou desconfiada por alguns segundos até acreditar na minha palavra e sorriu.

— Tá bom. Agora me ajuda. – falou, estendendo os braços pra mim.

Aproveitando a chance, peguei nas suas mãos e a puxei, com mais força do que o necessário. Ela deu um daqueles gritinhos de menina que me fez rir e, enquanto ela se equilibrava de pé, saí correndo pra chegar na sala de jantar primeiro. Antes de chegar na escada, eu já ouvi o barulho dela correndo atrás de mim. Sentei no corrimão e desci deslizando, como naquelas cenas de filmes que eu treinei muito pra fazer igual. Quando cheguei em baixo, pulei no chão novamente e corri até o cômodo seguinte, onde meus pais estavam sentados à mesa. Menos de 5 segundos depois, Jess chegou também, arfando e vermelha de raiva. Corri para a ponta da mesa oposta a ela.

— Isso não vale! Você não pode usar o corrimão! – gritou, vindo na minha direção.

— Você só fala isso porque não sabe fazer. – disse, sem conseguir parar de rir. Ela estava tão brava!

— É claro que é porque eu não sei fazer, bobão! – ela vinha se aproximando pelo lado direito e eu me afastava pelo esquerdo.

— Você corre bem mais que eu e eu não reclamo de apostar corrida com você!

— Você sabe correr, é diferente!

— É a mesma coisa. Admite logo que você não aguenta perder!

— Ei, vocês dois, dá pra parar? – meu pai nos interrompeu. – É hora do jantar, pelo amor de Deus!

Continuei de pé, pronto pra correr, até que Jess suspirou e se sentou ao lado da minha mãe. Fiz o mesmo do lado do meu pai, de frente pra ela.

— Muito bem. – meu pai falou novamente. – Liz fez o frango assado e o creme de milho que vocês tanto amam.

— Obrigada, tia. – agradeceu Jess, dando um beijo na bochecha da minha mãe.

— Valeu, mãe. – agradeci também. Ela sorriu pra gente, sempre achando engraçadas as nossas brigas.

Peguei um garfo e uma faca e me levantei para alcançar o frango. Minha mãe sempre cortava pra mim, mas eu pedi pra ela me ensinar porque eu queria colocar minha comida sozinho. Cortei um pedaço de cima, todo coberto de pele. Eu sabia que Jess adorava esse pedaço e era eu que sempre cortava pra ela. A olhei e ela estava ocupada colocando arroz no seu prato. Ela estava brava comigo, eu não devia servir pra ela, certo? Eu não tinha certeza. Então sendo certo ou não, eu coloquei o pedaço de frango no seu prato quando ela o abaixou. Ela me olhou surpresa antes de abrir um sorriso e servir um pouco de creme de milho pra mim e depois pra ela. Ela sempre servia o creme para mim também. Não porque eu não conseguia (como ela não conseguia cortar o frango sem fazer uma bagunça), ela dizia que era uma maneira de dizer obrigada por ter cortado o frango pra ela.

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