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Jessica's POV

"Qual é o meu problema?", eu pensei pela quadragésima primeira vez nos últimos vinte minutos. Eu tentava ao máximo prestar atenção no filme que a TV exibia, mas o meu cérebro insistia em me desobedecer. E o fato de terem escolhido um drama francês para tentar agradar todo mundo também não ajudava.

Nick estava sentado do meu lado, com um braço ao redor dos meus ombros, e aquele pequeno gesto estava me matando de angústia por dentro. Quer saber a melhor parte? Eu não me sentia nem no direito de reclamar, pois havia tomado a decisão estúpida de beijar ele pouco tempo atrás, só para aborrecer o Thomas. Eu precisava, urgentemente, começar a pensar nas consequências das coisas que eu fazia, mas esse tipo de preocupação parecia simplesmente voar janela afora em horas como aquelas.

Se você acha que não pode ficar pior, senta aí e escuta: não funcionou. Era de Thomas Evans que estávamos falando, o mocinho sentimental, do coração fraco, que, aparentemente, ainda guardava um espaço em seu coração para mim, então espera-se que ele fique ao menos mexido de ver a ex-namorada beijando o colega de fraternidade, mas não. Muito ao contrário, já que agora ele está lá em cima, fazendo nós-sabemos-o-que com a Nikki, no quarto da Nikki, onde ela dorme completamente sozinha e em uma das poucas camas de casal da casa. Porque ele não poderia ter seus rolos com uma Kappa normal, tinha que ser a líder de todas, não é?

E já que estamos tendo essa conversa, eu vou te avisar que sei, sim, exatamente o que se passa pela sua cabeça. Não é ciúmes. Eu sei que é difícil acreditar nas minhas palavras, mas eu te garanto, não é. É simples e pura frustração por ter tomado uma decisão estúpida buscando um fim que não se concretizou e sofrer as consequências disso à toa.

É assim que se faz, Jessica!

Eu me sentia até mal pelo garoto sentado ao meu lado. Eu abominava a presença dele ali e ele nem mesmo tinha culpa de nada, estava só fazendo o que ele deveria imaginar que toda garota gostaria que ele fizesse. Nick era o cara certo em uma hora muito, mega, extremamente errada.

Suspirei, cansada de ficar ali, chamando a atenção dele, que me olhou curioso. Desencostei do sofá atrás de mim, me virando para ele com o melhor sorriso que eu consegui formar naquele momento.

— Escuta, eu vou subir, tá? Tô com sono. – avisei.

— Tudo bem. Quer que eu vá com você?

— Não, não precisa. As garotas não iam gostar muito também. – disse e ele assentiu.

— Boa noite, então. – falou, se aproximando para me beijar.

Eu encarei aqueles lábios por vários segundos em pânico. Ele não beijava mal nem nada do tipo, mas eu pensei que aquela seria uma boa hora para dar início a minha missão "Deixe o Nicholas ir", então desviei, com o maior carinho possível em um momento como aquele, lhe dando um beijo demorado na bochecha.

— Boa noite. – disse, já me levantando numa rapidez exagerada, com medo de ouvir algum tipo de questionamento.

Eu posso ter balançado e quase caído de bunda no chão graças as doses de vodka mais cedo, mas ninguém precisava focar nisso.

Subi as escadas com a mesma pressa com que as desci, indo diretamente para o meu quarto. Ao abrir a porta, encarei o casal que continuava ali, agora me olhando tão surpresos quanto eu com a cena. April segurava algumas folhas de papel que aparentavam terem sido dobradas diversas vezes e uma caneta, mostrando algo nelas para o Luke. Eu passo 48 horas fora e esses dois adquirem vários segredinhos? Ah, não. Não no meu turno.

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