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— Olá, boa tarde. Boa tarde. Olá. Oi, boa tarde. Boa tarde. Olá, boa tarde. Com licença, a senhora pode...? Obrigada. Boa tarde.

Níveis de simpatia extremamente baixos e diminuindo.

Eu gostaria de ter uma armadura igual à do Homem de Ferro. Só pra ter noção do que estava acontecendo no meu corpo o tempo todo. E para eu sair voando por aí também, obviamente. Na verdade, eu gostaria de ser Tony Stark. O cara é podre de rico, é um gênio e tem várias armaduras. Ah, e ele é um vingador, o que significa que ele passa tempo com o Capitão América. Eu provavelmente seria gay. E com a Viúva Negra também, então, bi.

— Terra chamando Jessica, alô! Acorda, garota. – falando em bi, Mina passava a mão na frente do meu rosto e eu tenho certeza de que ela estava pronta para me dar um peteleco quando eu foquei nela. – Tá dormindo?

Parece que sim, já que eu estava parada no mesmo lugar, ainda com um bom monte de folhetos na mão, enquanto as pessoas passavam ao meu redor. Pessoas essas a quem eu deveria estar entregando os panfletos.

— Acho que esse sol tá começando a queimar meu cérebro.

Eu não estava mentindo, você poderia fritar um ovo rapidinho no topo da minha cabeça. Eu adoraria um ovo frito também. Ou uma coca bem gelada. Melhor, os dois.

— Vem, vamos sentar um pouco. – Mina disse, me puxando para a árvore mais próxima. Nos sentamos na grama mesmo, de frente para a fonte de água que parecia estar me chamando para cair nela.

Veja bem, essa era a semana em que nós divulgávamos o nosso projeto. Aquele da Julie de dar um trato nos animais de rua para que sejam adotados, você sabe. Então Julie, a chefona, nos separou em duplas e designou a cada dupla um lugar para entregar panfletos. Eu e Mina fomos premiadas, pelo menos era o que pensávamos, com o campus principal. Aquele lugar lindo e aberto que usam para promover a universidade. Sério, joga "UCLA" no tio google, vai nas imagens e baba.

Enfim, nós ficamos felizes, o lugar era perto e tudo mais. Isso até chegarmos lá e lembrarmos de um detalhe: não tinha árvores naquele inferno! Ok, até tinha algumas aqui e ali, mas, basicamente, 70% era sol. E não um sol qualquer, mas o sol das 3h00 da tarde! E se você está pensando "Por que não escolhem uma sombra e ficam lá?", eu te respondo: as sombras são tão poucas que são os lugares em que o pessoal para pra conversar, sentar, ler, ouvir música, ou seja, o movimento mesmo só acontecia no sol. E eu estava há pelo menos uma hora naquele bendito sol. Agradeci a todos os deuses do mundo por ter colocado um vestido naquele dia, afinal, eu poderia ter colocado uma calça, como a Mina. E aí havia uma chance de que, neste momento, eu não só estivesse jogada dentro daquela fonte, como também só de calcinha.

— Você acha que a Julie vai ficar muito brava se eu guardar o resto desses panfletos para amanhã? – perguntei, encarando a pequena pilha de papéis que eu ainda tinha na mão.

— Provavelmente. Ela tem mais 150 prontos para amanhã. – Mina respondeu e eu encostei a cabeça na árvore atrás de mim e suspirei. Não é como se eu já não esperasse aquilo, mas doía ouvir.

— É por uma boa causa. É por uma boa causa. É por uma boa causa. – repeti. Eu ia fazer daquele o meu mantra naquela semana.

— Escuta... Você já pensou em alguma coisa?

Eu sabia que ela estava se referindo à nossa vingança porque tudo o que fizemos nos últimos dois dias foi pensar em ideias para aquilo. Até aquele momento, nenhuma parecia boa o suficiente.

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