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"Como os estupros nas universidades dos EUA se tornaram um escândalo."

"Em universidade nos EUA, alunas que denunciam estupros acabam punidas por código de honra."

"Estupros disparam nos EUA por cultura do futebol americano."

"Universidades dos EUA são investigadas por ignorar casos de estupro."

"Documentário The Hunting Ground, um olhar profundo ao estupro no campus."

"End Rape On Campus, uma organização de advocacia dedicada a acabar com a violência sexual através do apoio a sobreviventes..."

— O que tá fazendo?

Em um movimento rápido, eu fechei meu notebook com mais violência que o necessário e dei um pulo no meu próprio lugar, como se estivesse cometendo algum crime.

Se eu não me sentisse tão estranha em qualquer ambiente daquela universidade nos últimos dias, parecendo estar vivendo em território inimigo, eu provavelmente teria reconhecido sem esforço algum a voz da Mina atrás de mim ao invés de qualquer outro ser humano que poderia concluir que eu estava conspirando contra a UCLA... O que não deixava de ser uma verdade parcial.

— Sendo paranoica. – respondi para mim mesma.

— O quê?

— Nada. – voltei a abrir o notebook. – Só tô fazendo umas pesquisas, recolhendo material para a reunião de amanhã.

Porque sim, Katy finalmente aceitou nossa ajuda para conversar com a diretoria da universidade. Duas semanas depois, Scott Murray, o famoso jogador de futebol que a violentou sexualmente, foi finalmente preso, tendo comparecido na delegacia algumas vezes antes apenas para interrogatório. No entanto, ele não ficou lá por muito tempo. 15 horas depois recebemos a notícia de que ele havia pagado a fiança e sido liberado. Apesar de ainda ter todo um processo contra ele, o acontecimento foi um baita soco no estômago. E no final das contas, ele ainda era um aluno da UCLA, como o resto de nós.

Mina puxou uma cadeira do meu lado para se sentar, apoiou o queixo em uma das mãos e começou a passar os olhos pelas milhares de abas que eu tinha abertas, fazendo uma leitura artificial de algumas. Então suspirou, desistindo.

— Eu ainda não entendi porque te deixaram ir na reunião e eu não. Nós duas temos as mesmas chances de fazer uma cena, não?

Assenti. Era verdade. E eu diria que, dependendo do rumo em que ela iria seguir, essas chances eram bem grandes.

— Acho que eles têm medo do que nós podemos causar juntas. Não se preocupe, eu vou te representar bem. — ela balançou a cabeça, feliz com a minha resposta, mas era claro que seu desejo de estar lá permanecia. — O que tá fazendo aqui essa hora? Não sabia que você frequentava a biblioteca de tarde. Ou em qualquer outro período.

Ela deu de ombros, olhando rapidamente ao redor. Eu conseguia encontrar algum tipo de conforto em todos aqueles livros empoeirados, mesmo que não tivesse a intenção de ler a maioria deles, como a April. Já a Mina exalava tédio.

— Ah, vocês andam tão preocupadas com essa reunião ultimamente que eu decidi vir estudar um pouco. Acho até que a Julie esqueceu que tem uma namorada. — disse, rindo rapidamente. — Não estou reclamando, é claro. Estamos fazendo algo bom. Só tenho medo de algumas de vocês estarem se enterrando demais nisso e esquecendo do resto. Temos provas se aproximando cada vez mais, afinal de contas.

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