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Você já teve que esperar notícias de algum parente ou amigo em estado crítico no hospital? Cada pequeno sinal de movimentação tira sua calma, os minutos passam com uma lentidão de outro mundo e tudo que você quer é ouvir as palavras. Aquelas palavras que irão te fazer suspirar de alívio, levantar com tudo e gritar: "É ISSO AÍ! NÓS VAMOS VIRAR ESSE CAMPUS DE CABEÇA PARA BAIXO".

Pelo menos, essa era a fala que eu vinha planejando há algum tempo. E sim, eu sabia que tinha capacidade de criar algo infinitamente melhor.

Ok, talvez comparar a minha espera e da Ashley com a espera em um hospital não fosse a coisa mais legal a se fazer, mas eu não conseguia pensar em muitas outras coisas que chegassem perto daquela aflição.

Ashley e eu estávamos sentadas quietas, apenas observando toda a movimentação, pois Nikki havia nos proibido de falar mais, visto que passamos uma boa hora fazendo uma senhora apresentação do nosso "projeto". Mantínhamos certa distância porque não queríamos forçar simpatia: não éramos a pessoa preferida uma da outra e já havíamos passado tempo demais juntas nos últimos dias nos preparando para a bendita reunião que levou mais de uma semana para ser confirmada. Isso porque a casa inteira estava cheia de provas e trabalhos acontecendo, eu inclusive, mas tinha minhas prioridades (talvez me arrependesse delas no futuro, com a chegada das notas).

Quando nós terminamos tudo que tínhamos a dizer, acabamos descobrindo que haviam milhares de opiniões, dúvidas e incertezas entre todas aquelas garotas, o que resultou em muita falação e ordem nenhuma. Nós tentamos responder algumas coisas aqui e ali, porém tínhamos que ser honestas: não conhecíamos muitas das respostas, estávamos dando um tiro no escuro e torcendo para que não saísse pela culatra.

Então, depois de muito vai e volta, a Julie sugeriu que todas colocassem um pouco da democracia daquela casa em prática e votassem, cada uma com seu papelzinho e sua caneta, cada uma com a sua opinião, independente de todos os receios. Depois disso, tudo que podíamos fazer era sentar e esperar, pois os nossos posicionamentos já eram bem óbvios. No máximo, pegar uma água na cozinha porque a indecisão naquele ambiente era grande.

— Só mais dois minutinhos, pessoal. Não temos a tarde inteira. – Nikki anunciou e eu tive que conter a vontade de bufar de tédio, optando por olhar a hora no meu celular ao invés disso.

Constatei que eu ainda tinha alguns bons minutos de sobra para não me atrasar para o meu compromisso seguinte. Só esperava que as garotas colaborassem comigo.

Três minutos depois – porque eu contei todos os segundos –, a votação foi oficialmente encerrada e as garotas começaram a contagem. Eu estava confiante. Depois de tudo que havíamos presenciado nas últimas semanas, era difícil acreditar que alguém iria contra o nosso plano. No entanto, eu tinha que manter em mente que estávamos dando um passo gigantesco, que significava bater de frente com uma montanha de ideias erguida durante anos e que nos trouxe até esse lugar, essa casa, a essas pessoas.

Suspirei. Aquela situação era extremamente frustrante.

— Acho que tenho tudo aqui. – Julie murmurou consigo mesma, fazendo com que Ashley e eu nos levantássemos imediatamente em expectativa. – Só tô conferindo. – murchei novamente. Se o assunto não fosse sério, eu a acusaria de fazer algo assim de propósito, já sabendo o quanto me irritaria.

Pelo menos eu não era a única ansiosa. Mina estava a ponto de ser estapeada pela namorada por não sair de cima dela, tentando ver todos os votos e fazer sua própria contagem.

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