Epílogo

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2 semanas depois...

Eu não via a minha casinha na árvore tão cheia há algum tempo. Na verdade, se meu pai não tivesse reforçado a estrutura dois dias atrás, ela definitivamente não aguentaria tantas crianças. Agora, as madeiras velhas que contavam mais história do que qualquer outro lugar naquele bairro pareciam novas e prontas para absorver mais algumas doses de emoções.

Bonitinho, né?

Apesar disso, lá no fundo eu queria chutar aquela pirralhada toda para fora do meu templo.

Thomas, Julie, Luke, Mark, April, Mina e eu formávamos uma espécie de meio círculo na grama dos meus pais, apenas observando a bagunça acontecer. A verdade é que, com exceção de April e Mina, aquele lugar era uma parte muito grande da nossa infância e estávamos passando-o para frente. Era importante que fizéssemos aquilo juntos. Posso não ser a rainha do romance, porém haviam poucas coisas mais importantes para mim do que a amizade das pessoas ao meu lado. Éramos um pouco disfuncionais, às vezes, mas havia muita história e eu estava disposta a garantir que ainda iríamos criar muitas outras delas.

Além disso, eu precisava da presença de todos ali para conhecer minha nova irmã... Temporária. Porque não, os meus pais não adotaram uma criança. No entanto, me deixaram acreditar por semanas que o plano era aquele, apesar de terem feito uma grande mudança no meio do caminho.

Ao pesquisar melhor sobre todos os processos da adoção, eles conheceram a adoção temporária e decidiram abraçar a causa. Isso significa que eles tomaram para si o cuidado de uma criança, uma vez que a família biológica não consegue oferecer um ambiente próprio para um crescimento e desenvolvimento saudável.

Abigail, de seis anos, foi recebida com todo o carinho do mundo pelas crianças da vizinhança e meus próprios amigos. Eu juro que tentei, mas, depois de um abraço desconfortável e uma conversa estranha, achei melhor poupá-la do sofrimento. Teríamos um tempo para nos entendermos melhor. Era difícil dizer quanto e isso me preocupava bastante, afinal de contas, eu sabia o quanto meus pais poderiam se apegar. No entanto, me esforcei para colocar na cabeça que eles eram os adultos ali, logo, me preocupar com aquilo não era o meu papel.

— Eu sei que eu não deveria ser mais uma pessoa ciumenta, mas... Acho que estou com ciúmes da nossa casa. - Thomas comentou e a maioria de nós assentiu, concordando.

— Se agirmos bem rápido, ainda dá para expulsar as crianças. - Luke disse, sem indício algum de que estava apenas brincando.

— Com jeitinho, acho até que todos nós cabemos lá. - Mark adicionou e ganhou alguns olhares incrédulos. - O que?! Não disse que ficaríamos confortáveis.

— Eu estou julgando muito vocês. - April disse, rindo. - Vocês tiveram a sua vez e já estão bem crescidinhos. É hora de seguir em frente.

Aquelas frases faziam sentido em tantos cenários diferentes que eu optei por só concordar silenciosamente, de repente estando muito consciente da presença de Thomas do meu lado. Tudo bem, a casa na árvore era um marco para a amizade de todos nós, mas ainda mais para a nossa. Era o nosso ponto de encontro, o lugar de uma série de começos e recomeços, e alguns fins... Era o nosso lugar.

Ele colocou uma de suas mãos no meu ombro, me segurando levemente, como se pudesse ler meus pensamentos e dissesse: eu sei.

— Sabe do que eu me lembrei agora? Assim, aleatoriamente? - Julie disse e eu quis rir, ansiosa para que ela continuasse. Havíamos combinado aquilo algumas horas antes. - Você e Luke nunca nos contaram o que tanto faziam juntos em segredo. - ela afirmou, encarando April, que provavelmente se arrependeu de ter entrado na conversa.

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