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[Teremos música nesse capítulo, galera, então já preparem a música. É Broken Glass, da Sia. Tem no youtube]

2 anos antes...

— Sai desse quarto agora. - eu ouvi minha mãe dizer enquanto arrancava bruscamente meus lençóis, dando fim de uma vez só a minha noite de sono.

— O que? - eu perguntei, mal conseguindo abrir os olhos com toda aquela claridade.

— São 10 horas da manhã e você não está na escola, Jessica! Eu sou muito compreensível, mas você não vai perder aula por causa do seu namorado. - ela disse, bufando de pé ao lado da minha cama.

— Ex-namorado, mãe! E é fácil falar, não foi você que levou um pé na bunda três dias atrás.

— Foi você quem terminou, então não me vem com esse papo não. Já levei muito pé na bunda dessa vida e não deixei nenhum deles afetar a minha educação. Vamos, levanta! Eu vou te levar para a aula agora.

— Pra que? Eu já perdi duas aulas de qualquer forma. - resmunguei, arrastando meu corpo para ficar pelo menos sentada. - Amanhã eu vo...

— Não. Você vai hoje. Te espero na garagem em 15 minutos. Acredite em mim, você não quer que eu volte para te buscar. - ela ameaçou e eu encolhi os ombros. Eu com certeza não queria. - Pelo amor de Deus, se eu for deixar você faltar na aula cada vez que briga com o Tommy, ninguém iria estudar nessa casa. - saiu resmungando.

— Nós terminamos! - eu gritei, pois ela já estava no corredor.

— Banho, Jessica, banho! - ela gritou de volta e eu corri para o banheiro.

Minha mãe não ficava brava com muita frequência, por isso eu já sabia quando era hora de parar de insistir. Mexer com a minha educação não era uma opção. Nunca. Ela tinha grandes planos para mim e, para ser honesta, eu também. Alguma dúvida sobre para quem eu puxei?

Porque eu sabia como agradar, 14 minutos depois eu estava dentro do carro, com o cinto e pronta para ir. Minha mãe me deixou na porta do colégio sem muita cerimônia, provavelmente não querendo me premiar por aquele tipo de comportamento. Porém não deixou de me dar um beijo na bochecha antes que eu saísse do carro.

Atravessei o estacionamento vazio com calma, sabendo que eu tinha alguns minutos antes do sinal para a troca de sala. Parte do motivo para a falta de pressa era também a consciência de que Thomas fazia a próxima aula comigo, eu não podia negar. Eu me arrependia com certa frequência de mexer nos nossos horários no começo do ano letivo para fazer o maior número de aulas juntos possíveis.

Havia passado os últimos dois dias pensando no que diabos eu tinha feito para ser rebaixada para o segundo lugar quando ele escolheu onde deveria estudar. Quer dizer... Nós tínhamos planos! Com apenas dez anos de idade, havíamos decidido lutar para fazer tudo juntos. Esse era o tamanho do nosso carinho um pelo outro e, quando eu insisti para ele se inscrever em várias universidades para estudar suas chances, com certeza não previ o tiro saindo pela culatra.

A verdade é que eu ainda estava com mais raiva do que triste. Tanto que queria evitar olhar na cara dele, assim eu não precisava ficar lutando contra a vontade de falar mil coisas e lembrá-lo do que costumava ser importante para nós. A tristeza profunda ainda viria e eu sabia disso porque estava quase acostumada com esse ritual doente de términos em que entramos algum dia.

Estúpido, eu sei.

Nem percebi como começou. Agora parecia impossível sair. Mas olha só, Thomas arrumou um bom jeito disso acontecer ao se mandar para a porra do outro lado do país!

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