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Jessica's POV

— Parabéns, Thomas! Você acabou de destruir o pequeno passo que demos.

Ele deu alguns passos para trás. O arrependimento por ter tido a ideia estúpida de descer até ali era claro em sua expressão, mas eu não vacilei. Por mais perdido e desolado que seu olhar se mostrasse, eu me recusava a aceitar que aquilo estava acontecendo de novo, e dessa vez ainda mais sem motivo, coisa que eu nem achava ser possível.

Eu não era sua namorada, não devia explicações sobre o que eu fazia ou deixava de fazer, especialmente quando ele estava por aí fazendo a mesma coisa. Eu não era sua propriedade para guardar e manter todo o resto do mundo – ou, no mínimo, aquela parte do sexo masculino – afastado. Nunca fui.

Eu sempre soube que aquele papo de "eu mudei" era conversa furada, mas, pela primeira vez, eu fiquei decepcionada por ver aquilo se confirmar em frente aos meus olhos. Nesse rápido segundo, eu percebi que uma pequena parte de mim gostaria que pelo menos esse pedacinho fosse verdade. Descobrir que não era doeu mais do que eu gostaria. Ser parte de uma cena daquelas mais uma vez doeu mais do que eu gostaria. Todas as lembranças ruins voltarem mais fortes do que nunca doeu mais do que eu gostaria. Porém nada superava o desapontamento comigo mesma de ainda ser afetada por coisas que ele fazia.

Não pude deixar de pensar que o efeito talvez não viesse com tanta força se eu não tivesse abaixado tanto a minha guarda nas últimas semanas. Eu me permiti deixar de provoca-lo a cada segundo, deixar de tentar machucá-lo com as minhas palavras, ter rapidamente interrompidas, mas ainda assim pequenas conversas com ele. Deus, eu me permiti flertar! Não porque eu tinha a intenção de fazer algo a mais do que isso, eu só adorava ver a cara abobalhada dele quando o fazia. Era um jogo perigoso, pois Thomas não tem nada de repulsivo em sua aparência e, se eu não fosse tão orgulhosa, correria o risco de deixar o meu corpo falar mais alto. Ainda assim, era divertido. Até ele estragar tudo. Porque é isso que Thomas Evans e Jessica Corinne fazem: fodem com tudo e todos no mais leve vacilo.

Deviam nos dar um prêmio ou algo do tipo.

Porque o meu dia não estava ruim o suficiente (alô, lavadora de carros, coisa criticada por mim mesma no meu primeiro dia nesse campus), avistei Ryan se aproximando alguns metros à frente. Espera que fica pior... Ele vinha com o Nick a tiracolo, cara que eu rejeitei há pouco tempo e parcialmente culpado pelo ataque do Thomas. Eu o daria 10% porque a culpa ainda era quase que totalmente do sem noção que agora me encarava com cara de cachorro com fome.

— Thomas, eu preciso de você lá em cima. Agora! – o nervosinho de sempre disse quando chegou perto o suficiente.

Se você está pensando que ele iria resistir, jogar motivos para ficar ali estendendo o meu sofrimento ou apenas ignorar Ryan e qualquer coisa que saia da boca dele, você se enganou. Muito ciente da merda que havia acabado de fazer, ele apenas olhou rapidamente para cada um de nós e forçou um sorriso que mais parecia lhe causar dor.

— Ok. – falou simplesmente e saiu andando, tão rápido quando havia chegado até ali.

— Viu como foi fácil, Nick?

O meu ex-peguete assentiu e sorriu educadamente para mim antes de seguir o amigo. Que na verdade não era tão seu amigo assim. Ryan ficou para trás por mais alguns segundos.

— Você! – começou enfiando aquele dedo intrometido na minha cara. – Para de mexer com a cabeça dos meus competidores!

— Cai fora, Ryan! – Julie disse, saindo de algum lugar atrás de mim. Sem muito mais o que dizer, ele obedeceu. – O que foi isso? – perguntou, tomando o lugar dele a minha frente.

VERSUSOnde histórias criam vida. Descubra agora