[Teremos musiquinha nesse capítulo sim: let it go, do James Bay. Tá aqui o link para quem já quiser deixar carregando: https://www.youtube.com/watch?v=-SWJSL8uhr8. Eu vou avisar a hora certa para dar play.]
Um ano e alguns meses antes...
Eu sou a Jessica Corinne e se tem uma coisa que Jessica Corinne sabe fazer bem é entrar no próprio colégio com o peito erguido, nem aí para o que qualquer um ali poderia pensar sobre sua vida.
Ainda assim, eu continuava sentada no banco de carona do carro do meu pai, sem coragem para mexer um músculo sequer.
Eu já havia arrumado um bom número de confusões naquela instituição, sabia que estava longe de ser a garota que todos amavam, mas uma coisa era saber que tinham pessoas do lado de dentro que ficariam mais do que felizes em me dar um bom soco, outra completamente diferente era ter certeza que havia sido o assunto principal de cada aluno dali nos últimos sete dias. A pobrezinha para alguns, a que mereceu para outros ou simplesmente a chifruda para um pessoal. Eu não queria ser nenhum daqueles. Queria ser eu mesma, algo que estava se mostrando impossível depois de ver e sentir uma parte gigantesca do meu mundo despencar sobre a minha cabeça.
— Não quer ficar em casa mais um dia, meu amor? – meu pai perguntou, preocupado, e eu rapidamente neguei, balançando a cabeça.
Já havia perdido uma semana de aula por causa do imbecil do Thomas e não perderia mais um minuto sequer. Não só por causa do meu orgulho, mas também porque faltavam poucas semanas para o fim das aulas e a minha vida poderia estar um inferno que ainda assim eu nunca permitiria que o próprio capeta entrasse no meu caminho para a UCLA, mesmo que eu ainda tivesse um ano até lá.
— Eu já tô indo. Vai ficar tudo bem. – minhas mãos foram para a trava da porta rapidamente, assim eu tinha algo para agarrar e disfarçar o tremer delas. – Obrigada por me trazer.
— Não há de quê. Qualquer coisa, me liga, ok?
Assenti e abri a porta, dando meus primeiros passos no lado de fora. Uma parte muito grande de mim gritava para que eu corresse de volta para o lado do meu pai, onde eu sabia ser seguro, mas eu me obriguei a continuar seguindo em passos lentos. Eu já havia trazido preocupação demais para os meus pais na última semana, até eles precisavam de uma folga da garota que se descobriu chorona pela perda do namorado e melhor amigo.
Ainda era cedo, então haviam poucas pessoas no estacionamento. No entanto, eram o suficiente para me incomodar. Não que as pessoas de fora pudessem ver isso, é claro. Apesar do lado de dentro fodido, a minha aparência estava melhor do que nunca. Roupas novas, cabelo escovado, maquiagem e unhas feitas e uma postura de dar inveja. Considerando que o fato de eu decidir pentear o cabelo antes de ir para escola em um dia comum já era um milagre, eu estava um arraso, de armadura vestida, pronta para enganar qualquer um que entrasse no meu caminho. Coisa que eu esperava que não acontecesse.
Com passos certeiros, eu fiz meu caminho por aquele espaço fingindo não notar as cabeças que se viravam em minha direção. Não era para mim que eles olhavam, eu queria acreditar. Nunca na minha vida eu havia me importado em chamar atenção, de maneira boa ou ruim, e lá estava agora, querendo enterrar minha cabeça naquele asfalto.
Havia acabado de entrar no bloco da minha primeira aula – o que poderia significar algo ruim pois lugar menor = sufoco maior, mas também significava que eu estava mais perto da minha sala, onde poderia me esconder em um lugar e ficar quieta por um tempinho – quando fui parada por um grande jogador de futebol afobado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
VERSUS
General FictionJessica Corinne nunca soube lidar bem com suas emoções. Por isso, quando ela e seu melhor amigo decidiram ter um relacionamento sério, todos pensaram que ele sairia como o machucado da história. Não foi bem o que aconteceu. Agora, ela quer vingança...