Capítulo 8 - Para Sempre

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1997

As aulas não estavam sendo menos assustadoras do que meus pesadelos. Aquelas que ainda mantinham os antigos professores eram ministradas sob uma atmosfera de medo. Já Estudo dos Trouxas virou disciplina obrigatória e campanha anti-trouxa.

Era a aula inteira ouvindo a Aleto Carrow depreciando e lembrando o quanto eles massacraram os bruxos durante séculos. Segundo ela essa ordem estava prestes a mudar e os trouxas iriam sofrer por tudo o que fizeram os bruxos passar. Eu temi por Wesley.

Mas de longe a pior disciplina estava sendo Defesa Contra as Artes das Trevas, que havia se tornado apenas Artes das Trevas. Éramos obrigados por Amico Carrow a praticar a maldição cruciatus como castigo em outros alunos.

- Grita - sussurrei para um menino que eu precisava azarar.

- O que?

- Finge que está com muita dor - falei entre dentes.

Apontei a varinha para ele e movi os lábios como se falasse o feitiço, o garoto da Corvinal fez exatamente o que eu pedi. Ao longe vi o irmão Carrow com um sorriso no rosto. Aparentemente eu o convencera que estava azarando meu colega.

Mas esse sofrimento todo não conseguia afastar uma coisa dos meus pensamentos, a preocupação sobre o paradeiro de Jimmy. Eu tinha certeza que mamãe havia passado meu pedido a papai, mas pela demora em receber notícias imaginei não estar sendo fácil sair em busca de alguém sem se arriscar.

Estávamos quase no final de Outubro quando minha espera chegou ao fim. A professora McGonagall me buscou no salão comunal da Grifinória para avisar que papai e Tonks estavam na sala dela me esperando.

Estranhei os dois estarem lá e fiquei com medo, mas enquanto seguia Minerva imaginei que não era seguro para ninguém sair sozinho à noite e por isso Tonks viera. Quando pensei nisso me senti uma tola por pensar qualquer outra coisa. Mas porque ela? Estava grávida. Não deveria se arriscar. Senti-me mal por tê-los trazido até o castelo naquela viagem e me culparia eternamente se algo acontecesse a qualquer um dos dois, ou melhor, dos três.

- Pai! - corri para abraçá-lo e depois abracei Tonks.

- Vou deixar vocês à vontade para conversarem - anunciou a professora McGonagall.

- Obrigado Minerva - agradeceu papai antes que ela saísse e fechasse a porta da sua sala nos deixando sozinhos.

Eu olhei para o rosto de papai e tive vontade de chorar. Estava tudo tão difícil e mudado ali em Hogwarts que minha vontade era esquecer a promessa de ajudar que eu havia feito à Ginny e ir embora com eles.

- Filha - papai segurou minhas mãos. Ele parecia muito triste e só então reparei a expressão de dor que ele e Tonks traziam no olhar.

- Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem com o bebê? - talvez o motivo para estarem os dois ali fosse algo errado com ela.

- Está tudo bem conosco Lana - Dora acariciou a própria barriga.

- Então... Porque vocês estão com essas caras?

Papai suspirou - não tem um jeito fácil de contar isso para você.

Olhei de papai para Tonks sentindo um aperto no coração.

- Filha, sinto muito em te contar isso, mas Jimmy e os pais foram mortos por uma Comensal da Morte - revelou papai.

- NÃO! - os dois sumiram da minha visão quando as lágrimas tamparam tudo. - DIZ QUE É MENTIRA PAI! VOCÊ FOI LÁ E ENCONTROU A CASA VAZIA NÃO É? E DEDUZIU ISSO...

- Eu jamais falaria algo tão sério sem ter certeza.

- NÃO...

Minhas pernas dobraram e eu soltei meu corpo no chão. Livrei-me das mãos de papai e tudo o que eu consegui fazer foi gritar. Senti que ele chegou perto de mim e tentou me abraçar, mas eu me debatia enquanto gritava e chorava. A sensação era como se meu coração fosse ser esmagado por uma mão invisível. Meus punhos começaram a doer de tanto que eu socava o chão de pedra da sala da professora McGonagall.

Papai usou um pouco mais de força e sentado atrás de mim me prendeu entre seus braços impedindo que eu machucasse ainda mais. Aos poucos fui parando de me debater e cedi amparada por ele com o rosto completamente molhado ainda gritando e soluçando.

Não sei quanto tempo se passou, mas quando consegui me acalmar um pouco, sussurrei uma pergunta - como?

- Cynthia foi até a casa deles, tentar convencer Susan a se juntar aos comensais. Enquanto elas discutiam Henry veio defender a esposa e foi morto antes que conseguisse se aproximar dela. Vendo o pai morto, Jimmy saiu em defesa da mãe. Houve alguns minutos de discussão e os três começaram a duelar. Quando um feitiço de morte atingiu o filho, Susan foi tomada pela ira e Cynthia quase foi morta, mas sendo uma Comensal preparada para batalha conseguiu derrotar a adversária.

Eu ainda chorava no colo de papai ouvindo tudo. Desejando com todas as forças que eu estivesse lá com eles para poder ajudá-los a se defender, ou quem sabe morrer junto.

- Ninguém me contou essa história filha, infelizmente eu vi...

Olhei para papai intrigada.

- Henry havia instalado um sistema de câmeras em volta da casa e filmou tudo. Rosemarie me deixou ver as imagens quando a encontrei na quarta visita que fiz a casa.

Eu me lembrava da tia Rose. Estive com ela logo depois do Natal no ano anterior quando passei uma tarde na casa de Jimmy. Mesmo com toda aquela informação eu ainda não queria acreditar.

- Pai... - me afundei novamente nas vestes dele e percebi Tonks se agachar perto de nós.

Sentia-me morta por dentro. Toda a esperança de um futuro alegre que eu tive um dia foi arrancada de mim. Não importava mais o resultado daquela guerra, eu nunca seria feliz de novo. Não completamente.

- Filha, você quer ir embora para casa com a gente?

Tinha sentido aquela vontade assim que vi os dois ali, mas de repente meu desejo mudou.

- Não! - levantei o rosto. - Eu vou ficar.

- Tem certeza?

- Absoluta - esfreguei o rosto para limpar as lágrimas. O desejo de me vingar daquela mulher que havia me tirado uma das pessoas mais importantes da minha vida, e estragar os planos de Voldemort da maneira que pudesse, cresceu dentro de mim como as raízes de uma árvore entranhando pelo solo.

- Se mudar de ideia é só me chamar a qualquer hora que darei um jeito para tirar você daqui.

- Não vou mudar - levantei ferida, porém determinada.

Papai ficou de pé e me abraçou firme enquanto Tonks acariciava meus cabelos. Mas nem todo aquele carinho foi suficiente para tirar de mim a dor que eu estava sentindo. Iria doer para sempre.

***
Bom pessoal, estou tão triste quanto vocês, mas minha intenção aqui é contar o que realmente aconteceu, não inventar histórias. Espero que vocês não estejam querendo me matar depois dessa fanfic, bom se estão espero sinceramente que não o façam. Lembrem-se: aqueles que amamos nunca nos deixam de verdade e as coisas sempre voltam para nós, mas nem sempre da maneira que esperamos. Muitas surpresas estão por vir e eu prometo que vocês ainda verão o Jimmy por aqui. Espero vocês no próximo capítulo.

Livro 5 - O Último InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora